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E toda vez, toda vez que você vai embora
É como uma faca que corta bem no meio da minha alma
o amor, o amor pode doer assim

— Only love can hurt like this; Paloma Faith

— Only love can hurt like this; Paloma Faith

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Era o dia de despedida. Hayden, William e seu exército iriam embora. Eu não sabia como me sentir. Vazia, talvez; insegura, com certeza.

Nos últimos dias, Hayden tinha feito tudo que podia para me tranquilizar. Dormia me abraçando, acordava me enchendo de beijos. Nada disso me impedia de sentir medo porque, no final do dia, sempre nos encontrávamos para discutir sobre minha regência. 

– Maya? – Penellope me chamou quando terminou meu penteado.

Forcei um sorriso e levantei da cadeira. Os soldados estavam esperando. Por dias, William e Hayden convocaram o exército. Fukae tinha nos pego de surpresa, mas WoodPine ainda era a terra da guerra. Nossos homens estavam sempre prontos. O que significava que mesmo encurralados, ainda tínhamos uma boa chance.

Caminhei pelos corredores, que estavam lotados de serventes preparando-se para a despedida do rei. Todos pareciam assustados e cansados. Hayden tinha anunciado publicamente a guerra no dia anterior, o que confundiu toda a população. O novo rei parecia ser pacífico, então por que estávamos em guerra?

– Alteza! – A voz grossa do Duque de Rivers soou – Sei que não é a hora apropriada, mas o rei gostaria que participasse da última reunião oficial com o conselho.

– Por quê?

– Eu não saberia dizer, Alteza. Meu chute é que ele está preocupado com a reação dos conselheiros. Deve querer diminuir o máximo de empecilhos que puder.

Concordei rapidamente e o segui até o salão de reuniões. Assim que entramos, os homens velhos e barbudos olharam para mim. Alguns com curiosidade, outros com desprezo.

Tudo bem, eu disse para mim mesma. Eu os mostraria do que era capaz.

Hayden se levantou e falou:

– Senhores, como sabem a princesa será minha regente. Não tenho herdeiros e nenhum parente próximo que possa reivindicar o trono em minha ausência. Sua Alteza já está a par dos assuntos pendentes. Manterei uma linha direta de comunicação com ela e odiaria saber de qualquer distúrbio. – Sua voz fria e firme fez meus pelos se arrepiarem. – Posso estar nas linhas de frente, mas ainda possuo muitos criados leais. 

Os conselheiros abaixaram a cabeça, mas eu podia ver a descrença em seus olhares. Hayden aparentemente também podia, porque logo me encarou com dúvida. Sorri abertamente para reconfortá-lo.

Eu deliberadamente me sentei na cadeira oposta a de Hayden. Se eu quisesse ter alguma influência sobre aqueles homens, precisava conquistá-la sozinha. Sentar-me ao lado do Rei passava uma mensagem de dependência.

Eles podiam ainda não saber, mas eu não dependia de ninguém além de mim mesma.

x.x.x.x

Hayden me segurou em seus braços por longos minutos. Seu calor naquela manhã fria era mais do que apreciado.

– Vamos primeiro para a fortaleza do sul. – Sussurrou no meu ouvido. – Seguiremos a leste até os encontrar a caminho do porto. 

WoodPine era estrategicamente dividido. Ao litoral de cada direção, uma fortaleza se erguia. A capital se encontrava no centro, porque seria mais fácil de se deslocar até os extremos do continente. Sem contar que qualquer linha de comunicação seria mais rápida se o mensageiro tivesse que percorrer meio caminho. Eu agradecia aos ancestrais de Hayden por serem malucos de guerra.

– Vai me mandar uma carta assim que se estabelecerem, certo?

– Deve ser rápido – ele confirmou. – Parte do exército já está no caminho. Os que residem no norte e na capital sairão hoje. Com menos gente, chegaremos em alguns dias. Na pior das hipóteses, terá notícias em uma semana.

– Na pior das hipóteses você morre. – Murmurei.

Hayden suspirou e me soltou.

– Não pode pensar assim, Maya.

Eu poderia dar cinco explicações diferentes do porquê pensava de tal forma, mas optei por assentir silenciosamente. Meu marido era um guerreiro crescido e sabia se cuidar. Provavelmente.

Ou fundo, ouvimos William gritar. Estava na hora de ir. 

– Tenho uma coisa para você – Remexi em meus bolsos até encontrar os pequenos pedaços de madeira.

Estendi a mão e deixei que Hayden pudesse ver o conjunto de peças de xadrez na minha mão. O Rei e a Rainha.

– Sei que não é nada de especial, mas não tive exatamente tempo para planejar algo grandioso. Só... queria que tivesse algo para se lembrar de mim.

O rei de verdade olhou para mim com tanto amor em seus olhos que senti meu corpo amolecer.

– Obrigado. – Ele disse enquanto pegava a Rainha. 

Antes que ele pudesse sair, segurei seu pescoço e juntei nossas testas.

– Prometa-me. Prometa-me que voltará para me devolver a Rainha. Esteja a peça quebrada ou sangrenta, traga-a para mim.

Ele colocou a mão na minha bochecha e disse:

– Eu prometo.

Então, fiquei em completo silêncio enquanto o via partir. Não estava sozinha, no entanto. Arabella apareceu ao meu lado e segurou minha mão. Pude ouvir seu choro baixinho.

Ambos subiram em seus cavalos e, pouco antes de passarem pelos portões, olharam para trás. William fez um X sobre seu coração, olhando para Bella. E Hayden... Hayden me deu o maior sorriso que podia. O sol da manhã iluminou suas costas e naquele momento ele parecia uma pintura.

– Eles vão voltar – falei em voz alta, acalmando Arabella. Talvez me assegurando também.

E foi ali que toda minha tristeza e medo se transformaram em ódio. Tão forte que eu quase podia segurá-lo com minhas mãos.

Além da promessa que Hayden tinha feito a mim, fiz uma também. Eu faria de tudo para que Fukae se arrependesse de invadir minha terra.

Eles querem guerra? Eu vou lhes dar uma.

Eles querem guerra? Eu vou lhes dar uma

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