Capítulo 14

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Começei a caminhar sem direção, eu não queria voltar para casa, eu estava grávida e o pai da criança não estava nem ai para mim, começei a pensar  o que faria da minha vida, eu não tinha dinheiro e nem pra onde ir, sem amigos ou parentes próximos eu estava sem rumo e sem pespectiva de uma solução.

Atrás do condomínio tinha uma área de mata extensa, e adentrei nela sem direção, apenas caminhando, querendo fugir da minha vida, daquela situação eu queria fugir de mim.

Quanto mais eu caminhava naquela escuridão mais eu me perdia nos meus pensamentos, eu me considerava tão inteligente e fui tão burra e inocente, como minha ingenuidade me arrastou para esse abismo. Um amor me fez esquecer do mundo, esse amor causou a minha autodestruição.

Meu corpo já estava cansado, minha cabeça começou a rodar, enquanto eu sentia meu coração bater acelerado, acabei perdendo os sentidos e desmaiando naquela mata escura, eu estava sozinha, ninguém iria me salvar.

Acordei dias depois em um hospital, minha boca estava seca, eu sentia dor por todo o meu corpo, abrir os olhos lentamente e avistei minha mãe ao meu lado, seu olhar oscilava entre preucupado e acusador, ela pegou na minha mão e balançou a cabeça em negativa.

- Você quase morreu sabia? - ela pergunta me olhando séria.

- quanto tempo estou aqui? Quem me encontrou? - pergunto com a voz quase inaudível.

- Você ficou uma semana no coma induzido, passou dois dias desaparecida, a Polícia te encontrou desacordada na mata.

- Polícia? - eu sábia que meus pais só chamariam a polícia em último caso.

- Angel o que você fez da nossa vida? Você quer destruir nossa família? Você quer vê seus pais mortos é isso? - ela diz nervosa e começa a alterar a voz.

- não mãe... eu só queria ser igual as garotas da minha idade, eu queria ser livre...

- ser livre? - ela sorrir sacasticamente e me olha com ódio.

- porquê eu nasci mãe? Porque me trazer ao mundo para sofrer assim, eu sou sua filha e não uma moeda de troca. - começo a chorar mais ela não esboça nenhuma compaixão.

- Você só nasceu para isso Angel, você foi criada e educada para um único propósito, casar e unir nossas família num acordo feito antes de você nascer, mas erramos e deixamos brechas para você por tudo a perder. - suas palavras parecem facas de dois gumes sendo enfiadas no meu coração.

- e agora? O que vai acontecer comigo? Eu serei descartada como um brinquedo sem utilidade? - ela paraliza a ouvir minhas palavras, vira as costas e sai do quarto.

Depois de uns dias recebi alta, meus pais já sabiam da gravidez mais não comentaram nada comigo, mudamos para a Alemanha, os vizinhos da nossa antiga cada ficaram sabendo da minha existência e vários boatos surgiram e deixaram minha mãe irritada. Depois daquela noite eu não vi nem soube nada de Rafael, ele ficou para trás mas as minhas lembranças permaneciam e o amor por ele também.

Na Alemanha fui deixada em uma clínica administrada por uma ordem de freiras, minha mãe queria me esconder enquanto a gravidez avançava, eu não tinha ideia do que aconteceria comigo e com o filho que eu carregava no ventre, mas eu já o amava tanto e estaria disposta a enfrentar meus pais por ele.

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