Cap.09

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O Eduardo quer me enlouquecer só pode! História sem pé nem cabeça. Eu escuto quando ele sai de casa, ele tá de plantão hoje, ainda bem.

- nossa o que aconteceu?- Brenda diz assim que entra no meu quarto.
- você sabia de tudo isso?- pergunto e ela me encara. Não acredito!
- Helo... ele te contou?
- contou. Não foi bem uma conversa. Mais contou.- digo ríspida.- você viu o quanto eu sofri, sabia tudo que tava acontecendo e ainda assim me manteve de fora!- acuso.
- sabia - ela suspira - Helo meu pai como você sabe sempre foi um babaca, ele ameacou nossa mãe, queria me arranjar um casamento com um cara com o dobro da minha idade, o Edu sacrificou ele mesmo para nos proteger e manter juntos.
- e me manteriam de fora! O que mais vocês escondem?- pergunto.
Brenda me encara, tem mais coisas.

- esse apartamento que moramos é do Edu.- ela diz e eu olho chocada.
- nós pagamos aluguel, não é possível!- eu digo com raiva.
- o dinheiro do aluguel o Edu investiu a sua parte pra você e a minha parte pra mim. Eu não sabia como te contar, você não aceitaria vir morar comigo se soubesse.
- óbvio que não! Então quer dizer que a única intrusa aqui sou eu!- falo.
- claro que não amiga, o Edu jamais tiraria você daqui.
- a questão é que vocês me enganaram! Me usaram e manipularam! Como você pode fazer isso comigo? Você é minha melhor amiga! Uma irmã pra mim Brenda!- grito.
- justamente por você ser minha irmã! Eu quero proteger você mas você é cabeça dura!
- eu preciso ficar sozinha - digo entrando no meu banheiro.
- Helo por favor me perdoa, eu não guardei segredo por mal.- ela chora.

Tomo um banho e mando mensagem pra Beck, preciso conversar com alguém de fora, preciso entender toda essa história. Me arrumo e vou até o restaurante, onde meus amigos são donos. Bruno me deixa sozinha com A Rebeca.

- então foi isso - digo terminando de contar tudo que aconteceu e bebendo uma cerveja.
- puta que pariu!- fala enquanto pega mais uma cerveja.
- eu fui traída duplamente, tô com raiva, tô me sentindo usada - não consigo conter meu choro.
Ela me abraça.

- Helo vendo de fora eu consigo entender todo o contexto. O Edu protegeu vocês três, você a Brenda e a tia. Você imagina se ele tivesse contado?- nego - você estaria esperando pelo dia que talvez fossem ficar juntos e tua via ia ficar estacionada esperando. E se vocês ficassem juntos ele iria ficar sem a Brenda e sem a mãe, e consequentemente você ficaria sem a Brenda.
- mas não justifica a mentira.- choramingo começando a justificar as mentiras.
- Helo você é uma mulher forte e inteligente, não vamos por esse lado- ela segura minhas mãos - a Brenda te ama como se fosse irmã de sangue, a amizade de vocês duas sempre foi mil vezes mais forte do que a nossa por exemplo, eu amo vocês duas mais sei que vocês são um par e eu acho isso lindo. Mas você precisa entender que o Edu não fez só por ele e fez por vocês duas também.
- eu não consigo aceitar que ninguém me contou. E de quebra descobri que moro há anos no apartamento do Edu. Eu pago aluguel todo mês pra ele e eu nunca soube! A Brenda me contou que o dinheiro do aluguel ele investe em algo pra mim e outro pra ela.
- amiga ela sabe o quão orgulhosa você é, jamais iria aceitar morar com ela de graça ou na casa do Edu. Não leva isso como traição. Você não faria a mesma coisa por ela?
- acho que não.- falo.- eu preciso sumir uns dias. Eu preciso pensar.
- faz isso, mas não afasta seus amigos. - ela diz.

Ligo no hospital peço uns dias de folga para resolver uns assuntos, já que logo é o casamento. Sei que esse horário ela não está em casa, vou correndo até o apartamento e pego uma mala pequena, suficiente para uns três dias, arrumo tudo que preciso e saio.

Meu celular tem várias chamadas da Brenda e do Edu. Eu sei que e ele porque me mandou mensagens.
- alô - Miguel atende.
- posso passar uns dias com você?- digo em frente ao prédio dele.
- claro linda - ele boceja.- quer que eu vá te buscar?
- eu tô aqui em baixo já - falo e ele ri - tô te esperando amor - ele desliga.

Subo e o encontro me esperando com a porta aberta, sorrindo, mas logo percebe que não estou bem, abre os braços e eu choro, choro descompensássemos e sou amparada pelos seus braços.

