𝐒𝐋𝐎𝐖 𝐃𝐎𝐖𝐍 ; suna rintarou

4.5

Já estava escurecendo quando vocês decidiram por fim deixar a casa por ao menos alguns minutos, Kenma havia permitido que vocês escolhessem um lugar para ir, a quantidade de seguranças que os seguiam a distância era simplesmente imensurável, mesmo que você soubesse que eles estavam ali principalmente pelo homem de cabelos loiros que andava silenciosamente ao seu lado mas mesmo assim nunca havia se sentindo tão protegida. Suna estava por trás de vocês juntamente com os outros guarda costas e Kyoko, cada um deles vestia um terno preto e óculos escuros, possuíam escutas em seus ouvidos para caso precisassem se separar.

   — Não sei se foi uma boa ideia vir em uma galeria de artes com um milhão de guardas por trás de nós.

   Você sussurrou para Kenma que enlaçava o braço ao seu antes de revirar os olhos apressando o passo, olhou para trás vendo os guardas apertarem o passo de modo igual, ele riu.

   — Parecem um bando de filhotes de pato — ele balbuciou, você soltou um riso fraco antes de assentir, Kenma suspirou — e não seja tão exagerada, são apenas cinco guardas contando com Suna e Kyoko.

Ele disse de forma entediada, você encolheu os ombros.

— Mesmo assim é estranho, digo, ninguém vem em uma galeria juntamente com o elenco dos homens de preto.

Kenma riu soprado enquanto enlaçava mais forte o braço contra o seu, olhou para trás, você seguiu seu olhar, ele tensionou as pernas contra o chão, você sentiu o ar sumir de seus pulmões quando entendeu o que ele estava planejando.

   — Está bem, então... agora!

   Ele disse enquanto agarrava seu braço mais forte correndo — ou ao menos tentando — para longe dos guardas, você riu alto o seguindo em passos rápidos escutando os sons agitados dos passos dos seguranças atrás de si, quando viraram o corredor fugindo da vista deles Kenma arrastou você para dentro da sala de teatro da galeria quase que de modo desesperado a fechando em silêncio, você segurava o riso ofegante enquanto se encostava contra a enorme porta de metal, o homem de cabelos loiros tinha suas mãos apoiadas nos joelhos como se tentasse recuperar a própria respiração, como se o ar houvesse ficado para trás junto aos seus passos apressados.

   Seu celular tocou no bolso do moletom de Suna que você vestia, o pegou vendo o nome de seu namorado, Kenma levantou o olhar em sua direção, assentiu devagar, você sorriu atendendo a ligação rapidamente.

   — Oi, Rinrin.

    Você disse com a voz suave, conseguiu escutar Suna se engasgar com o próprio ar do outro lado da linha, soltou um riso baixo.

   — Oi, princesa — ele disse, ficou em silêncio por alguns segundos antes de bufar —, pare de tentar me distrair sua maldita, não comece com Rinrin, onde você e Kenma estão?

   — Nós apenas queríamos ficar sozinhos um pouco, vamos dar só uma volta e já voltamos está bem?

   Você murmurou, Suna bufou do outro lado.

   — Ma chérie, eu até queria, mas eu não posso deixar você e Kenma sozinhos, você entende que é peri...

   Kenma arrancou o celular de sua mão antes que Suna pudesse terminar de falar, você piscou atordoada.

   — Eu te dou um dia de folga e as chaves do apartamento do Kuroo se você enrolar eles — ele disse de modo sério, ficou em silêncio por alguns segundos como se estivesse escutando a resposta de Suna, suspirou pesadamente —, você pode levar ela, okay... sim você pode usar a jacuzzi, Suna, céus o apartamento vai ser seu por um dia inteiro faça o que quiser, temos um acordo? Certo... certo, está bem, até daqui a pouco.

Ele disse por fim enquanto encerrava a ligação estendendo o celular em sua direção, você riu de maneira confusa o segurando entre seus dedos enquanto o guardava novamente nos bolsos do moletom preto de Suna, encolheu os ombros.

— O que foi isso?

— Suborno.

— Você subornou o Suna com o apartamento do seu noivo?

Você indagou rindo, Kenma revirou os olhos, deu de ombros.

— Eu inclui você no pacote do suborno.

Você arregalou os olhos.

— O que?! Você é algum tipo de cafajeste para me vender sem a minha autorização?

— Ah, pare de ser dramática, você vai gostar, o apartamento do Kuroo em Paris já foi usado por outros casais, eles gostam por algum motivo.

— Você já usou?

Indagou curiosa, conseguiu ver as bochechas de Kenma se avermelharem pouco a pouco, ele coçou a garganta em uma tosse baixa, desviou o olhar.

— Seria estranho se eu não tivesse usado, ele é meu noivo no fim das contas.

Ele murmurou com a voz baixa, você riu antes de assentir, voltou a enlaçar o seu braço com o de Kenma o arrastando para fora do teatro em silêncio.

— Quer ver as esculturas?

Indagou em um sussurro e ele apenas assentiu enquanto vocês apertavam o passo pelos corredores desnecessariamente enormes, você sentia como se estivesse dentro de um enorme labirinto. Andaram até as portas amadeiradas e gigantes que davam para a seção de esculturas, adentrou na sala juntamente com Kenma olhando ao redor, ele respirou fundo, você levou os olhos em sua direção, ele tinha um sorriso curto entre seus lábios.

   — Depois que eu receber alta eu vou me casar, conversei sobre isso com o Kuroo no telefone ontem a noite, você pode... ser a madrinha se quiser.

   Ele murmurou com a voz baixa enquanto tocava em alguma cerâmica com as pontas dos dedos, quase como se tivesse medo que pudesse quebrá-la com o mais simples dos toques, você respirou fundo sentindo seu estômago se embrulhar por completo, assentiu rapidamente.

   — Claro que eu quero, mas qual vai ser o sabor do bolo?

   — Por que diabos você está preocupada com o sabor do bolo?

   — Eu não confio no seu gosto para comida, Kozume.

   — Eu vou pedir um bolo de anchovas para você sua maldita.

   Ele chiou, você revirou os olhos com um sorriso em lábios, continuaram a andar pela sala de esculturas, seus olhos pararam sobre um enorme quadro de escritas em francês, piscou devagar.

   — Estão procurando um palestrante para estágio em artes visuais, depois da formação vão oferecer a vaga em definitivo.

   Você disse enquanto lia as instruções do quadro, Kenma andou até você, encarou o quadro como se conseguisse entender o que estava escrito, encolheu os ombros.

   — Você já está quase formada, certo? Por que não se inscreve?

   — Porque eu teria que morar aqui e dificilmente iriam me aceitar, ser palestrante em galeria deve pagar muito bem, eu sempre quis trabalhar com isso para ser sincera.

   Você murmurou, Kenma riu enquanto enfiava à mão em seu bolso retirando seu celular de lá o estendendo em sua direção.

   — Então mande as fotos de seu trabalho e se inscreva.