Bianca
Sonhei acordada com Rafaella.
É errado, sei que é. Pensar tanto em uma mulher que não está disponível nunca é bom.
A maneira que disse pode ser errada, já que Rafaella é solteira, só que no fundo sei que dificilmente ela ficaria com alguma mulher que invade o seu pouco espaço.
Devo dizer que me assustei ao acordar em sua cama, até mesmo me senti embaraçada já que nem lembro o momento exato em que dormi. Não quero abusar da paciência dela, e rapidamente saí do seu quarto.
Nesse momento estou trabalhando, e não vi Rafaella no período da manhã e nem no início da tarde.
Me acostumei a não vê-la andando pela casa, e sei que Rafaella fica isolada na maior parte do tempo.
Enquanto caminhava em direção a um dos cômodos, percebi Rafaella vindo na direção oposta.
Meu coração acelerou, não me perguntem o porquê. Estou parecendo uma menina apaixonada, e isso não é normal para uma mulher que nem eu.
— Precisa de algo? — sorri, quando nos cruzamos.
Pareço uma idiota. É, eu sei.
— Que não me faça perguntas toda hora. Consegue ou é subestimar demais sua inteligência?
Sou uma imbecil se achei que ela iria me tratar bem depois da última noite.
Você merece, Bianca. Sua ingenuidade me espanta.
— Eu só perguntei...
— Não pergunte! Qual o seu problema com perguntas?
— Por que me trata assim? O que eu te fiz? — retruquei.
— Você é irritante, Bianca. É isso que faz.
Não... nenhuma mulher pode ser tão fria e amargurada como Rafaella, isso está fugindo do controle.
— E você é uma... babaca!
Ops!
Vi claramente quando a mulher estreitou os olhos e mais parecia um animal pronto para dar o bote em sua presa.
— O que disse? Acho que não ouvi bem. — deu um passo, ficando a centímetros do meu corpo, mas se ela acha que ficarei intimidada, está completamente enganada. Sou mulher o suficiente para bater de frente com qualquer mulher que seja.
— Não sei ao certo se tem problemas de audição, mas vou repetir calmamente. — Tomei fôlego. — Você é uma ba-ba-ca. — a última palavra disse pausadamente, para que não houvesse erro de interpretação. — Ouviu bem ou vou precisar escrever ou desenhar? — complementei, dessa vez tirando sarro, tal como ela fez em algumas oportunidades comigo.
Rafaella realmente não acreditou que eu havia falado algo assim, seu rosto demonstrava isso, mas se antes ela parecia com raiva, agora então não consigo nem descrever, já que nunca a vi desse jeito.
Pela primeira vez senti medo.
— Acho que não dá valor ao seu emprego. Pelo visto quer ser demitida agora, não é?
Confesso que por alguns segundos pensei em me desculpar, mas quer saber: dane-se! Não vou ser tratada que nem um animal!
— Se quer me demitir, me demita, mas faça isso agora! — falei em alto e bom som. — Não preciso ficar aqui só porque paga muito bem! Não sou seu saco de pancadas!
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THE LOST
FanfictionCom qual olhar você encararia a vida se perdesse sua esposa e filha em um acidente de carro? Rafaella Kalimann é uma mulher marcada por uma das piores dores do mundo: a dor de enterrar um filho. Após a grande tragédia em sua família, ela se fechou p...