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   Mesmo que Kenma desejasse com todas as suas forças ir para a praia, aquilo não aconteceria, pelo menos não naquela semana.

Eram pelo menos quatro horas da manhã o momento em que você segurava a bacia pequena de água em suas mãos completamente trêmulas, Suna passava as mãos em suas costas como se tentasse fazer com que você respirasse, as palavras simplesmente não saíam de seus lábios.

— Ei.

Ele chamou com a voz baixa retirando a bacia de suas mãos com cuidado a deixando sobre a pia, não sabia por qual motivo estava tão nervosa, talvez pelo fato que Yaku havia praticamente lhe expulsado do quarto quando Kenma começou a vomitar pedindo para que você buscasse uma bacia de água gelada e um paninho para tentar abaixar sua febre. Você levantou os olhos assustados em direção ao homem que tinha uma feição aflita em seu rosto.

— Vai... vai ficar tudo bem com ele, não vai? 

Você perguntou sentindo seu corpo tremer desde as pontas de seus dedos até o seu último fio de cabelo, Suna suspirou pesadamente puxando você para mais perto abraçando seu corpo com força fazendo você pousar o rosto contra seu peitoral enquanto acariciava seus cabelos com cuidado, deixou um beijo forte contra o topo de sua cabeça ficando daquele modo por alguns segundos.

— Vai ficar tudo bem, princesa, não se preocupe com isso — ele sussurrou lhe apertando mais forte, você sentiu o choro entalado em sua garganta —, o médico sempre deixou bem claro desde o começo que a quimioterapia causava essas reações no corpo dos pacientes, Yaku é enfermeiro, ele sabe o que está fazendo.

— Está bem... vamos voltar.

Você disse fungando baixinho enquanto afastava o seu corpo do dele, respirou fundo voltando a segurar a bacia em suas mãos, deixou a cozinha seguida por Suna que andava em silêncio atrás de você como se quisesse ter certeza que você simplesmente não cairia no chão de estresse. Subiu as escadas devagar para não derrubar água adentrando no quarto de Kenma com cuidado o vendo deitado na cama coberto até o pescoço, tinha a respiração pesada, Yaku preparava um tripé com uma bolsa de soro fisiológico e remédio para abaixar a febre, encaixou a mangueira fina no mesmo conectada na agulha fina.

— Me dê seu braço, senhor Kozume. 

Ele pediu com a voz suave e o homem de cabelos loiros apenas obedeceu de maneira preguiçosa colocando o braço para fora do cobertor, Yaku furou sua pele com cuidado encaixando a agulha em sua pele antes de a cobrir com um algodão de um esparadrapo, suspirou aliviado levando os olhos castanhos em sua direção.

— Eu sei que você está preocupada, mas está tudo bem, ele vai estar melhor de manhã, acho que ele vai ficar mais a vontade se você ficar aqui, então eu vou para o meu quarto, qualquer coisa me chamem.

Ele murmurou batendo as mãos uma na outra antes de deixar o quarto por fim arrastando Suna junto consigo deixando apenas você e Kenma, você suspirou deixando a bacia sobre a cômoda já que provavelmente não seria mais usada uma vez que ele estava tomando medicação, subiu sobre a cama com cuidado se deitando ao seu lado se infiltrando por baixo das cobertas, Kenma tinha a respiração pesada, virou o rosto em sua direção abrindo os olhos cor de mel devagar lhe encarando ali, você abriu um sorriso curto.

— Oi gatinho, como você está?

Ele riu de uma maneira tão fraca que você achou que poderia ter sido um som vindo da sua própria mente.

— Com frio.

— Sinto muito por isso.

— Eu posso te pedir um favor? 

Ele pediu com a voz baixa, você assentiu.

— Claro, qualquer coisa.

— Me deixe falar com o Kuroo, não sei onde está meu celular.

Kenma balbuciou em um suspiro baixo e você concordou com a cabeça retirando seu celular do bolso do moletom de Suna que você vestia procurando o contato de Kuroo o chamando rapidamente deixando a ligação no viva voz segurando o celular próximo aos lábios do homem de cabelos loiros. Uma. Duas. Três chamas e alguém atendou a ligação por fim, conseguiam ouvir alguns barulhos no fundo, a voz de Kuroo estava longe do celelular enquanto parecia discutir com alguém.

Oi, está tudo bem aí?

Sua voz se fez presente por fim e você conseguiu ver um sorriso fraco se formar nos lábios do homem deitado ao seu lado quase que de imediato.

— É o Kenma.

Ah! Oi, amor, você não deveria estar dormindo, agora? Ainda é de madrugada, não?

— Não estou conseguindo dormir.

Kenma murmurou com a voz baixa, tossiu, Kuroo ficou em silêncio por alguns segundos.

Está tudo bem?

— Sim, eu só estou com um pouco de febre, o médico disse que isso iria acontecer de qualquer jeito.

Oh.

— Sim.

Kuroo ficou em silêncio por alguns segundos como se estivesse vendo alguma coisa, conseguia escutar um som de papéis sendo folheados do outro lado, Kenma franziu o cenho.

— Você está ocupado agora? Eu posso ligar outra hora, eu não me...

Não, não, não — Kuroo disse o cortando rapidamente, você sorriu desviando o olhar tentando ao máximo não invadir o espaço pessoal de Kenma —, eu nunca estou ocupado para você, pequeno, você sabe disso.

Ele disse com a voz baixa e Kenma soltou um riso fraco.

— Já disse que não gosto quando você me chama assim.

Ah, vamos lá, eu não estou dizendo uma mentira, estou? 

— Kuroo.

Sim?

— Estou com saudades.

Kenma murmurou com a voz baixa, Kuroo respirou fundo, por uma fração de segundos você pensou ter o escutado fungar baixinho como se tentasse segurar um choro que estava entalado a sua garganta.

Eu também estou com saudades, fique bem logo e volte para casa, está bem? Porquê... está muito difícil ficar longe de casa no momento.

— Você não está em casa?

Não, minha casa está em Paris agora, com febre pelo jeito.

— Oh.

Sim.

Ele disse e Kenma soltou um riso fraco, encolheu os ombros.

— Eu acho que vou tentar dormir um pouco, o tal Yaku deve ter colocado algum calmante no meu soro, estou ficando com sono.

Está bem, amor, durma bem, eu amo você, muito.

— Eu também amo você — ele sussurrou levou o olhar cansado até você —, pode desligar.

Ele disse e você apenas concordou desligando a ligação voltando a se deitar de maneira confortável na cama, soltou um riso baixo.

— Pequeno, então? 

— Por, deus, cale a boca antes que eu te afogue nesse soro.

Ele disse rindo fraco antes de fechar os olhos com cuidado, você sorriu fraco.

Ficaria tudo bem, Kenma ficaria bem.

𝐒𝐋𝐎𝐖 𝐃𝐎𝐖𝐍 ; suna rintarouOnde histórias criam vida. Descubra agora