Trinta e três

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"Ela é um labirinto
eu me perderia em suas curvas
sem me preocupar
em procurar uma saída."

Nathan Legrand

3 de agosto, quarta-feira 23h57

— Você está com frio? – a encarei.

Candace pressionava os lábios enquanto mantinha os olhos fixos na estrada pouco iluminada a nossa frente.

A brisa quase gelada da noite batia contra nós, era inegável o quanto eu gostava desses momentos com ela.
Apesar de não estarmos conversando praticamente nada, apenas sua presença era capaz de deixar tudo... leve.

Confesso que depois daquela transa... O clima ficou um pouco pesado.

E tenho plena certeza de que ela nunca vivenciou nada daquilo, assim como eu.

A constante troca de olhares enquanto nossos corpos davam prazer um ao outro fora algo inexplicável... Quer dizer, eu tenho uma perfeita e plena explicação pra tudo.

Foi uma transa repleta de sentimentos.

Não foi algo qualquer. Muito pelo contrário, eu podia reviver ela em meus pensamentos centenas de vezes e ainda teria certeza de que foi algo tão intenso que... Minhas pernas ainda estavam bambas. Meu coração parecia ainda bater de maneira descompassada e anormal.

Embora aquilo tivesse sido excepcional, o que veio depois acarretou tantas dúvidas... Nenhum de nós foi capaz de se aprofundar no assunto, ou comentar algo um com o outro... E era péssimo viver como se aquilo não tivesse acontecido. 

Nos falamos pouco na escola, sei que ela está esperando um passo meu e estou lutando tanto pra que eu consiga fazer algo, pra que consiga enfrentar quem quer que seja pra simplesmente... Ficarmos juntos. Porque é isso que eu quero. E não adianta negar.

Minha cabeça dói quando penso que meus sentimentos por ela podem... Magoar meu pai, minha única família. A única pessoa que tenho por perto pra contar... E isso é angustiante, tanto o quanto é frustrante.

— Não estou com frio – murmurou após um bom tempo.

— Tudo bem – sorri de lado e ela se aconchegou em meus braços.

Fiz carinho em sua cabeça quando ela a apoiou sobre meu ombro. O cheiro bom do seu cabelo invadia meus pensamentos, e por alguns segundos eu simplesmente esquecia que tudo era tão complicado entre nós.

— Aquela garota... Não disse nada para o seu pai?

— Eu acho que não.

— E como está sua irmã?

— Linda e um pouco chorona – sorri descontraído – E acho que ela me ama.

— Quero conhecê-la, eu adoro bebês. – murmurou baixinho.

— Quando você quiser. – respondi, mesmo sabendo que não era tão simples.

— Soube que... Seu aniversário é no sábado.

— Como ficou sabendo disso? – Questionei.

— Ah... tenho minhas fontes. – deu os ombros – Vai fazer algo pra comemorar?

— Não sei Cherry... – fiz carinho em seu cabelo e fechei os olhos em seguida.

— É o seu...

— Primeiro aniversário sem a minha mãe? Sim. – respirei fundo.

— Ah... – murmurou – Se quiser fazer algo... Pra se distrair, pode me chamar. Se quiser assistir um filme e comer algumas besteiras... Ou apenas passar o dia fazendo sei lá o que.

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