UMA VIDA, DOIS DESTINOS.

Capítulo 5

Passaram alguns dias e eu começei a sentir um distanciamento de Rafael, ele parecia me evitar e seu comportamento começou a me magoar, não era culpa dele muito menos minha, talvez aquele beijo tenha estragado nossa amizade e isso era o que eu mais temia, eu voltaria a ser a garota solitária outra vez.

Depois de umas seis semanas ele sumiu, a janela do seu quarto só vivia fechada, a casa estava vazia. Uma tristeza tomou conta de mim, ele teria ido embora, deixando um vazio na minha vida.

O Natal se aproximava, e eu passaria outra vez sozinha, meus pais viajariam para jantar com acionistas, eles faziam isso todos os anos, nunca me levaram, eu não recordo de nenhuma ceia de natal em família, talvez por isso eu não sentia beleza nenhuma no natal, mesmo tendo a mesa farta, uma árvore enorme na sala e muitos presentes essa data era triste para mim.

As vezes eu fazia questão de ceiar e implorava aos empregados da casa para sentarem na mesa comigo, talvez isso me causava um pequeno conforto. Mas esse ano nem apetite eu tenho, uma melancolia tomou conta de mim desde o dia que eu deixei de ver Rafael.

(...)

A festa de réveillon parece ser uma das mais lindas, eu já vi cenas espetaculares nos filmes, mais nunca tive oportunidade de presenciar uma queima de fogos. Meus pais mais uma vez me deixaram sozinha e foram para Dubai, eu despensei os empregados da casa e só ficaram dois seguranças que só recebem ordens de meu pai, confesso que tenho um pouco de medo deles.

Ainda faltava três horas para a virada do ano e lá estava eu na minha janela, vestida com meu pijama de estrelinhas, presente que ganhei de dona Ruth, minha professora de piano. Um presente singelo e o que eu considero como mais especial.

As horas passam devagar, pego meu violão e começo a compor uma canção, apenas esboços do que eu estou sentindo, já tenho a melodia completa, só falta a letra que preciso organizar.

" palavras não bastam, não dá pra entender, e esse medo que cresce e não para"

Começo a chorar e não consigo continuar, talvez algum dia eu consiga terminar essa letra, hoje infelizmente não seria esse dia. Coloco o violão ao lado da cama e deito, relembro todos os momentos marcantes que tive no ano, e em todos eles Rafael estava presente.

Desperto de meus pensamentos ao ouvir pedrinhas bater no vidro da minha janela, meu coração bate em um descompasso bem louco e eu me levanto e corro para janela o encontrando com um sorriso lindo e uma rosa na mão.

- sentiu minha falta doce Angel? - suas palavras fazem meu corpo estremecer.

- você voltou? Ai meu Deus eu devo está sonhando - cogito essa possibilidade, mais parecia ser tão real.

- eu voltei amiga, e quero te levar para um lugar, vamos? - ele diz sorrindo deixando meu coração cheio de felicidades.

Dessa vez eu não tive o auxílio da escada para descer pela janela, apenas confiei no meu amigo e descir sendo amparada em seus braços. Corremos até o carro que ele tinha estacionado na frente de sua casa, e mesmo não sabendo o destino que ele me levaria, confiei e arrisquei me jogar de cabeça nessa loucura.