Quatorze

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"Nunca escrevi, sou apenas um tradutor de silêncios.
A vida tatuou-me nos olhos janelas
em que me transcrevo e apago.
Sou um soldado que se apaixonar...
Pelo inimigo que vai matar."

Nathan Legrand

sexta-feira

O pessoal ainda estava animado quando resolvi sair da escola, o assunto variava entre o jogo e a festa que rolaria mais tarde.

— Você vai? – Jackson perguntou antes que eu colocasse o capacete, e estava se referindo a festa. – Diz que sim cara... Precisamos comemorar e encher a cara.

— Claro – respondi e ele sorriu animado.

— As garotas da outra escola vão estar lá... Noite de aproveitar, te encontro lá! – Fez o toque em minha mão antes de sair andando.

Olhei ele ir em direção ao pessoal do time, e as chearleders que estavam olhando em minha direção e falando entre elas. Respirei fundo, tentando ignorar tudo aquilo e focar na parte boa do dia.

Ele estava certo, era uma dia que eu podia aproveitar.

Pela primeira vez em meses eu me sentia feliz com alguma coisa. Fiz certo em seguir o conselho que recebi... Candace estava certa, eu não podia fazer tudo que meu pai mandava, não podia acatar todas suas vontades sem relutar pelo que eu realmente queria.

Que dizer... Eu ouvi todo seu conselho, mas não segui ele corretamente, já que meu pai não faz nem ideia que eu joguei hoje. E não estava afim de vê-lo quando descobrir.

O vento batia contra meu corpo, apesar da tarde ainda estar ensolarada já podia dizer que a noite seria gelada, e eu começava a sentir falta do verão escaldante e poder aproveitá-lo nadando.

Dirigi o mais rápido que pude entre as ruas, eu amo essa sensação, uma sensação de liberdade, sem contar a adrenalina que parecia percorrer meu corpo toda vez que subo na moto.

Entrei pela porta lateral torcendo para que meu pai não estivesse em casa, minha tarde havia sido divertida o bastante pra eu estar me sentindo bem, e cruzar seu caminho com certeza destruiria isso.

Assim que pisei na sala ouvi a porta de entrada ser aberta, era minha madrasta, carregava inúmeras sacolas.

— Deixa que eu te ajudo. – Falei rápido indo até ela pegando as sacolas da sua mão. – Quer que eu deixe isso no seu quarto?

— Ah obrigada. Pode ser no quarto da bebê. – Sorriu – Você estava jogando?

Engoli seco e não respondi.

— Pode deixar tudo no chão do quarto, depois eu vou separar pra mandar lavar. – falou simpática, o que era estranho – Não vou falar nada para o seu pai... Não quero ele estressado.

Assenti para a mesma e segui em direção ao corredor.

Kelli era secretária do meu pai a três anos, inclusive parecia ser melhor amiga da outra mulher dele... Magda. Na época, assim como hoje, não me importava com nada que meu pai fazia, então não sei o rolo que aconteceu entre os três.
Sei Magda desapareceu e que agora ele é casado e vai ter um filho com a Kelli.

Abri a porta do quarto com cuidado, eu ainda não tinha visto como tudo estava ficando.

As paredes rosa claro com alguns quadros delicados, quem sabe eu poderia dar um dos meus desenhos e... Deixa pra lá, Kelli provavelmente não vai gostar.

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