7.0

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Azriel

Silêncio. A mente de Azriel estava em silêncio. Total silêncio.
Acabou de receber o melhor beijo de toda sua vida, um beijo dado pelo macho que está apaixonado há praticamente dois séculos.

Lucien o queria. Lucien o beijou. Azriel foi um babaca. Lucien o afastou.

Estava em colapso. O que tinha acabado de acontecer? Foi um sonho, certo? Que começou com um sonho e terminou em um pesadelo.

Sua mente já havia voltado a funcionar, mas ainda estava paralisado perto da mesa. Parado no lugar onde Lucien o deixou. Lucien que o beijou e pareceu gostar do seu toque. Lucien que o mandou ficar longe.

Seu maior sonho tinha se realizado.  Tinha acabado de beijar o feérico que vem desejando há dois séculos!

O gosto da boca de Lucien era tão doce…

Mas agora ele se sentia amargo, depois que o afastou.

A chance da sua vida foi jogada no lixo.

Lucien o queria como algo mais que uma noite e Azriel praticamente disse não.

Azriel disse não.

Azriel rejeitou Lucien, mesmo o querendo e amando há tanto tempo.

Azriel disse não.

“Fez o certo, Az. Esse macho é infame e traiçoeiro” – A voz de Rhysand soou alta, orgulhosa e com uma pontinha de desprezo ao xingar Lucien em sua mente, atrapalhando sua repetição do mesmo pensamento em que sua mente parecia ter se fixado.

Só agora Azriel percebeu que não tinha subido seus escudos desde a conversa de mais cedo .

Não. Azriel não rejeitou Lucien.
Rhysand fez com que Azriel tivesse que rejeitá-lo. Rhysand fez com que Azriel tivesse que dizer não.

Seu irmão tirou sua chance de ser feliz. Não era a primeira vez que um irmão de sangue lhe tirava algo, mas era a primeira vez que um amigo que escolheu ter ao seu lado como irmão lhe tirava algo tão importante.

Algumas horas mais cedo

Antes que o encantador de sombras pudesse finalmente soltar o gemido, que reprimiu pelo toque nas asas que ele obviamente foi capaz de sentir, toque esse que desencadeou uma corrente elétrica por seu corpo, resultando em um endurecer imediato de uma área bem sensível de seu corpo… Antes que pudesse sequer reviver esse momento em sua mente, o motivo pelo qual Azriel não tentaria se relacionar com Lucien se pronunciou.

“Vai subir até aqui ou eu vou precisar entrar no armário com você para que possamos conversar?” A voz rude de seu grão-senhor ecoou em sua mente, e Azriel se xingou imediatamente por não ter erguido suas barreiras. Rhys provavelmente viu a cena toda de camarote.

Droga! Que o caldeirão o ajude.
Mesmo podendo atravessar, ele preferiu andar devagar. Demorou em cada passo, em cada degrau ao subir as escadas, seu cérebro ainda lento pelo momento no armário. Quando chegou no escritório, não havia pensado em nada plausível para se explicar.
Abriu a porta, não encarou o rosto de seu grão-senhor. Caminhou até a cadeira e se sentou. Não demorou mais que alguns segundos para as sombras se enrolaram em seu ouvido e lhe contarem que Rhys estava furioso.

Não sabia o que esperava, decepção?
— Escolha outro – foi o que Rhysand disse. A confusão de Azriel deve ter ficado óbvia, por isso completou — Escolha qualquer outro macho. Esse não.

Azriel se sentiu envergonhado, como uma criança que é pega comendo a sobremesa antes do jantar.

— Por que não ele? — Azriel perguntou, finalmente levantando os olhos para encarar a expressão séria de seu irmão — Se ele é tão traiçoeiro como você diz, não é estratégico me manter bem perto?
Azriel não pensava que Lucien fosse traiçoeiro, não conseguia pensar nada negativo sobre ele.

As Sombras Apreciam A Luz Onde histórias criam vida. Descubra agora