Trinta e um

40.8K 3.2K 9.3K
                                    

"As palavras proferidas
pelo coração não tem
língua que as articule,
retém-nas um na garganta
que nos olhos
é que se podem ler."

Nathan Legrand

sexta-feira - 16h36

obs: remete ao mesmo dia do final capítulo vinte e nove;

— Tem alguém aqui com você? – meu pai me encarou desconfiado quando sai do quarto.

— Não. – Afirmei tentando
permanecer calmo e não transparecer o nervosismo.

Ele poderia ter entrado ali algum tempo antes e veria Candace e... Melhor nem pensar.

Passei a mão pelos cabelos úmidos enquanto o encarei.

— Hm – franziu as sobrancelhas e me encarou com seriedade em seguida – Preciso que você fique em casa amanhã.

— Por que?

— A irmã de Kelli vai vir morar com nós. – explicou como se fosse algo simples – Preciso que busque ela no aeroporto e não quero que ela fique sozinha.

— Isso é sério? – o encarei sentindo um misto de confusão em mim, eu nem conseguia processar as palavras ditas por ele.

— Por que não seria? – questionou.

Engoli seco o encarando.

— Ela vai chegar aqui no início da tarde no domingo, seja receptivo e a leve na escola durante os próximos dias até eu e Kelli voltarmos pra casa e resolvermos os últimos detalhes.

— Vou precisar cuidar dela? – perguntei demonstrando irritabilidade nas palavras.

— Algum problema com isso? Tem algo mais importante pra fazer durante a semana além de tratá-la bem? Ela é da família Nathan. Preciso que você faça isso.

Engoli seco olhando para a porta do quarto, não conseguia racionar sobre o que seria de mim e Candace de agora pra frente. O pensamento de que tudo ficaria mais complicado me deixava levemente nauseado. Droga!

— Eu não sei se...

— Não sabe o que Nathan? – me encarou ríspido, mais do que usualmente. – Por que está fazendo todo esse alarde? Vai ser difícil pra você ajudar uma pessoa? Eu não tenho tempo pra isso, preciso voltar pro hospital. Faça o que te pedi e sem discussão. Preciso ir.

A fala firme e a frieza em suas palavras fizeram meu corpo estremecer, engoli seco vendo ele andar pelo corredor sumindo do meu campo se visão em instantes.

Com as mãos tremendo e o coração batendo rápido, entrei no quarto, sem ter a mínima ideia do que faria daqui pra frente, a incerteza me deixava mais do que abalado.

(...)

domingo, 10h43

O sábado passou rápido, aproveitei pra sair por aí sem rumo e também pra dormir praticamente o restante do dia, tentando não pensar, tentando negar a sensação que tudo estava prestes a dar errado.

Acordei me sentindo mal, meu primeiro impulso foi pegar o celular e mandar bom dia para Candace como de costume, mas lembrei da maneira que agi com ela ontem e achei melhor não mandar nada por enquanto.

Eu poderia... e deveria ter contado tudo a ela, mas primeiro precisava ver toda a situação com calma e decidir o que fazer.

A irmã de Kelli chegaria pouco depois do almoço e eu não estava nenhum pouco animado pra situação. Nenhum pouco.

Incandescente Onde histórias criam vida. Descubra agora