Cap.08- Edu

382 37 1
                                    

Eduardo

Há cinco fodidos meses eu tento criar coragem pra voltar, mas o medo de ser rejeitado e dela não querer me ouvir é maior.
Foi preciso um empurrão da minha irmã mais nova e claro a notícia de que eu poderia perdê-la para sempre.

- Edu volta logo! Irmão você deixou nosso pai controlar você por dez anos!
- eu sei baixinha, mas ela tá noiva não tem nada que eu possa fazer - suspiro.
- como não? Lutar por ela Edu! Não é justo você continuar sofrendo! O Miguel e um cara legal e faz de tudo pela Helo mas irmão não é justo você ficar sem o amor da tua vida! Ela te ama.
- ela fez o que eu disse na carta, seguiu a vida dela.- falo tentando me convencer de que é isso que eu acho na verdade.
- porra Eduardo! Tu é meu irmão mais é um cabeça dura! Vem logo antes que eu mesma conte pra ela! - Brenda ameaça.
- prometo que vou pensar - me convenço.
- mano você não entendeu! Ele a pediu em casamento e isso significa que em seis meses eles vão embora do Brasil. Ele ganhou uma bolsa lá e conseguiu ajeitar as coisas pra ela ir com ele!
- tá legal vou me organizar e tô voltando! Vou conquistar minha mulher de volta - falo.
- esse é meu maninho. Te amo beijos - ela ri.

Agora eu tô aqui num avião prestes a encontrar o amor da minha vida que não quer me ver nem pintado de ouro.

Depois que a Brenda me busca no aeroporto ela me prepara para encontrar com Miguel do meu apartamento, mas nada me preparava para o que de fato eu encontrei.

A ruiva estava estonteante, mil vezes mais linda do que nunca, e a bendita camisa branca masculina que eu sempre dizia o quanto ela ficava sexy pra caralho. O rosto corado, os olhos selvagens, o seios perfeitos e mais desenvolvidos pontudos, aquelas coxas grossas, ela estava sentada na mesa e o cara encaixado em suas pernas. Puta que pariu não foi isso que imaginei encontrar quando chegasse.

Ela ficou desconcertada e como previ mal me olhou.
Comecei cedo no dia seguinte e de cara fui pro centro cirúrgico tratar de um adolescente com hemorragia abdominal e uma TCE que precisava de drenagem, eu neurocirurgião pediátrico ja entrei em ação.

Ver a mulher que eu amo sendo foda dentro do centro cirúrgico me deixou paralisado, a desenvoltura, sua postura, é claro a marra sempre presente. Era nítido o quanto ela era competente e amava o fazia.

As semanas foram passando e ela me evitava a todo custo em me encontrar, porém no hospital era inevitável já que caímos alguns plantões juntos na escala, mesmo com as patadas que ela me dava de graça, uma gata arisca.

Quando faltava duas semanas pro casamento da Brenda o clima ficou pesado, eu a encontrei chorando, tentei me aproximar mas mesmo ferida ela não me deu chances, mas tinha algo a ver com uma tal de Soraia que pelo entendi é a sogra.

Quando chego em casa a encontro cozinhando, descobri ser um de seus passatempos preferidos. Tento me aproximar ajudando, mas sou recusado sem chance de oferecer ajuda.
- Eduardo eu não pedi sua ajuda então fica na sua - ela diz com raiva.
- até quando você vai bancar a criança e me evitar?
- eu não sou obrigada a conviver com você.- ela grita.
- custa baixar a guarda, acho que a gente precisa resolver várias questões o que me diz?
- não temos nada pra resolver! - ela fala com raiva- você perdeu a chance quando me  evitou durante dez anos!- grita.
- por isso mesmo nós precisamos conversar!
- Não! Eu não quero mais saber! - ela chora -  você perdeu esse direito quando me excluiu sem explicação nenhuma, então não vem com essa de que precisamos resolver várias questões, porque quando eu tava disposta a resolver você ...- eu a corto.
- eu não fui embora porque eu quis!- grito- eu fui embora porque o meu pai ameacou tirar a Brenda da minha mãe, menor de idade na época e obrigar ela a casar com um dos seus sócios! Porque o cara que se dizia meu pai ameacou a minha mãe de deixar ela sem nada!
Ela me olha horrorizada. Em choque, com raiva não sei distinguir.
- claro e por isso você sumiu! Serviu no exército e depois o que? Você era maior de idade.- ela grita de volta.
- eu quis proteger minha irmã, minha mãe e você! - grito.
- eu?! Não tem sentido isso!
- como nao? Você ia me esperar por acaso?
- claro que sim! Se você tivesse me contado tudo, e não me excluido por completo! Mas aí nao, você não me deixou conversar ou ver você, você tava ou tá noivo sei lá!
- ia me esperar até quando? Até meu pai morrer com seus mil anos?- falo com desgosto - eu não podia e nem tinha o direito de interromper a sua vida.
- eu percebi isso quando eu soube que você seguiu a sua! - ela grita - ali eu percebi que eu merecia muito mais do que um silêncio!
- Helo..... sabe porque eu voltei?- falo mais calmo enquanto ela me olha. Está nervosa, seu peito sobe e desce, as bochechas vermelhas de raiva.
- pra me enlouquecer só pode!- ela devolve.
- não! Eu vim porque meu pai morreu há cinco meses, e eu tô criando coragem pra vir pra casa, pra encontrar minha família e amigos e você!
- criando coragem? Pra casa? - ela ri sem humor.
- sim.
- eu quero você longe de mim - ela fala - eu não consigo ser sua amiga! Eu não consigo nem se quer ficar no mesmo ambiente que você!
- você sabe que não é assim.....- falo pensando nas palavras que vou usar.- podemos conversar melhor quando você tiver mais calma e absorvido tudo isso.
- a Brenda teria me contado - ela diz.
- não teria porque ela sabia que você daria um jeito de tentar falar comigo se soubesse.

Ela me olha por alguns segundos sem esboçar nenhuma reação. Eu quero abraçá-la e dizer o quanto eu a amo, mas não o faço. Ela precisa de tempo e entender tudo que aconteceu que nos afastou.

- você o ama?- pergunto, com medo da resposta.
- que diferença isso faz pra você?- ela devolve.
- toda diferença - nossos olhos estão se encarando.
- eu tenho alguém do meu lado que me ama.
- não foi o que eu te perguntei - a boca dela se abre e fecha algumas vezes.
- essa sua história e muito bizarra pra eu simplesmente acreditar.
- mas e a verdade! Por favor Helo eu não posso apagar o que passou mas vamos pelo menos tentar seguir em frente sendo amigos?
- não sei se consigo!- ela me encara e sai da cozinha me deixando sozinho.

O estrago foi maior do que eu imaginava, minha garota estava quebrada e eu fui o responsável.

- Louca saudade #Onde histórias criam vida. Descubra agora