"Há gestos que surpreendem até a mais cética das mulheres..."
5/10
Bianca
Depois de seis árduos meses Rafaella começou a andar sem ajuda, mas ainda possui certa dificuldade em alguns movimentos no quadril.
Para não atropelar as coisas, vou explicar de forma resumida o que aconteceu.
Os dois primeiros meses foram os mais difíceis para ela. Para nós. Foi a fase de todas as dificuldades possíveis, momento que ela pensou em desistir várias vezes. O segundo mês em especial foi quando ela começou a fazer o circuito que a fisioterapeuta propôs, e já conseguia mexer seus dedos e pé normalmente.
O nosso medo maior era esse, devido a lesão na coluna várias partes foram afetadas, e Rafaella teve que começar por baixo.
O terceiro mês posso dizer que foi um marco em sua recuperação, já que nesse mês específico Rafaella teve a maior evolução, e conseguia se movimentar com as muletas. Apesar de ter certa dificuldade, ela fez todos os exercícios e não desanimou, muito pelo contrário.
Já o quarto mês foi muito difícil, pois não houve evolução aparente. Mesmo assim, Rafaella não desanimou, e eu me perguntava de onde ela havia tirado forças para prosseguir, já que estava vendo esperança em tudo. As crianças ficaram com ela em todas as sessões, e a incentivavam constantemente. Gabriel ficou ainda mais próximo da mãe, e até mesmo nos momentos de descanso lá estavam os dois, fazendo companhia um ao outro.
Alice.
Eu havia me esquecido, mas ela fazia questão de também estar em todos os lugares, e por isso até me perguntei se ela lembrava da minha existência. Sim, fiquei com um pouco de ciúmes, confesso.
No quinto mês vários exercícios mudaram, mas Rafaella continuou progredindo, e agora conseguia se equilibrar sozinha por alguns segundos sem ajuda alguma. Em um dos dias nesse mês a abracei e chorei com vontade ao ver que ela havia completado mais uma etapa da fisioterapia. Foi nesse mês que pude observar uma Rafaella emocionada com todo o progresso que havia feito, e também uma mulher que ansiava que o dia seguinte chegasse para que pudesse fazer os exercícios propostos novamente, e como ela dizia: "farei melhor do que ontem."
O sexto mês foi o mais constante de todos, mas Rafaella já estava forte o suficiente, e caminhava sem ajuda alguma, e por mais que ficasse de pé, não caía e seguia em frente. Às vezes ela se apoiava em algum lugar, mas como dito a mim, isso faz parte de sua evolução.
Quanto a mim... bem, eu estava acabada, confesso. Perdi peso, estava com olheiras, e minha mente não estava nada boa devido a correria.
Apesar dessa vitória, eu fiquei debilitada.
Para quem pensa que isso é frescura, tente ajudar alguém que não quer ajuda que entenderão bem o que estou falando. Isso te esgota, e chega um momento em que nossa vontade é jogar tudo para o ar e tocar o foda-se, mas se a pessoa é importante, tentamos até o fim.
Foi o que fiz. O que continuo fazendo.
Não vou mentir e falar que não pensei em deixar de ficar insistindo com Rafaella, porque isso vinha e voltava em minha cabeça, principalmente quando ela surtava e dizia que não faria exercício algum. Graças a Deus isso foi no começo, e conforme ela conseguia ficar mais forte, uma vontade descomunal se apossou dela, e a minha preocupação se tornou justamente o contrário, já que tinha dias que Rafaella praticamente implorava para fazer mais exercícios, algo que não poderia devido a vários fatores como o fisioterapeuta disse.
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THE LOST
FanfictionCom qual olhar você encararia a vida se perdesse sua esposa e filha em um acidente de carro? Rafaella Kalimann é uma mulher marcada por uma das piores dores do mundo: a dor de enterrar um filho. Após a grande tragédia em sua família, ela se fechou p...