Incandescente

Vinte e quatro

"É isso que o amor faz,
ele vai marinando seus lábios
até que a única palavra que
sua boca pronuncia
seja o nome dele"

Candace Beaumont

sábado

— A Michele? Como assim? – Emma me encarou confusa.

— Como assim que meu pai achou uma boa ideia contratar ela. – Bufei – Disse que Grace ligou pra ele praticamente implorando por uma chance pra ela. Tipo um estágio... Mas aquela p... Ela ganhou até uma sala!

— Uma sala?! – Emma praticamente gritou.

Michele é filha de Grace, antiga sócia e namorada de meu pai. Chegamos a morar todos juntos por dois meses, o que foi um inferno na terra. Ainda mais levando em conta que eu estava no auge dos meus quatorze anos, mais rebelde do que nunca e ela era insuportável.

— Sim, uma sala... – sorri de lado.

— Ah não... O que você fez Candace?!

Afundei meu rosto em um travesseiro sem conseguir encarar minha amiga.

Estávamos na casa de Emma, aproveitando a tarde chuvosa do sábado pra conversar e comer.

— Candace Beaumont! Você não pode ferrar com a vida dela! Pelo menos não antes dela fazer algo que mereça isso. O que você fez?

— Calma, não fiz nada pra ela. – murmurei voltando a olhar pra ela – Só na sala dela, e não foi nada que vá prejudicá-la. Eu acho.

— O que você fez?

Fiquei encarando Emma por alguns segundos vendo a curiosidade dela ficar cada vez maior. Não precisava de todo esse alarde, mas confesso que é cômico ver ela desse jeito.

— Eu só usei a sala pra...

— Pra?!

— Transar.

Minha amiga continuou me encarando, mas agora me olhava incrédula. Talvez tentando assimilar minhas últimas palavras.

— Candace Beaumont! Puta merda! – praticamente gritou.

— O que eu fiz foi tão incrível assim que foi capaz de fazer você soltar um palavrão? – Gargalhei.

— Por que?! Como? Com quem?

— Porque eu estava com tesão. Como... você sabe como. Com o Nathan.

— Na empresa?!

— Sim, na sala nova da Michele, já te contei. – murmurei e ela continuava me olhando surpresa.

— Não acredito...

— Nem eu! – murmurei – Mas Emma... Minhas pernas tremem só de lembrar. Ele é muito gostoso, merda!

— Está reclamando? – Franziu as sobrancelhas.

— Não... O problema é que eu quero mais. – Admiti.

— E aquilo que ele falou sobre se afastar?

Respirei fundo lembrando da quinta-feira a noite, onde ele apareceu do nada na frente da minha casa e... Nós beijamos na chuva. Minha mente não conseguia assimilar tudo que havia acontecido, ainda mais ele olhando em meus olhos e falando que não queria se afastar. Foi tudo tão surpreendente.

— Nós...

— Vocês?

— Não vamos nos afastar. Pelo menos não por enquanto.