Sentimentos

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Ikbal Kirimli andava de um lado para o outro pela mansão, sem saber o que a sua informação passada a Aksak tinha causado. Estava ansiosa, não queria que Yaman fosse morto, não ainda, ela tinha que conseguir que uma procuração fosse assinada para que a transferência de bens total ocorresse e para isso contava com o sucesso de sua irmã Zuhal, que estava vindo de uma longa temporada em Londres, em seduzir e se casar com Yaman.

Mas se Aksak o tivesse matado, ficariam com quase nada, apenas a pequena porcentagem que tinha na empresa, e alguns milhões que tinha desviado da fundação no qual era a presidente. Nunca fora esse seu plano, não tinha sacrificado a sua juventude, o desejo de ser amada por um homem de verdade, de ter uma família, filhos, para simplesmente ficar com as sobras. A sua ambição era ser a senhora de tudo, para isso se submeteu a se transformar em uma esposa dedicada ao irmão mais sensível, aquele que poderia ser manipulado a seu bel prazer. Ela já vinha fazendo isso a anos, trocava a medicação de Ziah para que ele tivesse total dependência dela tornando-a indispensável para aquela família.

Quando recebe a ligação de seu homem de confiança, senta-se aliviada com a noticia que Yaman estava vivo e bem, fechou os olhos e quase chegou a fazer uma prece em agradecimento. Mas seu alívio passou rápido quando foi informada que Seher havia sido baleada e que o próprio Yaman tinha cuidado dela a noite toda.  Sabia que ele seria grato por ela ter salvo sua vida, talvez isso os aproximaria mais. Ali mesmo sentada começou a planejar como eliminaria essa camponesa de vez da vida deles.

Seher

Acordo com meu telefone tocando, olho assustada tentando me localizar ainda estava na cabana de baba Arif, vejo na tela que é Selim me ligando. Tínhamos um acordo, se eu ficasse sem mandar uma mensagem por mais de 12 horas, ele entrava em ação. 

Selim: Seher, tudo bem com você? O meu cozinheiro Smith não poderá vir essa semana, será que você poderia substitui-lo? Tenho uma entrega especial e o cliente é muito exigente, precisava de sua ajuda.

Seher: Oi Selim, estou bem, apenas escorreguei e acabei machucando o braço, mas acho que no máximo em dois dias estarei recuperada e posso te ajudar no restaurante sim. Já deixe os ingredientes separados do pedido especial. Até mais.

Desligo o telefone e vejo Yaman parado na porta do quarto segurando uma bandeja com o café, mas o seu olhar estava a ponto de me perfurar:

Y: Como assim, você vai acha mesmo que está em condições de trabalhar depois de ter sido baleada. E você tem Yusuf para cuidar, quando deixei você ficar na mansão, foi para ficar perto do meu sobrinho, e não para deixa-lo sozinho enquanto você sai por aí.

Deixou a bandeja sobre a mesa e saiu batendo a porta, e eu fiquei ali parada e espantada pela sua reação. Seria preocupação comigo, com Yusuf ou seria outra coisa? Me levanto e vou até a janela, e o vejo andado para lá e para cá no jardim como um leão enjaulado. Volto a atenção para a bandeja ele tinha feito café, havia fatias de queijo, pão e um omelete. Começo o meu dejejum pensando que as idas ao restaurante de agora em diante teriam que ser frequentes. A conversa com Selim na verdade foi toda em código, quando ele citou meu sobrenome verdadeiro, indicava que a sala de operações, instalada nos fundos do restaurante, estava funcionando; a entrega especial e o cliente exigente era que tinha conseguido informações valiosas das escutas ou dos grampos que eu tinha instalado na mansão e nos telefones. 

Meus últimos dias na mansão eram assim, de dia eu passava o tempo com Yusuf, aquele lindo garoto demandava muita atenção, mas eu não podia reclamar disso, era prazeroso ficar com aquele menininho. E a noite quando todos estavam dormindo, entrava em ação instalando as escutas, câmeras e grampos pela mansão. Por duas vezes quase fui pega por Yaman, uma vez quando entrei no meio da noite em seu escritório para instalar uma escuta e ele me surpreendeu, dei a desculpa de que tinha derrubado meu celular ali mais cedo quando fui buscar Yusuf, e  uma outra vez  na cozinha, chegou a apontar uma arma para mim, achou que alguém tinha invadido a mansão. 

Tomo os medicamentos que estavam sobre a mesa, aproveito que ele está lá fora e vou até o banheiro tomar um banho. Com dificuldade retiro o que restou da minha  blusa e deixo a agua cair sobre o meu corpo, levando embora o sangue seco que havia ficado em mim. Me seco e vou me trocar, vejo que ele tomou o cuidado em me trazer uma camisa muito delicada  de botões na frente, o que facilitou me vestir. Me pego sorrindo com esse pequeno gesto, normalmente homens não se atentam a esses detalhes, mas ele sim. Paro no frente do espelho e observo o seu trabalho em meu ombro, ele realmente sabia fazer uma sutura muito bem,  não percebo ele parado na porta, nossos olhos se cruzam pelo reflexo do espelho, agora seu olhar não era de raiva, e sim de desejo. Ele vem até a minha direção e eu engulo em seco, quando menos espero ele esta com as mãos em minha blusa, olho assustada para baixo quando percebo que ele começa a abotoa-la.

Y: - vim ver se precisava de ajuda para se trocar, por causa do ombro, mas vejo que você já conseguiu sozinha. Mas me deixe eu terminar isso para você.

Foi subindo as mãos conforme ia abotoando a minha blusa, e me olhando de forma predatória, eu fiquei olhando fixamente nos seus olhos, quando tudo começou a ficar escuro. Senti ele me segurando e me sentando de volta na cama.

Y: -  você ainda está fraca, não deveria ter levantado da cama ainda, deite-se mais um pouco.

Eu só nego com a cabeça e digo que temos que ir por causa de Yusuf, mas também por que eu não estava gostando do clima que começou a rolar entre nós. Logo eu teria todas a provas que precisava para levar os verdadeiros culpados a prisão e não poderia deixar que sentimentos atrapalhassem.


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