Cap.13

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Fiquei no quarto o domingo todo sem coragem de encarar o Edu, meu corpo iria me entregar. No final do dia resolvi fazer uma massa pra jantar, Brenda disse que viria jantar com João em casa.

Coloquei uma música leve, Ana vitória trevo de quatro folhas, uma cerveja e comecei os preparos.
Eu viajo em pensamentos quando cozinho, me relaxa tanto quando está dentro de um centro cirúrgico.

Tenho a sensação de estar sendo observada, e após terminar a massa me viro para servir no refratário e encontro Edu me olhando e sorrindo. Está lindo.

- perdeu alguma coisa?- brinco tentando não ser grosseira como de costume.
- perdi. Meu juízo - ele passa a mão no cabelo e ri.
- quer comer?- ofereço e ele entra na cozinha.
- quero. Depois podemos conversar?- ele pede.
- ok - ofereço uma cerveja.

Comemos tranquilos, ele me contou algumas coisas que o pai o mandava fazer, sobre ele ser dono de um dos hospitais do exército mais conhecido de SP e que quando o pai morreu ele deixou que a filha do sócio assumisse a presidência mas ele continuaria como sócio. O pai dele e da Brenda morreu em um acidente de avião há 5 meses. Trágico.

Depois de comer ele me ajuda com os pratos. O clima não está pesado o que é ótimo tendo em vista como estava quando ele chegou.

-podemos conversar agora?
- tudo bem.- digo.
Vamos até a sala onde sentamos distantes. Minha cabeça girava para outro lado que não era conversa.
Eu beijei outro cara e ele não era o meu noivo. Eu sou o que eu mais abomino uma traidora.

- Helo o que aconteceu ontem foi...- ele começa e eu o corto.
- Edu, eu e você bebe demais ontem, eu não sou uma traidora - meus olhos se enchem de lágrimas - eu nunca trai ninguém na vida.
- eu sei disso linda, eu nunca acreditei que você fosse uma traidora. Eu te conheço a minha vida toda.
- mas eu trai meu noivo - digo.
- calma você não fez nada sozinha, eu também estava.
- olha Edu eu não quero brigar com você, acho que o que passou,passou e temos que olhar daqui pra frente. - ele me encara e assente - eu entendi os teus motivos, mas não quer dizer que eu concorde de você e a Brenda teres escondido tudo isso de mim.
- hoje eu vejo que eu poderia ter dito, evitaria tanta coisa - seus olhos ficam fixos no meu e descem até minha mão onde meu anel de noivado está.
- pois é- falo sem voz - mas agora seguimos daqui pra frente. Eu conversei com Miguel, sobre nós - ele me olha - sobre o que tivemos e tudo o que aconteceu, e ele entendeu e disse que se temos uma amizade não se pode ficar de picuinhas.
- ele parece um cara legal - ele fala.
- ele é - digo.

Nossos olhares ficam preso um no outro por um tempo, até que eu levanto.
- tá de plantão amanhã?- ele assente.
- vou operar amanhã cedo o Vitinho - ele sorri.
- jura?! Que ótimo! Ele estava aguardando ansioso por essa cirurgia. Eu posso acompanhar?
- claro Helo - sorri.

No dia seguinte chego cedo no hospital passo minhas visitas e agendo a próxima cirurgia para o final da manhã já que vou assistir a do Edu. Deixo avisado a enfermeira da unidade onde me encontrar, chamo a Lore e vamos.

- quer auxiliar?- Edu pergunta enquanto entramos no vestiário.
- claro! Faz anos que não atuo na neuro mas acho que ainda lembro - sorrio empolgada.
- fala sério sua bruxa malvada você não contou que desistiu da neuro porque se apaixonou pela pediatria?- Lore brinca.
Edu me olha surpreso enquanto estamos indo ao lavatório.
- como assim?- pergunta sorrindo - você ia ser Neuro?
- sim - reviro os olhos - até o dia que eu estava na emergência de plantão e chegou um adolescente que foi atropelado de propósito pelo próprio pai, o cara atropelou ele é o irmão de 6 anos que teve hemorragia abdominal e perfuração de baço e fígado, e ali eu descobri que não queria ser mais neuro. E troquei.
- uau! Já pensou se fosse fosse neuro? - ele diz sorrindo.
- ela ia ser maravilhosa como sempre - Lore me abraça.
- já parei pra pensar mas não me vejo mais assim. Eu amo o que eu faço.- digo orgulhosa e Edu beija minha testa.
- então vamos lá senhora Hammes - pisca e entra na sala.
- meu Deus Helo ele ainda é louco por você - Lore diz baixo.
- não é não - digo sorrindo. E entro na sala.

A cirurgia foi excelente, Edu é muito fera, detalhista, preciso e competente, quando acabou a cirurgia e fomos até o lavatório não resisti e o abracei parabenizando pelo trabalho, o que o deixou surpreso , ele me abraçou de volta bem apertado.

Almoçamos eu, ele e a Lore foi extremamente divertido, Brenda chega depois para visitar os pacientes da Uti neo e conversamos sobre alguns casos eu vou operar hoje a tarde um paciente dela que nasceu com as viceras expostas, depois do tratamento iríamos colocar na cavidade abdominal.

Miguel me ligou e contei sobre meu dia ele ficou feliz por mim, a cirurgia torácica de transplante pulmonar que ele iria participar foi um sucesso e agora estão acompanhando o paciente.
- mas você vem ao casamento né ?- pergunto.
- vou mas chego somente sábado a tarde- ele diz.
- ah claro pra despedida de solteiro - brinco.
- sim - ele ri - a da Brenda e na quinta?
- isso! Vamos pro hotel fazenda na quinta de manhã e a noite vamos pra despedida que eu e a Beck organizamos.
- to com saudade - ele diz. Me sinto culpada pois eu não senti tanta falta assim.
- eu também - digo.
- vou dormir que amanhã preciso acordar cedo pra fazer uma bateria de exames no paciente- ele diz.
- está bem, boa noite querido.
- boa noite amor - finaliza.

A semana estava passando tão rápido que quando dei por mim já era quarta feira noite, estávamos eu , Brenda, Edu, Beck, Bruno é João no chão da sala rindo e bebendo cerveja.
- quero vê oque vocês aprontaram pra despedida de solteiro do João - Brenda fala seria olhando pro Edu.
- não me olha não irmãzinha, quem organizou foi o Bruno.
- no mínimo vai ter várias mulheres fazendo lap dance - eu digo os encarando.- rebolando e esfregando a bunda na cara de vocês - Edu sorri.
Não consigo disfarçar o ciúme. Estamos cada vez mais próximos.
- como se com vocês não fosse ter homem?- Bruno diz.
- oh se vai! Eu contratei uns gogo boy pra nós - eu digo rindo me abanando elas riem.

Eles vão embora cedo, a Brenda foi com o João pro quarto e eu fui arrumar minhas malas. Estava escolhendo biquínis.
- você sabe que esse troço aí não tapa nada né ?- Edu diz.
- a intenção é não tapar bobinho - mostro a língua e sorrio.
- vai querer carona?- me oferece.
- claro. Na volta eu venho com o Miguel ele vai chegar sábado.
- claro - sorri de lado.

Edu deita na minha cama e ficamos conversando enquanto termino a mala, eu senti falta disso dele. Depois se despede com um abraço e um beijo na testa.

- Louca saudade #Onde histórias criam vida. Descubra agora