𝐒𝐋𝐎𝐖 𝐃𝐎𝐖𝐍 ; suna rintarou

0.5

   Você e Suna estavam em silêncio na sala de espera do hospital, ele parecia pensativo enquanto mexia nos anéis metálicos que se encontravam em seus dedos longos, você levou os olhos pelo restante da extensão de seu corpo, bufou, você talvez até sentisse um pouco de inveja do estilo para roupas que aquele homem possuía. Trajava a mesma camisa de gola alta preta, calças sociais negras como a noite que talvez até refletissem ao sol e um sobretudo de um preto meio fosco, quase ao tom de cinza, os fios acastanhados escuros estavam levemente bagunçados como sempre, você assistiu de modo discreto ele levar os dedos em direção ao próprio cabelo o colocando para trás, as unhas vermelhas estavam começando a desbotar, você desviou o olhar voltando a encarar o celular em suas mãos.

   Sorriu, uma mensagem de Hinata.

   Hinata
   [como estão as coisas aí?]

   Você suspirou antes de começar a digitar sem muita pressa.

    Você
    [tudo bem por enquanto, e por aí? conseguiu pagar a escola da sua irmã?]

   Você perguntou antes de prensar os lábios de maneira preocupada, sabia que Hinata não estava com muitas condições no momento, bem, ele não está em condições desde os dezesseis anos quando seus pais morreram em um acidente de carro, ele tenta se virar desde então para cuidar da irmã mais nova, mas nunca é fácil arrumar trabalhos bons sem o ensino médio completo. A resposta chegou rapidamente.

   Hinata
   [consegui sim!!!!! ela estava tão animada com o clube de vôlei que eu não poderia deixar de pagar]

   [bem, estou voltando agora, S/N, o chefe do café nos dá apenas quinze minutos de intervalo, daqui a pouco vou embora buscar a Natsu na escola, deixo ela em casa e vou direto para o clube, talvez eu não responda mais hoje]

   Você suspirou com pena sem saber muito o que fazer, já havia oferecido ajuda ao garoto ruivo diversas vezes mas ele sempre negava sem pensar duas vezes, começou a digitar.

   Você
   [está bem, bom trabalho, não esqueça de se alimentar direito você anda muito magro]

   Disse por fim e desligou a tela do celular logo em seguida o guardando no bolso do sobretudo de Suna, ele arqueou as sobrancelhas antes de levar os olhos dourados em sua direção, franziu o cenho.

   — Eu virei sua bolsa por acaso? Essa já é a quinta coisa que você guarda nos meus bolsos — ele disse de maneira cansada enquanto abria o bolso o encarando ali como se o examinasse, bufou —, você já guardou chicletes, chaves, protetor labial, um panfleto da recepção do hospital e seu celular. Por que diabos você precisava de um panfleto?

   Você revirou os olhos de maneira irritada enquanto cruzava os braços sem muita vontade de conversar, virou o rosto na direção do homem o encarando ali com cara de poucos amigos.

   — Eu peguei o panfleto para me distrair quando quiser socar a sua cara — você disse de modo sarcástico o vendo revirar os olhos dourados, você suspirou enquanto desviava o olhar recostando a cabeça contra a parede de gesso do hospital —, eu esqueci minha bolsa e minha calça não tem bolsos, guarde para mim até voltarmos por favor.

   Ele apenas concordou com a cabeça sem dizer mais nada, ficaram em silêncio por alguns minutos até que finalmente a porta do consultório se abriu, Kenma saiu de lá, estava sem o PSP em mãos, seus olhos pareciam inchados e a pontinha do nariz estava avermelhada, quase como se houvesse chorado, ele suspirou e enfiou as duas mãos nos bolsos do moletom, você e Suna se levantaram rapidamente, ele tinha um cachecol estendido em seu braço esquerdo, andou até o garoto de cabelos loiros enrolando o cachecol avermelhado ao redor de seu pescoço, ele bufou.

   — Como foi?

   Suna perguntou quase que de modo ansioso e Kenma suapirou antes de dar de ombros.

   — O tratamento está fazendo efeito, mas o médico disse que não encontraram nenhum doador para o transplante de medula ainda.

   Ele disse com a voz baixa as palavras que ele disse correndo por sua mente "transplante de medula" ele estava tão mal ao ponto de precisar de um transplante? Estava curiosa mas não perguntaria, aquele não parecia um bom momento para perguntar sobre o que estava acontecendo. Suna suspirou antes de assentir pousando as mãos nos ombros do garoto o forçando a começar a andar pelos corredores do hospital, você apenas os seguiu em silêncio.

   — Quer parar e comer em algum lugar? Podemos ir naquele Cyber Café que você ama, o que tem fliperamas.

   Ele disse de modo esperançoso, Kenma negou com a cabeça enquanto retirava o PSP do bolso de seu moletom.

   — Estou enjoado não quero comer, me leve para casa.

   Suna suspirou antes de levar a mão livre em direção aos fios acastanhados os bagunçando de maneira frustrada.

   — Mas antes eu preciso buscar algo que o Kuroo pe...

   — Eu mandei você me levar para casa, você não escutou?

   Ele disse parando de andar de uma vez levando os olhos cor de mel em sua direção, completamente sérios enquanto encarava o homem, arqueou as sobrancelhas, Suna engoliu em seco antes de concordar com a cabeça dando um passo para trás, você arregalou os olhos suavemente lhes encarando ali.

   — Sim senhor.

   O homem de olhos dourados murmurou com a voz baixa vendo Kenma assentir antes de retomar seu caminho para fora do hospital, vocês o seguiram em silêncio e não demorou muito para que estivessem no estacionamento, Suna retirou a chave do bolso destravando o carro avermelhado e cumprido, Kenma entrou na parte do trás sem falar nada, você suspirou se recostando contra a fuselagem do carro, estendeu a mão para Suna que se aproximou de você um sorriso de canto em seus lábios.

   — O que você quer?

   — Meu celular.

   Você murmurou e ele se aproximou mais até que seus peitorais se roçassem com cuidado, sua respiração era quente, ele apoiou os dois braços contra o carro te deixando presa no meio deles, abaixou os olhos dourados em sua direção, você engoliu em seco sentindo o cheiro de menta, ele sorriu retirando um dos braços levando as pontas dos dedos em direção ao seu pescoço roçando ali devagar fazendo com que você sentisse seu corpo se arrepiar suavemente, correu as pontas dos dedos por toda a extensão de seu braço agarrando seu pulso enfiando a sua mão no bolso do sobretudo quase que de maneira bruta lhe puxando para mais perto fazendo com que você chocasse seu corpo contra o dele, ele riu baixo lhe encarando ali, encolheu os ombros.

   — Pegue você, eu não sou seu empregado, Slut-chan.

   Ele disse em um sussurro abaixando os lábios em direção ao seu ouvido soprando ali devagar fazendo com que você se encolhesse suavemente, pegou o celular rapidamente antes de se afastar o mais rápido que pode, ele sorriu dando a volta no carro e entrando na porta do motorista, você engoliu em seco sentindo o coração batendo acelerado contra o próprio peito, sentia que suas bochechas estavam queimando, entrou na porta da frente se sentando no assento em silêncio enquanto colocava o cinto.

   Conseguia notar um sorriso de canto nos lábios de Suna no caminho inteiro para a mansão.