CHAPTER XXIII: Legends Never Die | Parte II

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| E S M E |
EUA, Outubro de 1999

O SILÊNCIO FANTASMAGÓRICO DA SALA DE REUNIÕES do comitê de regência de Celeste não ajudou a amenizar a tensão esmagadora deixada pelas trágicas últimas horas

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O SILÊNCIO FANTASMAGÓRICO DA SALA DE REUNIÕES do comitê de regência de Celeste não ajudou a amenizar a tensão esmagadora deixada pelas trágicas últimas horas. Deveriam ser quatro da madrugada, se ainda estivessem na Suíça, mas por conta do fuso horário, ainda eram onze da noite. Esme e Moema deixaram a enfermaria e foram imediatamente encaminhadas para uma reunião de emergência com o comitê, o qual ainda não se encontrava completamente reunido em sua sala.

Era um cômodo amplo e sofisticado, banhado por uma atmosfera escura e iluminado unicamente pelo brilho das chamas da lareira acesa, o qual era refletido suavemente nos móveis de couro e na madeira polida das mesas e estantes. As janelas falsas, agora cobertas por densas cortinas escuras, serviam apenas para criar uma ilusão de espaço aberto, visto que a sala se encontrava no último andar subsolo. Tudo naquele cômodo esbanjava classe e elegância, a começar pelo carpete marrom e a tapeçaria em tons de vermelho e dourado, até a longa mesa de mogno escuro em formato de C, com lugar para os dezesseis regentes que a ocupariam.

A casa do coven Leona era relativamente grande, com espaço para até vinte Melius, mas se comparada à casa do coven Celeste, mais assemelhava-se à uma mera barraca de acampamento. Celeste é uma Casa Soberana, muito maior do que o Palácio de Buckinghan e com ainda mais camadas do que o Museu do Louvre, sendo habitada por aproximadamente 250 Melius. Existe ao menos uma Casa Soberana em cada país, cujas principais funções são: resgatar e acolher recém-chegados, transmitir aulas, fornecer auxílio para covens menores e, é claro, abarcar a ponte entre a Terra e as civilizações aliadas — o Transportador Interplanetário.

Haviam orquídeas em um belo vaso de aparente origem chinesa, o qual descansava sobre a mesa de centro que se encontrava entre dois sofás de couro idênticos — um deles, de costas para a mesa do comitê. O orbe contendo a alma de Charles ainda jazia nas mãos de Moema, as quais tremiam sutilmente desde que conseguiram escapar dos caçadores. Esme, sentada ao seu lado no sofá de frente para a mesa do comitê, não conseguia parar de encará-lo, martirizando-se internamente por conta de suas últimas escolhas. Pela quarta vez, tentou desviar o olhar, voltando sua atenção para as quatro outras figuras que também estavam presentes no local.

De frente à grande lareira de mármore mais à esquerda, distante dos sofás, Freya Moreau andava de um lado para o outro há tanto tempo, que o som abafado de suas botas sobre o carpete parecia ter se unido ao silêncio, tornando-o imperceptível. Os cabelos negros, presos em um rabo de cavalo bagunçado, balançavam suavemente durante sua marcha interminável. Seus lábios, vermelhos como o suéter de lã que usava, eram pressionados em uma linha fina, indicando evidente desolação. Freya era a líder e representante dos Híbridos, responsável por coordenar equipes de auxílio a covens dos Estados Unidos em situação de emergência, e uma grande amiga de Charles há mais de cinco séculos. Suas emoções estavam à flor da pele.

Melius - Cidade Dos CorvosOnde histórias criam vida. Descubra agora