Peçonhenta

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Seher

Encontro Zuhal no corredor, antes que ela abrisse a boca para falar alguma coisa eu a agarro pelo braço e o torço para trás das costas a imobilizando: - "se gritar vai ser pior, abra a sua boca e você vai se arrepender" a empurro para dentro do seu quarto e a prenso contra a parede. Mantendo ela de costas para mim, puxo seu cabelo para trás e falo bem próximo ao seu ouvido:

- "se aproxime de novo de Yusuf para falar as asneiras como você fez hoje, e a ultima coisa que você verá será a tampa do freezer se fechando sobre você, morrer congelada aos poucos não é nada agradável, e não pense que eu não tenho meios para isso, posso dar fim em você e ninguém nunca vai te encontrar".

A solto e aponto o dedo para ela: "está avisada! E nem pense em contar sobre a nossa conversa para alguém, ninguém ia acreditar mesmo que a 'tia camponesa lixo' como você e sua irmã se referem a mim poderia fazer algo de tão ruim, não é?" falo fazendo cara de sarcástica.

Quando estou saindo ela ainda tem a audácia de me falar: "Quem você pensa que é para me ameaçar?" diz isso já se coçando inteira.

Volto para ela, agarro seu pescoço e a pressiono de volta na parede, falando bem próximo ao seu rosto: - "melhor não tentar descobrir quem eu sou, você não vai gostar do que vai encontrar!" dou uma ultima encarada fulminante para ela e saio furiosa, sabendo que me excedi, ali dentro não era a doce Seher falando e sim a impetuosa Hanna, que poderia quebrar o pescoço daquela peçonhenta como se fosse uma vareta seca. Mas o recado tinha sido dado, ela que andasse miudinho de agora em diante.

Passo pelo quarto de Yusuf, vejo que ele ainda dorme tranquilamente, isso me alivia um pouco, não permitirei que ninguém faça mal a ele, vou para meu quarto e tranco a porta. Me deixo escorregar pela porta e sentar no chão, tentando me controlar, a minha vontade era gritar e socar o que aparecesse pela frente. No meu antigo apartamento tinha meu saco de boxe que me ajudam a aliviar o meu estresse, aqui só podia tentar controlar a minha respiração.

Pego meu telefone e ligo para Selim: - "oi, acabei de ter uma discussão com a peçonhenta menor, fique atento as escutas do quarto dela e de Ikbal, depois de hoje elas vão com certeza tentar armar para mim. Espero não ter comprometido a missão, mas perdi a cabeça, ela foi cruel com Yusuf."

Selim: - "você está bem? E Yusuf? Fique calma, nós sabíamos que não seria fácil, você não pode deixar se abalar. Vou escutar as gravações e te dou um retorno."

-"agora estamos bem, mas podemos esperar retaliação, obrigada Selim."

Desligo e vou tomar um banho, e lá embaixo do chuveiro deixo toda a minha raiva e lágrimas irem embora. Consigo me acalmar, me troco e vou para o escritório de Yaman conversar com ele sobre Yusuf, sobre passar mais tempo de qualidade com o sobrinho, acredito que depois de hoje ele estará mais aberto a ter um relacionamento mais achegado com o garoto.

Estamos sentados no sofá do seu escritório conversando sobre como podemos dividir melhor o tempo e quais atividades podemos fazer juntos com Yusuf, quando a porta do escritório se abre de repente entra Zuhal igual um furacão descabelado e de olhos esbugalhados na sala: - "Yaman!"

Zuhal

Fico ali parada, minha garganta, meu braço e meu couro cabeludo doendo pelos apertões e puxões que Seher deu. Pior, quem estava ali me ameaçando não era ela, era outra pessoa. Seu olhar, sua postura, o ódio com que falou comigo, não era a tia sonsa que andava pela casa.

Vou até minha mesinha lateral e pego os meus calmantes, me sento e tento me acalmar. Quase não consigo segurar o copo com água para tomar meus comprimidos de tanto que estou tremendo. Fico repassando todas as ameaças na minha cabeça, ela não parecia estar blefando, ela ameaçou me matar.Me deito e aguardo o calmante fazer efeito, depois que sinto o efeito do remédio me levanto determinada a falar com Yaman, ele ia ficar sabendo que a tia de Yusuf não era quem ele achava.

Saio para falar com ele, o nervoso da situação começa a me deixar ansiosa de novo que acabo entrando sem bater no escritório dele, já chamando por ele, quando eu demoro alguns segundos para perceber que ela está sentada no sofá ao lado dele.

- "Zuhal, o que você tem? Aconteceu alguma coisa?"

- "Eu... eu", começo a sentir uma coceira incontrolável no pescoço, quando Seher toda dissimulada vem até mim: "o que foi querida, você não parece bem, acho que você deveria se sentar um pouco, vou pegar um pouco de água para você", fala isso segurando o meu braço com força que eu começo sentir doer o local onde ela esta apertando.

Ela me leva até o sofá e me força a sentar sempre com um sorriso no rosto, parecendo um anjo, desse jeito seria difícil provar para Yaman o que tinha ocorrido no meu quarto antes. Ela pega o copo de água e me entrega, com um olhar carinhoso, mas eu sabia o que estava por trás daquela cara, de repente ela fala: "nossa, que frio me deu agora, até parece que alguém abriu a porta de um freezer, vocês sentiram esse vento gelado que entrou pela janela?" diz isso me olhando com cara de cínica, eu engulo a água como se estivesse engolindo uma pedra, entendi o recado, ela não estava para brincadeiras.

- "Então Zuhal, o que aconteceu? Parece que viu um fantasma de tão pálida!" Yaman me pergunta, com olhar desconfiado.

Eu olho para Seher ou seja lá quem é ela, fecho meus olhos, engulo em seco e falo: "aranha, uma aranha enorme no corredor, eu tenho pavor de aranha", falo olhado para ele esperando que acredite na minha mentira.

A cínica ainda tem a capacidade de tirar com a minha cara: "tadinha! Eu te entendo, também não gosto de animais peçonhentos, mas diferente de você eu não fujo deles, eu os matos, cansei de matar aranhas, escorpiões e até cobras onde eu morava antes com meu pai, tinha uma floresta próximo, sempre aparecia uma ou outra lá." Me fala com um sorriso no rosto.

- "Eu vou pedir para Cenger chamar a empresa de dedetização para resolver isso" fala Yaman.

- "obrigada, vou para o meu quarto agora" saio do escritório e vou direto falar com Ikbal, ela tem meios de descobrir quem é essa mulher que se diz tia de Yusuf.



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