Capítulo 9

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Minha transformação já estava evidente e isso causava a desconfiança de minha mãe, mas eu não conseguia disfarçar a alegria que eu estava sentindo. Sendo assim percebi que meus pais começaram a me vigiar, as vezes eu estava no meu quarto e a porta abria num rompante como se quisessem me pegar fazendo algo errado.

Meu aniversário já estava próximo me trazendo a aflição que o tal casamento se aproximava também, mas como eu poderia casar sem amar a pessoa, sem ter a chance de pelo menos conhecer melhor. Eu seria infeliz o resto da minha vida.

A semana que antecedeu meu aniversário foi seguida de acontecimentos estranhos, um deles foi meu pai permanecer em casa por mais de 5 dias consecutivos, o outro foi minha mãe contratar uma fotógrafa para fazer umas fotos minhas super produzidas e o último e o que me deixou abalada foi o desaparecimento de Rafael, ele simplesmente sumiu, sem me mandar mensagem ou fazer uma simples ligação. Sua família estava em casa, mais ele não.

No dia do meu aniversário meus pais viajaram, antes encheram meu quarto de sacolas cheias de roupas, sapatos e cosméticos, mais um ano eu ficaria sozinha com o quarto cheio de coisas superficiais e o coração vazio sem amor.

A casa tinha mais dois seguranças, e mesmo o condomínio já tendo toda uma infraestrutura a minha casa passou a ser a mais vigiada. Poucas pessoas sabiam que eu existia, e os empregados da casa eram proibidos de comentar sobre mim para outras pessoas.

A noite chegou trazendo com ela uma tristeza que apertava meu peito me causando uma dor na alma, eu estava completando 18 anos e sabia que a maioridade me trazia benefícios como ser independente dos meus pais mas como eu faria isso sozinha e sem apoio de alguém.

Pego meu violão e arrisco umas notas da canção que estou escrevendo, ainda não conseguir terminar, até mesmo nos meus dias felizes eu chorava quando a tentava completar.

Palavras não bastam, Não dá
Pra entender, e esse medo que
Cresce não para, E uma história
Que se complicou, eu sei bem o
Porquê.

Qual é o peso da culpa que eu
Carrego nos braços, me entorta
As costas e dá um cansaço.
A maldade do tempo fez eu me
Afastar de você...

As lagrimas rolam em meu rosto involuntariamente, e mais uma vez deixo para terminar em outro momento, meu emocional é tão frágil que me leva acreditar o quanto sou fraca e incapaz de mudar a minha vida.

Já era 22 horas quando a secretária de minha mãe bate na porta do meu quarto, ela traz uma bandeja com o meu jantar, e um cupcake, ela logo se retira em silêncio apenas me lançando um olhar de pena, talvez nem digna de pena eu me considero ser.

Nem toco no jantar, me falta apetite, apenas deito em minha cama desejando acordar desse pesadelo. Logo sinto meus olhos começarem a pesar, e me entrego ao sono com esperança de ter um sonho feliz.

Derrepente desperto do cochilo com um beijo no rosto, me levanto assustada e quase grito de medo mais Rafael se antecipa a me pedir calma.

- shiiiiu garota!! Sou eu calma. - meu coração ainda está acelerado do susto e volto a sentar na cama tentando me acalmar.

- seu louco!!! Quer me matar do coração? Como você entrou aqui? - minha respiração começa a voltar ao normal e vejo ele segurar um sorriso.

- até levando um susto você continua linda... sentiu saudades minha Angel?
- apesar de suas palavras mecherem comigo eu finjo ingnorar e rebato com outra perguntar.

- Você sentiu minha falta Rafael? Será que eu faço alguma diferença na sua vida? - fixo meu olhar no dele que fica mais próximo de mim, deixando meu coração bater em um eterno descompasso.

- ah minha Angel... como eu poderia explicar o quanto você significa para mim... você é tipo uma droga viciante, eu sei que me levará ao abismo mais desejo de tê-la e maior. - tento assimilar suas palavras e não sei se o que ele quis dizer foi algo bom para mim.

- eu aprendi que drogas destrói o ser humano, e sua dependência pode causar até a morte... se sou sua destruição não tem porque continuar com nossa amizade né? - minha voz sai embargada e lágrimas começam a rolar no meu rosto sem controle.

- Não chora amiga, eu só falei o que estou sentindo, mas isso não significa que irei ficar longe de você, até porque eu não conseguiria - suas mãos pousam no meu rosto e sinto seus dedos secando minhas lágrimas.

Rafael tinha razão, talvez naquele momento eu ainda não tinha conseguido ter uma noção sobre nós, a minha ingenuidade e inexperiência não deixava eu enxergar o óbvio.

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