𝐃𝐄𝐒𝐓𝐈𝐍𝐀𝐃𝐀; Kuroo Tetsurou

•Capítulo 17•

ㅡ [S/n]...Por que não falou comigo?

Não respondi.

ㅡ Se estava tão sufocada, por quê não falou comigo?

Não respondi, não tinha resposta.

ㅡ Não vai sequer me olhar? Vamos lá, você não é tão covarde

Vi ele se aproximar. Pegou meu rosto com as palmas das mãos e me olhou por um tempo. Beijou a lágrima que escorria de meu rosto, uma, duas vezes. Até os beijos serem substituídos por lambidas em meu rosto. Eu o empurrei e o vi cambalear para trás.

ㅡ O que merda você está fazendo?ㅡ limpei meu rosto com a camisa.

ㅡ Você não parava de chorar, esse foi o único jeito que eu imaginei para a fazer parar.

ㅡ Ah claro. Louco.

ㅡ Então [S/n], voltando a minha pergunta inicial. Por quê não falou comigo? Era só falar que não queria.

ㅡ Ah, pode ter certeza que não foi por você. Minha irmã, foi por causa dela. Coitada, não sabe nem o que tá acontecendo e eu me sinto até culpada por estar a usando Assim, mas infelizmente é por ela, eu só aceitei esse casamento insano por causa do tratamento delaㅡ estava falando mais para mim do que para qualquer um.

ㅡ Essa é a [S/n] que eu conheço, não mede as palavras, simplesmente fala o que quer. Independente se vai machucar alguém ou não.

ㅡ Não, você não me conhece! Não pode falar esse tipo de coisa.

ㅡ Esse lado espinhoso seu conheço Sim, foi o único que você me mostrou, nunca me permitiu a conhecer direito.

ㅡ Digo o mesmo para você. Quase não o reconheci naquela sala.

ㅡ É preciso manter a pose. Só assim o velho larga do meu pé.

O silêncio se fez presente por um tempo, o tom sarcástico do moreno desapareceu e ele estava sério.

ㅡ Então você não quer fazer isso.

Neguei com a cabeça baixa.

ㅡ Nunca abaixe sua cabeça, independente da situação. ㅡ ele ergueu meu queixo.

ㅡ Sabeㅡ me afastei um poucoㅡ no início não parecia uma situação tão ruim, depois do dia que eu te conheci você foi até um pouco legal comigo. Se eu falar que não me diverti com você vou estar mentindo, minha mente era só focada nos estudos e no meu trabalho, mas aí, do nada um casamento. Isso me desestabilizou, mas ainda sim aceitei, pela minha família. De ontem para hoje, enquanto assistia filmes, comecei a pensar sobre o que eu realmente queria, e com certeza não era um casamento. Você também não quer isso, então pra quê forçar? Algo que temos em comum é  que nós nunca amamos ninguém, foram apenas noites, momentos carnais. Eu não consigo fazer isso, desculpa. 

ㅡ Tudo bem. Você tá certa. Se é isso que você quer, vamos cancelar essas porcaria de casamentoㅡ ele pegou minha mão e começou a me dirigir para o lado de fora da sala, algo nele parecia quebrado e quem estava de cabeça baixa agora era ele. ㅡ Eu vou pagar o tratamento da sua irmã. Independente de qualquer coisa.

ㅡ Obrigadoㅡ foi a única coisa que falei.

Voltamos para sala e cancelamos o casamento. Kuroo permaneceu calado durante o resto do tempo em que eu estava lá. Sequer se despediu quando estávamos indo embora. 

O caminho para casa foi silencioso, apenas apoiei 

minha cabeça no vidro do carro, observando a água que escorria pelo vidro da chuva que caía do céu. Momentos, momentos passaram pela minha mente durante todo o caminho. O dia do meu aniversário, a festa, o beijo…

ㅡ Desculpa mãeㅡ falei assim que passamos pela porta de casa. 

ㅡ Tudo bem filha. Você não está sozinha, eu errei quando tentei impor esse casamento a você. ㅡ me abraçou e eu retribuí. 

ㅡ Mas você não me obrigou a aceitá-lo.

ㅡ Mesmo Assim, eu sabia que você aceitaria porque você nunca conseguiu pensar apenas em si. Me desculpa. Eu vou dar um jeito em tudo.

ㅡ Kuroo disse que ia pagar o tratamento da Yu, mesmo sem casamento. Ele não sabe o quanto sou grata a ele.

ㅡ Eu sei.

Conversamos por mais um tempo e fui para meu quarto. Tomei um banho quente e fui para debaixo das cobertas. Sabia que não conseguiria dormir essa noite.

Kuroo Tetsurou 

Não entendia  porque doía tanto, não fisicamente, mas sim sentimentalmente. Não consegui sequer olhar para ela desde que saímos daquela sala. Estava frustrado. Não via melhor forma de lidar com isso. Liguei para meus amigos e pedi para me encontrarem em umas das festas que sempre íamos. Eles não perguntaram o motivo, apenas concordaram. Estava dirigindo para lá nesse momento.

ㅡ Pode nos falar o que está acontecendo? ㅡ Perguntou Taketora quando me sentei no sofá em que eles estavam. Pedi uma garrafa de whisky que não demorou a chegar. Antes de responder a pergunta de Taketora virei a garrafa dando um longo gole.

ㅡ Não vai mais ter casamento.

Kenma largou o jogo quando falei.

ㅡ Por quê? ㅡ Yaku perguntou mas dava para ver que todos tinham a mesma pergunta em mente.

ㅡ Ela não quisㅡ não dei muitos detalhes.

ㅡ Como você está? ㅡ perguntou Kenma.

ㅡ Frustrado. Frustrado para caralho.

ㅡ Fica assim não. Levou o seu primeiro chute na bunda, sei que isso nunca aconteceu com você mas para tudo tem uma primeira vez ㅡ Lev debochou.

ㅡ Vai se foder, Lev. 

ㅡ Você estava gostando dela? ㅡ Kenma perguntou. Com isso, me tirou da realidade, mas logo voltei.

ㅡ O quê? ㅡ ri com escárnioㅡ Não! 

ㅡ Não é o que parece ㅡ Taketora disse debochando.

ㅡ Eu não estava gostando dela. ㅡ Queria me convencer disso. 

ㅡ Bom, não te julgo. Ela é uma garota legal, vai ver agora eu tenha chance com ela. ㅡ Taketora disse e Lev concordou.

Kenma suspirou e voltou sua atenção para o jogo.

ㅡ Não ousem se aproximar delaㅡ falei.

ㅡ Kuroo, relaxa e bebe. A gente cuida de você. ㅡ Yaku disse.

ㅡ Não sou uma criança. Kenma, bola um pra mim? 

Ele acenou e começou a bolar um baseado. Perdi a conta de quantas garrafas de Whisky tomei, depois de virar a segunda não me lembro de nada.

•Continua...