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O tipo de sorriso que seria cruel não beijar

Atticus

Depois de uma semana desastrosa desde o meu encontro com o rei, a carta já estava pronta para ser enviada

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Depois de uma semana desastrosa desde o meu encontro com o rei, a carta já estava pronta para ser enviada. Meu único problema era o meio que eu utilizaria para despachá-la. Charlotte e Penellope eram boas confidentes, entretanto, o risco era muito alto. E seus contatos não eram exatamente muito confiáveis ou úteis.

Eu precisava de um guarda. Ou – melhor ainda – um pajem.

– Charlotte – Chamei-a, fazendo com que a mesma parasse de mexer no meu cabelo e olhasse para mim.

– Sim, madame?

Alisei meu vestido e torci minhas mãos.

– Sabe alguma coisa sobre o pajem? – Perguntei olhando para minhas joias como se não me importasse.

– O pajem...?

– O menino que anda por aí levando mensagens da nobreza. – Expliquei, revirando os olhos. Era esperado que minhas criadas fossem as melhores.

E para a minha surpresa, Charlotte riu.

– O menino que é somente um ou dois anos mais novo que a senhorita?

Senti minhas bochechas corarem um pouco, mas abanei minha mão no ar, dispensando aquele comentário.

– Estou falando sério. – Retruquei.

Charlotte suspirou e voltou a fazer um penteado em meu cabelo.

– O nome dele é Edward. Ele sempre está andando por aí, fazendo seu trabalho. Pelo que sei, sua família mora no campo e ele veio trabalhar no castelo por uma recomendação de seu tio que, provavelmente, era algum comerciante importante.

– É só isso que sabe?

Charlotte franziu o cenho e me olhou pelo espelho.

– Por que o interesse repentino?

Cerrei os olhos diante seu tom. Era curiosidade, claro, mas havia algo mais ali.

WoodPine era um reino preconceituoso e julgador. Por mais que Charlotte fosse doce e calma, ainda era praticante de uma cultura patriarcal que desvalorizava as mulheres.

– Meu interesse não é nenhum motivo para dúvidas. – Resmunguei, ríspida. – Não confunda minhas intenções.

E após a minha pequena repreensão, Charlotte terminou meu cabelo silenciosamente. Não me importei de agradecê-la ou me despedir, simplesmente me levantei e saí do quarto.

O percurso todo até os jardins resultou em uma conclusão: eu era uma pessoa horrível. Charlotte errara comigo e o meu dever era ensiná-la o correto. E eu falhara nisso.

Coração de Rainha Onde histórias criam vida. Descubra agora