Eu não consigo te esquecer

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“O passado molda o nosso presente, e o nosso futuro depende exclusivamente das escolhas que fazemos.”

Rafaella

Uma semana se passou, e continuei com questões mal resolvidas com Bianca. Ela mal olhava em minha cara, e nem mesmo fazia questão de conversar comigo, somente assuntos triviais relacionados ao trabalho.

Não entendi o porquê logo agora ela insistiu tanto em me perguntar sobre a tragédia que ocorreu em minha família, mas não vou falar algo que lutei tanto para esconder.

— Você quer chá?

— Adoraria. — sorri.

É... eu estava brincando de casinha com Alice, ou seja lá o que isso se chama. Basicamente consiste em ficar sentada fazendo nada, fingindo que está comendo e bebendo junto com bonecas. Fazia tempo que havia praticado essa experiência com Sofia. Na época era isso, ou ficar brincando no parque.

— O chá que eu fiz tá bom?

— Uma delícia.

— Então toma ele direito, tá? — disse com autoridade, quase me obrigando.

— Pode deixar. — assenti.

A escola de Alice havia começado há alguns dias, e no começo ela não estava animada, acho que ela preferia ficar aqui, brincando com todas as pessoas possíveis da casa. Eu sou a preferida, modéstia à parte, pelo menos eu acho, já que algumas brincadeiras Gabriel não gosta de participar, como essa de agora. Já eu... tenho que confessar que é complicado falar a palavra não para essa pequena, tentei alguns dias atrás, e ela ficou com os olhos tão tristes que fiquei com pena e voltei atrás na minha decisão, e uma mulher como eu refazer algo que fiz inicialmente é um tanto difícil.

— Tia Rafa...

— O que foi?

— Com quantos anos eu posso namorar? — fixou o olhar em mim.

— Como é?!

É claro que me assustei, ainda mais vindo de uma menininha tão pequena.

— Tô querendo saber quando eu posso beijar na boca. — sorriu mostrando os dentes, mas um pouco sem graça. (n/a: ALICEEEEE!  🗣️🗣️🗣️)

— Hora nenhuma! — falei com o tom elevado. — Onde já se viu uma menina...

Cessei a fala. Às vezes esqueço que estou conversando com uma garotinha de 5 anos de idade.

— Mas eu vejo as pessoas fazendo isso — tentou argumentar.

— São adultas. Você é uma criança, só daqui... uns 15 anos ou mais.

Eu sou péssima para falar sobre esses assuntos. Não tenho vocação alguma para conversar sobre namoradinhos ou até mesmo beijos.

— Tá bom, tia Rafa. É que eu vi você e a mamãe beijando na boca.

Congelei. E eu pensando que a situação não podia piorar...

— Tem certeza? Você não viu... errado?

Ótima desculpa, Rafaella.

— Não. Tem alguns dias já. — sorriu.

— Desculpe, Alice. Eu... nem sei o que dizer.

É raro eu ficar com vergonha, embaraçada ou algo do tipo, mas agora eu não sabia onde enfiava a minha cabeça. Fiquei desnorteada, e nem sequer consegui arrumar uma desculpa decente.

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