- o que houve amor?- pergunta assustado - quase nunca te vejo chorar.
- eu só preciso ficar um pouco sozinha, prometo que depois te conto. - falo e ele acaricia meu cabelo.
- tudo bem - ele me puxa pra dentro e me acomoda em seu colo.
Choro por todos esses anos, pela mentira, pela forma que descobri a verdade, por ter me sentido enganada, e por não consegui tirar esse sentimento de mim.

Miguel levanta para pegar um chá pra mim quando seu telefone toca, escuto alguns nuances da conversa.
- ela tá aqui comigo - diz - não quer me contar o que aconteceu, nunca vi ela nesse estado.- fica um tempo em silêncio - sim ela disse que depois vamos conversar, mas Brenda eu tô preocupado ela tem tanta dor nunca a vi chorar assim.- ele pausa - ela vai ficar aqui comigo uns dias, pode deixar que eu cuido sim. Beijo

Miguel cuidou de mim, me ajudou a tomar um banho, a me vestir, eu fiquei num estado deplorável física e mentalmente, precisava me entender e reorganizar meus pensamentos.

Não deixei que ele trocasse os plantões pra ficar comigo, eu precisava ficar e absorver tudo com calma e sozinha, desses três dias tive vários momentos para reflexão, e no quarto dia eu fui trabalhar.

- Nicole como está a Tiffany?- pergunto a enfermeira do quarto andar sobre a minha paciente.
- ela está melhor graças a Deus, Lore mudou o antibiótico após o resultado de resistência, e ela apresentou grandes melhoras, PCR subiu, já está se alimentando, o dreno abdominal quase não tem débito e de quebra já está fazendo o número dois no banheiro.- ela sorri.
- isso é ótimo! Quer vê-la e dependendo dos exames dessa noite vou mandá-la pra casa - sorrio.
A manhã passa rápido, esqueço de almoçar já que fico no andar da pediatria e avalio todos os meus pacientes os que são pós cirúrgicos e os que vão entrar em cirurgia.

- temos agora uma apendicectomia- Gabriel meu outro residente fala.
- ótimo! Você tá pronto pra fazer - o encaro - vamos?
Ele sorri. Ansioso como todo residente.

A cirurgia foi rápida, e tranquila, na troca de vestimenta encontro Edu parado me observando.
- Helo..- ele me chama e eu o olho.- como você tá ?
- já tive dias melhores - falo terminando de lavar as mãos, tiro a touca balanço meu cabelo, o encaro através do espelho.
- a Brenda me contou que disse que o apartamento era meu...
- sim, você quer que eu o libere? - pergunto - posso ver outra coisa é meu casamento também tá próximo.- dou de ombros sem parecer que estou magoada.
- claro que não Helo. Eu nunca fiz questão que ela dissesse que era meu. Não quero que saia de lá. É sua casa também.
- ironia não!- digo.
- Helo- ele me encara - eu jamais iria cobrar aluguel de você e da Brenda mas esse foi o único motivo de você aceitar vir morar com ela lembra? Então mais tarde eu quero te entregar a carta de investimento que eu fiz em teu nome com a sua parte do aluguel. A vantagem de ter um pai como o meu, foi que eu aproveitei e investi em alguns imóveis.- ele da de ombros.
- entendi. Eu fico lá até o casamento daqui quatro meses, não quero ir morar com Miguel agora apesar dele ter me chamado várias vezes.- suspiro - preciso ir.
- será que podemos conversar? Sem brigas.
- olha Eduardo, eu tenho algumas coisas pra resolver, preciso busca minhas roupas que ficaram no Miguel. Vou conversar com a Brenda primeiro. Não sei se ainda temos alguma coisa pra resolver. Prometo não te atacar- ele sorri - se você não ficar insistindo.
Ele assente.
-tudo bem Helo.- ele fala-  a gente se vê em casa.
Meu Deus se ele soubesse o que essa frase me induz... para Heloísa você não pode reacender algo pelo Edu você agora e noiva e prestes a casar.

Assim que chego em casa encontro Brenda no sofá com cara de choro, ela me encara. Ficamos alguns minutos olhando uma pra outra.
Brenda e uma irmã pra mim, sou filha única de uma mãe solteira, forte e independente, é minha amiga chegou na minha vida me mostrando o que família também pode ser constituída por amigos.
Nós já fizemos tanto uma pela outra que hoje com a cabeça fria depois de refletir minha conversa com ela e com a Beck eu faria igual para protegê-la.
Levou segundos para eu encontrá-la no sofá e a abraçar.
- me perdoa, eu nunca quis que você - ela diz chorando.
- tudo bem. Eu entendo você - falo chorando.
- você é minha família Helo jamais iria te machucar - ela diz.
- eu sei Brenda, você é minha irmãzinha - digo.
Ficamos assim um infinidade de tempo, nós precisávamos disso.
Edu chegou um pouco depois e nos viu ali, meus olhos cruzaram com os dele que sorriu e sem falar nada subiu nos deixando sozinhas. Tínhamos que conversar.

- Louca saudade #Onde histórias criam vida. Descubra agora