"ela me aquece
e eu não consigo parar
nunca
nem mesmo
quando sei que ela está prestes a me queimar"
- Volúpia, Loud Chaos
• HAYDEN •
Eu odiava meu pai. O velho era arrogante, pretensioso e um desgraçado de merda.
Eu sabia que não era uma pessoa muito fácil de se conviver, pois diversas vezes William, Arabella e Lucille me censuravam. Eu, contudo, conhecia meus limites. Sabia que não podia extrapolar com o rei. Com meu pai.
Mas se eu fosse sincero comigo mesmo, o motivo de não responder George era porque não tinha coragem. Porque, no fundo, queria que ele me amasse por quem eu era e ficava de coração partido ao ver como era sua decepção. Porque eu não estava pronto para reconhecer que era um erro e um covarde.
Haviam muitos porquês, porém eu não os analisava, somente aceitava o fato de abaixar a cabeça e ouvir o que ele falava. Ele, no entanto, não respeitava meus limites. O desgraçado pisava na linha traçada que separava minha sanidade da loucura.
Após horas ouvindo os problemas do país e dos camponeses, chegou a hora de decidir as soluções. E George, como sempre, escolheu a pior opção: renegar aos pobres seus direitos.
Nosso país estava uma desgraça. O povo morria de fome e frio, enquanto o castelo esbanjava conforto desnecessário – mais uma aversão minha àquelas festas ridículas. Até mesmo Maya via nossa pobreza. No dia em que chegou, olhou para as ruas com tanto nojo que achei que vomitaria na carruagem. Ou no rei.
Ele me obrigava a ir às reuniões para aprender um pouco de política, o que era uma piada, já que ele cuspia na cara da justiça. Estava sendo burro por negar à população conforto. Ele sabia bem disso, mas continuava porque não seria ele quem lidaria com os futuros problemas: seria eu.
Eu teria que limpar sua sujeita.
Minha cabeça estava tão cheia de besteiras que sequer percebi para onde meus pés me levaram. O quarto de Maya.
Qualquer um acharia que eu fora até lá para cortejá-la ou qualquer coisa parecida, entretanto, a verdade era bem diferente. Não havia nada que eu pudesse fazer para ir contra o Rei, contudo, sabia que Maya, inteligente como era, entenderia minhas preocupações. Ouviria e me aconselharia.
Quando bati na porta, foi sua criada quem me recebeu.
– Alteza. – Ela arquejou, surpresa. Em seguida, fez uma reverência tão profunda que não contive uma risada debochada.
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Coração de Rainha
Historical FictionMaya Nazir tem tudo o que ela poderia querer: um irmão que a ama infinitamente, um povo que ela quer proteger e, principalmente, uma coroa. Ela tem tudo o que uma princesa merece, exceto o amor do seu próprio pai, Tavor Nazir, que fará de tudo para...