Ela Acordou

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Valentina.

Os próximos três dias foram cheios de tensão e expectativa, havia pequenos sinais de que Juliana estava acordando. O mover de suas pálpebras, tão rápido quanto as asas de um beija-flor, tão rápido que você não perceberia se não estivesse olhando. O tremor de um dedo, a contração do seu braço. Um som silencioso no fundo de sua garganta, algo entre um suspiro e um gemido.

Cada ação me deixava rígida de ansiedade e desejo de esperança, eu sentia dor com a necessidade do próximo sinal. Eu não saía do seu lado, dormia com meus dedos entrelaçados aos dela. Corria para o banheiro quando necessário e engolia a comida que aparecia. Tomava os banhos mais rápidos que já tomei na vida, voltando com o cabelo molhado e a mesma determinação no coração.

Eu lia para ela e falava incessantemente. Colocava as gravações que Lucia me enviava de Dulce cantando e brincando. Eu esticava e dobrava suas pernas como o fisioterapeuta havia me ensinado, movimentos seus músculos frágeis para ajudar a se manterem ativos. Tentei desesperadamente não ficar brava com o peso morto que eu sentia em minhas mãos, o doutor Alan já havia me dito que seria assim enquanto sua coluna não sarasse. Em vez de pensar nisso, tentei enviar energia positiva para suas rotinas diárias, querendo fazer o que pudesse para ajudar.

Ninguém, nem mesmo Maddox, sugeriu que eu fosse embora. Lucia, Leon e Eva iam e vinham, trazendo apoio, abraços e suprimentos. Eles falavam com a Juls, me examinavam com olhares preocupados e iam embora, nos permitindo a privacidade de que eu precisava agora.

Maddox nunca ia muito longe. Trabalhando em seu laptop, falando em seu telefone, dando longas caminhadas para que eu pudesse ficar sozinha com a Juls. Eu não conseguia mais me conter, disse a ela o quanto eu precisava dela.

Implorei a ela para abrir os olhos. Eu chorei quando precisei, peguei sua mão, acariciei seu rosto e falei sobre o futuro. O nosso futuro.

Naquele dia conversei com Maddox tarde da noite.

—Você tem que ir para casa.

—Em breve.

—Maddox, você não pode ficar aqui indefinidamente. Você tem um emprego. Responsabilidades.

—Eu faço meu trabalho todos os dias. Se necessário, Bent e Aiden podem entrar em contato comigo em um segundo. Dee é tão inflexível sobre eu estar aqui quanto eu. Eu tenho mais alguns dias, Vale. _ele levantou a voz e gritou.
—COOPERE COMIGO, JULIANA. ABRA SEUS MALDITOS OLHOS.

Suspirei enquanto acariciava a palma de Juls.

—Você ouviu, meu amor. Abra seus olhos.

Seus dedos se contraíram em um espasmo, apertando os meus. Maddox ouviu minha respiração rápida e apareceu ao meu lado em um segundo.

—Juliana? Acorde, por favor. Volte para nós, droga.

Os olhos de Juliana vibraram, suas pálpebras se contraíram e abrirão lentamente. Um vislumbre do castanho espreitando nosso caminho, apenas para se fechar novamente.

—Não, meu amor. _implorei a ela.
—Por favor, Juls. _um soluço ficou preso na minha garganta.
—Estou aqui, por favor.

Sua boca se torceu. A ponta da língua apareceu e ela engoliu em seco.

Seus olhos se abriram novamente confusos e ela gemeu.

Juliana.

Minha consciência vinha e ia lentamente... Gradualmente. Ela trazia consigo flashes de luz e sons abafados.

O ACORDO 2/JULIANTINAOnde histórias criam vida. Descubra agora