Trinta e quatro

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"O oceano em que
mergulho de cabeça
quando não posso
mais respirar
na realidade."

Candace Beaumont

domingo, 14h47

— Ele falou que gosta de mim!

— E?

— Amber, acorda! – murmurei irritada – Ele falou com todas as letras... Puta merda! Ele gosta de mim.

A afobação em minhas palavras era audível a quilômetros. Apesar de ainda não ter processado as palavras completamente, elas estavam me deixando nauseada desde a hora que foram ditas. Minha cabeça parecia pesada, e ao menos uma vez a cada minuto eu as repetia em pensamento. As vezes deixava até um sorriso bobo escapar. Que situação!

Estávamos sentadas em minha cama, conversando enquanto eu comia algumas besteiras, já que ela estava com uma ressaca tensa.

— Isso é ótimo – ela sorriu e eu bufei – Qual é o problema?

— Todos.

— Você não gosta dele?

— Não é isso... – Suspirei – eu gosto. Eu acho que gosto.

— Acha?

— É eu... – Amber não deixou a frase ser finalizada.

— Por céus Candy! Nunca vi você assim. Nunca vi você ficar tantas vezes com uma única pessoa, nunca vi você se importar tanto com alguém. Para de tentar negar o sentimento a você mesma. Assume que gosta dele.

Sua fala demonstrou o quão irritada ela estava o que eu não entendi nenhum pouco.

— Por que está brava comigo?

— Não estou... É que você fica tentando negar que gosta dele e bem... Isso não muda em nada teus sentimentos. Então para Candace, só para. Fingir que não gosta dele não vai fazer o sentimento desaparecer e você sabe.

Respirei fundo fechando os olhos com força por alguns segundos, tentando pensar. Tentando...

Abri os olhos logo depois, me deparando com minha amiga me encarando.

— É complicado Amber.

— Em nenhum momento falei que não era complicado – me encarou – Estou dizendo apenas que você não precisa negar ou querer esconder o que sente... Por que não vai adiantar.

— Eu admito que gosto dele, mas o que eu faço com a parte de ser complicado?

— Você quer dizer o que com isso? O que é complicado? A escola? Achei que tivesse superado essa parte...

— A escola não tem nada  a ver com isso, o pessoal da escola não me importa, não tem relevância nenhuma o que eles pensam sobre mim ou sobre nós, mas... o pai dele.

— Ah sim... – Suspirou fundo me encarando.

— Então... Não sei o que vamos fazer, se ele vai enfrentar o pai dele ou apenas esperar que essa bomba exploda.

— E aquela nojenta, não vai falar nada para o pai dele?

— Eu acho que não... Se ela quisesse fazer isso, já teria feito.

— Menos mal – Suspirou desanimada.

Observei a mesma jogar a cabeça pra trás a apoiando no travesseiro.

— O que aconteceu com você?

— Eu... Sei lá. – deu os ombros.

— Fala – murmurei – Você estava mais do que bêbada durante a festa... Sem contar que imaginei que você iria chorar umas dez vezes.

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