THE LOST

Eu te amo muito

“Se faz necessário algo a mais para que nossa vida volte ao normal...”

Bianca

Rafaella havia voltado para casa.

Ela foi trazida na cadeira de rodas, e nessa última semana não falou quase nada com ninguém. Conversar com ela era quase um monólogo, já que só respondia o essencial, em frases de no máximo três palavras, quando muito.

A maior parte desses dias ela passou dormindo. Não sei exatamente os efeitos que aquela tortura causaram em sua cabeça, mas sei que ela precisa de alguém para animá-la a seguir em frente, e essa mulher serei eu.

— Preciso que faça a fisioterapia como ela tem que ser feita.

Silêncio. Ela sequer me olhava.

Rafaella nem mesmo brigava comigo. Sua mente estava distante, e além de tudo parecia não se importar com nada a sua volta. Ela não se locomovia sem a cadeira de rodas, e seu rosto ainda estava um pouco inchado devido às agressões.

— Rafaella, você está me ouvindo?

Ela desviou seus olhos para mim, só que não disse nada.

Esse gesto deve ter sido feito em no máximo três segundos, e logo ela voltou sua atenção ao... nada.

Estava difícil conversar com ela, ou tentar animá-la para que ela fizesse a fisioterapia corretamente. Conhecendo-a bem, acho que será difícil. Tudo a respeito de Rafaella é complicado no fim das contas.

— Me certificarei de que fará todos os exercícios corretamente.

Resolvi dar um tempo a ela, mas já pensava em meus próximos passos, e em como acompanharia de perto sua recuperação.

Tentei continuar normalmente meus afazeres do dia a dia na mansão, só que isso era mais difícil a cada segundo que eu não estava perto de Rafaella.

A vontade de estar por perto me matava, e por mais que ela quisesse e precisasse de um tempo, algo mexia comigo, sendo assim volta e meia dava um jeito de ver como ela estava, por mais que ela não falasse uma palavra.

Foi em uma dessas vezes que fui ao seu quarto que vi Alice saindo do mesmo, acompanhada por Helen.

Minha filha não estava feliz, e seu rostinho me provou isso. Eu já tinha uma ideia do que poderia ter acontecido.

— O que foi? — ao me aproximar vi mais um pouco de sua face, percebendo ela chorosa e cabisbaixa.

— A tia Rafa não falou comigo. Ela nem me olhou.

Agachei e toquei seus ombros.

— Filha, aconteceu muita coisa com ela. Rafaella está muito machucada.

Bom, essa foi a parte mais difícil para mim: Gabriel e Alice.

Até dias atrás os dois pensavam que estariam participando de uma brincadeira, só que agora tive que contar algumas coisas que aconteceram naquele fatídico dia.

Não contei a história toda para eles, somente algumas coisas, entre elas que a mansão havia sido assaltada e que Rafaella havia sofrido agressões.

Não poderia mentir, e as crianças têm contato com ela de forma constante.

— Hm. Mas ela vai voltar a conversar com a gente?

— Tenho certeza que sim. — forcei um sorriso discreto. — Vá brincar. Fique com Gabriel um pouco, ele está precisando de alguém do lado dele.