Capítulo 56

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Meu corpo fica imóvel enquanto minha mente tenta processar lentamente as palavras que Rafael pronunciou, viro meu corpo em sua direção e mesmo estando a uma certa distância suas lágrimas são perceptíveis, sinto olhares de pessoas curiosas tentando entender a cena que acabaram de presenciar.

Caminho até ele com os olhos já não aguentando mais segurar as lágrimas que começam a percorrer no meu rosto cada vez que nossa distância vai diminuindo, eu começo a soluçar quando seus braços alcançam o meu corpo me puxando para um abraço apertado e cheio de significados que somente agente conhecia.

- ele está vivo Angel... nosso filho está comigo. - Rafael diz com a voz embargada e carregada de um sentimento que eu desconhecia naquele momento.

- mas como? me disseram que meu bebê não resistiu no parto... eu nem sequer pude vê-lo ou toca-lo quando dei a luz... - sinto meu corpo sendo levado por Rafael, estou tão fora de mim que só me dou conta quando chegamos na sala feita de escritório dele e ele me senta devagar na cadeira.

Meu corpo treme, talvez uma reação natural ao ouvir a revelação, estou em choque e só lembro dos momentos que passei chorando por não ter tido a chance de ver o meu bebê, me tiraram o direto de mãe, só eu sei o quanto sofrir dia após dia depois daquele parto, só eu sei o quanto desejei ter partido com o meu bebê que me fizeram acreditar que nascerá natimorto.

- desculpe Angel, não era desse jeito que eu sonhei em te falar... talvez o medo de te perder de vista quando vc estava saindo daquele jeito me fez ter esse tipo de atitude, me perdoe por favor. - A voz dele agora já calma faz eu sair dos meu pensamentos e ele estende a mão com um copo de água tentando me acalmar.

- quem te entregou o meu bebê? Como você soube da gravidez? Onde está meu filho? - bombardeio ele com perguntas que soltam na minha cabeça sem parar, eu preciso saber de tudo eu tenho esse direito.

- Calma, eu vou te contar tudo, desde o início e prometo que depois disso eu te levarei até nosso filho. - acompanho seus movimentos e vejo ele colocar uma cadeira na minha frente e sentar, sinto o toque de suas mãos na minha e deixo ele acariciar olhando em meus olhos.

Rafael foi me contando tudo e por algumas vezes pausou para me confortar, teve momentos que chorei copiosamente, eu senti dor, ódio, mágoa e uma vontade de vômitar. Como meus pais foram tão cruéis comigo assim, foi difícil tentar assimilar tudo de vez, talvez agora eu não sinta tanto remorso por Víctor ter assassinado minha mãe.

- Como ele se chama? Como ele é? - pergunto ansiando a resposta de Rafael.

- O nome dele é Miguel, lindo como a mãe... - seus olhos brilham ao me olhar e eu abaixo minha cabeça. - ele tem seus olhos, é esperto e muito inteligente  para uma criança de apenas 5 anos, você acredita que ele já sabe ler? - Rafael fala como um pai bobo que admira as proezas do filho.

- eu perdi as melhores fases do meu filho... será que ele vai me aceitar como mãe? Você falou sobre mim para ele? - meu coração fica apertado em imaginar ser rejeitada pelo meu filho, nessa altura do tempo eu acho que não suportaria.

- você poderá recuperar todo tempo perdido minha Angel, acalma esse seu coraçãozinho, o Miguel te ama e tem uma foto sua no porta retrado que ele dorme abraçado todas as noites, ele vai te contar tudo quando te conhecer. - ele estende sua mão para mim e mesmo com receio seguro firme me levantando e o acompanhando.

Meu coração nunca ficou tão apertado assim, estou insegura sobre como serei recebida por Miguel, espero que ele possa perdoar essa mãe que não foi forte o suficiente para lutar por ele, pois talvez se eu não fosse tão ingênua eu perceberia toda armação dos monstros que se diziam ser meus pais.

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