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Lucien.

Ao olhar do emissário ruivo, o grão senhor diurno, protetor dos ítens mais amaldiçoados de todas as cortes, governador pessoal da cidade Astérix no centro da diurna,  dono do poder do sol, quebrador de maldições, deturpador de esposas alheias, anfitrião de reuniões dos grandes sacerdotes, acumulador do mais vasto tesouro de conhecimento de todo o mundo e também... Seu pai, não parecia tão intimidador quanto imaginou que seria agora.

Quer dizer, Lucien conhecia Hélion e sabia que ele é gentil, interessante e bondoso mas por suas experiências ruins no quesito relacionamento paterno pressentiu pelo pior.

Passou as últimas semanas tendo de receber apoio incondicional de Azriel, seus pensamentos dos motivos pelos quais - aquele que até algumas semanas atrás achava ser- seu pai o odiava e tratava com tanto repúdio a ponto de tirar tudo de bom que conseguia encontrar em sua vida infeliz e isolada, as lembranças de cada vez que foi torturado, xingado, desprezado, ignorado, esquecido, pisoteado, cuspido e chutado por seu pai falso e seus meio irmãos passou por sua mente fazendo o reviver cada momento e sentir o mesmo que sentiu quando os viveu de verdade, a epifania do motivo pelo qual passou por tudo isso não abandonando sua mente.

Azriel o segurou e confortou a todo momento até que seus pequenos surtos e convulsões parassem e ele pudesse se acalmar e raciocinar.

Fazia tanto sentido que ele mesmo se sentiu tão tolo por não juntar as peças antes! Era o filho favorito de sua mãe e o único que o pai abominava e permitia que os irmãos zombassem. Sua mãe o tratava como se fosse de porcelana e sempre lhe perguntava sobre seus poderes e seus treinos junto dos outros! Ela não perguntava isso para os outros filhos! Sua pele bem mais escura que a de seus irmãos, e, porra, até sua música de ninar que sua mãe compôs pra si não falava de fogo nem de nada como os poderes da Outonal, Falava de Luz! Saber dos motivos pelo qual sofreu a maior parte de sua vida na corte de sua mãe, saber do porquê sua Jesminda foi morta em sua frente, doía pra caralho.

Ele foi tão mas tão ingênuo de nunca pensar na possibilidade de ser um filho bastardo, sempre pensou que apenas fosse mais fraco que seus irmãos porque eles eram mais velhos e sempre seriam mais experientes mesmo mas na verdade era porquê o sangue que corria em suas veias não era totalmente outonal.

Tinha tantas perguntas sobre si mesmo que nunca lhe ocorrera antes.

Por que não tem poderes diurnos? Será que é tão fraco que a magia do sol o achou indigno?

Hélion já sabia que Lucien é seu filho? Se sim, Porquê nunca o procurou antes? Porquê nunca o contou antes?

Seria por isso que na noite em que as irmãs de Feyre foram colocadas no caldeirão e Lucien foi amarrado conseguiu se libertar?

As conversas ternas e triviais que Hélion puxava consigo eram pra que? Formas de o analisar? O que ele pensava sobre si? Quem mais sabia?

Esses foram alguns dos pensamentos que começaram a  não deixá-lo dormir ( mesmo quando tentava se acalmar sobre o abraço quente de Az a noite) depois de saber o que agora sabe, nem se quer precisou de muito tempo antes de pedir a Az pra organizar uma reunião com o seu - verdadeiro- pai.

Tinha perguntas demais e respostas de menos. Isso o levava ao momento atual, aquele em que o silêncio desconfortável toma conta do escritório do senhor de uma corte na qual já visitou muitas vezes e se viu apaixonado pelas paisagens, moradores, comidas, comércios e cidades cada vez que vinha.

—A quanto tempo sabia que eu era- percebeu o erro e imediatamente se corrigiu— Digo, que eu sou seu filho?

—Lucien, essa é uma história longa que não pode ser resumida em respostas de perguntas.

As Sombras Apreciam A Luz Onde histórias criam vida. Descubra agora