Medo

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Valentina.

Eu já estava correndo para a porta quando Carol a abriu, procurando por mim. Mesmo através das paredes, eu ouvi o som que Juliana fez, e eu sabia que ela precisava de mim.

Corri até a cama dela. Ela estava quase ofegante de pânico, com o suor brilhando em sua testa. Suas mãos estavam cerradas ao redor da grade da cama, e o medo em seus olhos fez meu coração doer.

Corri minha mão sobre sua testa, inclinando-me o mais perto que pude.

—Shh, Juls. Estou aqui, meu amor. Estou aqui.

Meu toque pareceu acalmá-la. Corri minha mão por seu braço, afrouxando seu aperto no metal. Eu entrelacei nossos dedos, levando sua mão à minha boca.

—To bem aqui. _eu repeti, odiando vê-la tão inquieta, tão vulnerável. Tão diferente da Juls que eu conhecia.

Doutor Alan estava de pé do outro lado de sua cama.

—Ouça sua esposa, Juliana. Respire com ela e tente relaxar. Explicarei mais quando você estiver pronta.

Pressionei sua mão no meu peito e respirei longa e lentamente. Ela lutou para se acalmar, finalmente relaxando, o pânico desaparecendo de seus olhos, embora a devastação que ela sentiu estivesse escrita em seu rosto.

Carol me entregou alguns cubos de gelo e eu coloquei um em sua boca. Ela fechou os olhos com um longo suspiro. Eu só podia imaginar como era bom sentir o gelo em sua boca ou como ela estava com sede.

—Ela poderá beber um pouco de água em breve. _ele prometeu.
—Juliana? _disse Alan.
—Você está pronta para ouvir?

Juliana abriu os olhos.

—Estou paralisada. _ela disse as palavras lentamente, um leve arrastamento em seu discurso.

—Isso é esperado pelo trauma que você passou. Esperamos que com tempo e trabalho você recupere o uso das pernas.

—E eu não consigo... falar direito.

Ouvir seu discurso trêmulo me encheu de pavor, mas Alan foi rápido em assegurá-la.

—Tenho certeza que vai melhorar. Você acabou de acordar, Juliana. Houve momentos em que não tínhamos certeza de que isso iria acontecer. Você ficou gravemente ferida, isso não vai acontecer instantaneamente. _ele sorriu ironicamente.
—Este não é um drama de televisão, isso vai levar tempo e esforço. _ele terminou de escrever no tablet, fazendo anotações e comentários, então o colocou debaixo do braço.
—Faremos outra tomografia computadorizada e alguns outros testes de acompanhamento. Você verá um fonoaudiólogo, se necessário. Depois de se recuperar um pouco mais, você será transferida para a sala de reabilitação. Você terá uma rotina rígida para recuperar as forças.

—Vou andar de novo?

Alan cruzou os braços.

—Essa é a minha esperança. Mas precisamos fazer os testes e ver como você responde.

—Quando eu posso... _Juliana engoliu em seco.
—Ir para casa?

—Por enquanto não. Depende do que os testes mostrem e como você responde. Depende do esforço que você colocar em sua recuperação. Vamos dar este passo, um dia de cada vez. _ele sorriu para mim.
—Acho que sua esposa será de grande ajuda para você.

A mão de Juls apertou a minha, mas ela permaneceu em silêncio.

Alan deu um passo para trás.

O ACORDO 2/JULIANTINAOnde histórias criam vida. Descubra agora