Capítulo 4

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Fugir pela minha janela incontáveis vezes com Rafael, era algo que me causava euforia, minha adrenalina aumentava e o perigo de sermos pegos só aumentava a vontade. Ele me levou para conhecer vários lugares, o mundo tinha tantas coisas para eu conhecer, tudo era espetacular para mim.

Em casa minha mãe estava desconfiada de algo, as vezes eu notava seu olhar indagador sobre mim, acho que de fato eu estava mudando, algo em mim estava se transformado mais até o momento eu não saberia identificar. Meu aniversário de 17 anos estava próximo e o meu medo de chegar a idade do tal casamento só aumentava, assim que eu completasse 21 anos seria realizado a cerimônia, eu me casaria com uma pessoa que eu nunca tinha visto na vida.

Talvez por isso eu não gostava de fazer aniversário, na verdade eu odiava essa data, mais tinha a impressão que depois dos 15 anos o tempo estava passando voando, me deixando aflita.

Encarei meu aniversário como um dia qualquer, ganhei presentes dos meus pais, mas na verdade eu só deseja um abraço apertado e sincero, e mesmo recebendo vários presentes eu não me sentia feliz, nada daquilo supria a minha carência do amor deles, eu trocaria todas as roupas e sapatos de grifes famosas pelo carinho e demonstração de afeto deles.

Antes do meu dia acabar Rafael chegou na janela do meu quarto com uma torta cheia de velinhas cantando parabéns baixinho, meu coração transbordou de alegria com a cena e lagrimas escaparam dos meus olhos, eu me sentir importante para alguém.

- Amiga vou subir ai posso? - ele pergunta sorridente com a torta na mão.

- vai subir como seu doido? E se meus pais te pegarem aqui? - respondo apreensiva e o observo já na metade da escada, ele de fato era muito louco.

A sensação de poder ser surpreendida pelos meus pais se misturava com a alegria de receber o abraço sincero e cheio de carinho de Rafael, fingi soprar as velinhas já apagadas e comemos o bolo com a mão mesmo, meu quarto antes tão frio e solitário se iluminou com a presença alto astral de Rafael. Conversamos muito nessa noite e acabamos nos sujando com o chantilly da torta, sua alegria me contagiava.

- nossa Angel você está toda melecada de chantilly! - ele diz zoando com a minha cara, como se ele estivesse diferente de mim.

- e você acha que sua situação está boa? Você está pior que eu garoto! - aproveito e o lambuzo mais com o chantilly.

- agora você me paga Angel!! - ele vem em minha direção com a mão cheia de chantilly e corro subindo na minha cama, ele sobe atrás e caimos juntos no colchão sorrindo.

Deitada olho para ele que mesmo todo lambuzado parece ser o garoto mais lindo do mundo, bem melhor do que os atores dos filmes e séries que eu havia assistido, seus cabelos pretos cacheados combinam com o desenho do seu rosto parece um conjunto de perfeição, e ao constatar tudo isso meu coração acelera, são batidas diferentes das quais nunca experimentei sentir antes.

Seus olhos me encaram sem piscar, engulo seco e desvio o meu olhar, não era certo ter esses tipos de pensamentos, ele era meu amigo e ainda por cima gay, mas fui surpreendida quando ele virou seu corpo para mim, acariciou meu rosto e colou nossos lábios. Fique surpresa,e sem reação, eu nem sabia beijar, aquele era o meu primeiro beijo.

Seus lábios são bem macios e com calma foram ajustando aos meus, o mundo parecia está em pausa, enquanto eu seguia seus movimentos, sua língua pediu passagem para entrar na minha boca e apesar de ser tudo novo eu dei permissão com facilidade, sentir a sensação de borboletas voando no estômago enquanto vivia uma das maiores experiências da minha vida.

Enquanto nos beijavamos, eu sentia sua mão segurar firme minha cintura me causando arrepios por todo meu corpo, era tudo novo, eu não saberia explicar, talvez os hormônios como eu tinha lido em um livro de educação sexual. Encerramos o beijo quase sem ar, e confesso que eu não queria parar.

- O quê que foi isso... - pergunto com a respiração ofegante olhando para ele.

- um beijo minha Angel, um dos melhores que já dei na minha vida por sinal. - ele responde como se fosse algo normal, talvez ele encarava o fato desse jeito

- Eu sei que é um beijo Rafa, apesar de ser meu primeiro beijo...

- por ser o primeiro beijo você arrazou! Confesso que me surpreendeu. - ele olha fixamente pra mim fazendo minhas pernas ficarem bambas.

- Amigos se beijam? - pergunto analizando sua reação que sorri e desvia seu olhar.

- amigos se beijam sim só é os dois concordarem com isso, somos livres Angel, experimenta viver assim minha garota. - ele me dá um selinho, levanta da cama e vai embora.

Eu não entendi nada sobre esse dia até porque nos dias seguintes ele se comportava como sempre e nem comentava sobre o beijo, e eu resolvi meio que esquecer sobre o beijo e tentava agir naturalmente, mas meu coração já estava amando aquele garoto e eu não sabia como lidar com esses novos sentimentos.

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