Capítulo 42

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Durante uma semana o clima entre eu e Víctor ficou estranho, a sensação que eu tenho é como se um muro foi construido entre nós dois, isso doi tanto que raramente durmir direito esses dias.

- até quando você vai me tratar assim Angel? - ele me pergunta depois de um suspiro longo.

- até quando você ser transparente comigo... como eu posso me entregar a um estranho? Eu não consigo olhar mais em seus olhos e não pensar nisso Víctor, eu quero voltar ao que éramos a uma semana atrás... - começo a chorar e sinto ele se aproximar mais não permito que me toque.

- não faz isso comigo meu amor... por Allah não me trate assim, eu te amo tanto garota... - escuto seus passos até o banheiro e volto a levantar minha cabeça a procura dele.

- se me amasse não se esconderia de mim, dando motivos para minha mãe me envenenar contra você... eu sou um livro aberto e você é como um diário guardado a sete chaves, você acha isso justo? - as lágrimas rolam sem parar e o vejo se aproximar mais uma vez impaciente querendo me tocar.

- não chora meu amor, por favor não faz isso comigo... - ele passa suas mãos na cabeça e volta a entrar no banheiro.

- eu estava começando a te amar... - falo baixo, quase que inaudível como se estivesse falando para mim mesmo mais o vejo na porta do banheiro com um olhar triste me observando.

- tá ok Angel, você quer conhecer todos os meus lados não é isso? - seus olhos estão vermelhos e eu apenas confirmo balançando a minha cabeça. - então venha comigo que irei te mostrar.

Ele segura minha mão e sai praticamente me arrastando do quarto, saimos de casa em direção ao carro dele que dispensa o motorista que já estava se aproximando, observo ele fazer um sinal para os seguranças não seguir o carro dando a partida e saindo rápido.

O observo enquanto entramos em uma estrada com pouca iluminação, ele não me diz uma palavra e eu sinto medo de perguntar alguma coisa.

Em aproximadamente 30 minutos chegamos a uma montanha, no topo dela ele estaciona e manda eu descer do carro, um vento gelado sopra meu rosto me fazendo perceber que sair de casa apenas com minha roupa de durmir e um hobby fino por cima, Víctor puxa minha mão me arrastando para a beira da montanha me deixando assustada.

- está preparada para conhecer o Víctor Baruk que você tanto deseja querida Angel? - seu olhar está mais negro que a escuridão da noite que  nos cerca, sinto um calafrio e engulo seco.

- sim... - só consigo dizer isso e meu coração acelera quando ele tira uma arma de sua cintura.

- já perdi a conta de quantas vidas eu tirei desse local, foram incontáveis balas que usei dessa arma e mesmo tendo pesadelos com as pessoas que assasinei eu não me arrependo do que eu fiz pois tudo isso me tornou forte... - ele olha fixamente em meus olhos e continua. - aqui eu matei homens que ousaram a me desafiar me traindo ou tentando contra mim e minha família, eu não sinto dó nem pena de nenhum, todos que atirei e joguei seus corpos nesse lugar não mereciam perdão e nunca irei me arrepender disso. - estou tremendo mais não porque ele está me contando essas coisas e sim pelo frio que maltrata meu corpo com as rajadas de vento gelado.

- mais porque você me escondeu tudo isso? - digo com a voz trêmula.

- como pode um anjo viver com um demônio? Você é luz e eu as trevas, meu coração só consegue amar você e todos os outros eu seria capaz de apertar o gatilho sem pensar duas vezes... até meu próprio sangue, se fizerem algo contra mim não pouparia suas vidas. - ele segura meu braço firme   me machuca um pouco e continua. - eu iria fazer isso com você se não te amasse tanto... e com seus pais também, mas você faz com que eu queira deixar toda a minha escuridão de lado, e como se ao ver o seu lindo rosto angelical uma luz ilumina tudo dentro de mim. - sua mão larga o meu braço e vejo um olhar de arrependimento ao notar que pode ter me machucado.

- não foi nada... eu tô bem. - digo tremendo de frio.

- tem um galpão logo ali mais eu não quero te levar lá, existe um cheiro de sangue insuportável lá dentro e você não precisa ver isso, vamos voltar para o carro. - ele tira seu roupão e coloca sobre meus ombros ficando apenas com a calça de moletom.

Entramos no carro e um silêncio pairou entre nós, eu tinha tanto pra falar mais estava me recuperando da tremedeira do frio que tinha sentido.

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