Quarenta e cinco

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"Como é difícil a gente se entregar
a alguém depois que o trauma
dormiu na nossa cama, abraçou nosso amor, feriu nossa confiança.
Como é difícil distinguir a entrega de uma queda brusca, como é
difícil se abrir pra vida e seus caminhos.
Como é difícil superar."

ps. leiam o que eu escrevi no final do capítulo

Candace Beaumont

quinta-feira, 19h57

— Seu pai falou alguma coisa?

— Não – Nathan murmurou.

— Nem sobre a faculdade? – perguntei.

— Não... – suspirou – Ainda não.

Me sentia tensa, aquele "eu amo você" me deixou levemente assustada.
Aquilo foi inesperado pra mim... E eu não havia descobrido como lidar, muito menos havia criado forças o suficiente para falar o mesmo. As vezes não conseguia nem acreditar que ele sentia isso por mim. Era tudo surreal.

E como nenhum de nós tocava no assunto, eu não tinha ideia de como ele estava se sentindo, me sentia levemente pressionada apesar que, não posso negar que parte de mim sentia alívio por ele não ter falado nada.

— Aconteceu alguma coisa?

— Por que?

— Você está quieto. – sussurrei.

— Estamos assistindo filme, Cherry... Estou tentando prestar atenção na televisão, tagarela – riu de leve enchendo a boca de pipoca logo depois.

Estávamos no meu quarto assistindo um filme de comédia, Cereja estava deitado no colo dele recebendo carinho, como sempre.

Passou três semanas desde a formatura, a noite foi tão incrível que eu gostava de ficar repassando todos os momentos em minha cabeça. E era inútil falar que eu não sentiria falta de tudo aquilo. Dos meus colegas, de animar...

— Alice está aprendendo a gatinhar – ele sorriu todo bobo.

— Ela deve estar enorme – sorri.

— Está sim, e depois que Kimberlly se mudou eu tenho passado mais tempo com ela. É incrível quando ela abre os bracinhos pra vir no meu colo.

Tenho certeza de que meus olhos brilharam ao ouví-lo falar daquela maneira.

— Você precisa ir lá em casa um dia que ela estiver.

— Sua madrasta não fica muito em casa?

— Não... As coisas continuam daquele jeito. Nem ela, nem meu pai ficam em casa por muito tempo. Pareceu que estão cuidando de três empresas e milhares de funcionários ao mesmo tempo. Ainda não sei o que está acontecendo...

— Eu não faço a mínima ideia – dei os ombros.

Cereja se espreguiçou no colo dele, pulando para o chão em seguida.

— Você é chato – Bufei quando o mesmo começou a arranhar a porta, querendo sair.

Provavelmente pra usar a caixa de areia.

— Melhor abrir a porta antes que ele use seu tapete branco como banheiro. – Nathan falou sério soltando uma gargalhada em seguida.

Ri com ele dando um tapa em seu ombro e levantando em seguida.

— Até que em fim a sós. – sussurou quando sentei ao seu lado novamente.

Deitei sobre a cama ficando de frente pra ele, que se aproximou deixando nossos corpos mais próximos.

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