5.0

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Azriel

Azriel era ótimo lidando com situações imprevistas. Batalhas inesperadas, planos que não deram certo, e até momentos em que teve de fazer tudo no improviso.

Mas algo que sempre o deixava sem reação era encontrar Lucien. Mesmo sabendo que o veria durante o jantar, não conseguiu se sentir menos surpreso - mesmo que sua expressão não demonstrasse isso - quando, como prometido, tentou ser o primeiro a chegar para o reservado jantar e quem abriu a porta foi ele. Justamente ele.

Lucien.

Lucien que sorriu pra ele e fez um comprimento com a cabeça, logo se inclinado para o lado e dando passagem para o mestre espião.

Azriel teve um momento de pânico, pois não esperava encontrar Lucien tão cedo nessa noite. O sol nem havia se posto ainda, e faltava mais de uma hora para a comemoração. E Lucien estava impecavelmente lindo. Usava uma camiseta social de mangas cinza clara, um colete laranja papoula e uma calça em um tom mais escuro de cinza, os sapatos pretos com detalhes em dourado.

As sombras, como sempre, tiveram que lembrá-lo que dessa vez não estava envolto em escuridão e Lucien podia vê-lo perfeitamente, então não podia ficar parado babando pelo feérico, se não ficaria óbvio demais.

Azriel encolheu as asas e atravessou a porta aberta. Quando passou do lado de Lucien, nem se sua vida dependesse disso ele conseguiria segurar a vontade que o arrebatou… Ele aspirou forte, porém discretamente, o cheiro que o ruivo sempre emanava. O cheiro típico do feérico Outonal tomou conta de suas narinas e ele ficou momentaneamente inebriado pela pimenta, folhas secas e tarde de verão. Isso tudo em apenas alguns segundos.

Assim que estava dentro da casa e Lucien já havia fechado a porta, o silêncio lhe pareceu insuportável. E isso era incomum, já que na maioria das vezes apreciava o silêncio e não ter que manter uma conversa sobre amenidades insignificantes. Mas Azriel era diferente em relação ao grão-feérico à sua frente, queria saber tudo sobre ele, queria ouvir aquela voz que soava tão gostosa o máximo de tempo possível. Por isso quebrou o silêncio.

— Por que chegou tão cedo?

Assim que as palavras saíram, ele se arrependeu de não ter mudado o tom para um mais brando. Agora Lucien iria achar que estava sorrateiramente o escorraçando para longe.

Se tinha pensado o que Azriel imaginou que pensou não havia demonstrado.

— Aparentemente, Feyre imaginou que eu pudesse me atrasar para o jantar, então colocou o horário duas horas mais cedo no meu convite – Lucien disse, com um tom risonho, enquanto olhava diretamente para o rosto do mestre espião.

Azriel gostava disso em Lucien, ele era uma das poucas pessoas que não evitavam um olhar cara a cara com o encantador de sombras.

— Peço perdão em nome da minha grã-senhora. Esse jantar é realmente importante para ela.

— Não precisa pedir desculpas por ela. Cheguei faz uns dez minutos e, tecnicamente falando…—Lucien fez uma pausa pra soltar um pequeno riso que o moreno não foi capaz de não admirar. Em seguida se aproximou mais e colocou a mão em volta dos lábios como se fosse contar um segredo, sussurrando — Segundo o horário do meu convite, eu cheguei cinquenta minutos atrasado. Não lembre Feyre disso, por favor.

Pela primeira em muito tempo, nem suas sombras foram capazes de esconder sua emoção, e Azriel gargalhou. Gargalhou alto e ruidosamente. Lucien ficou tão surpreso pela nova reação que tirou do mestre espião que demorou um pouco para processar o que ele estava fazendo. Quando entendeu que era uma risada - não uma que ele lançava quando não queria responder algo ou apenas por educação. Era uma risada real e muito bonita - ao invés de rir junto, preferiu apenas assistir o encantador de sombras, que aos seus olhos, parecia mais encantador do que nunca.

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