Capítulo 1 - Encanações

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PENELOPE


O teto estava com uma mancha amarelada começando na sala e terminando na cozinha, e eu não tinha ideia de como isso tinha acontecido. Suspirando pesadamente puxo uma cadeira até perto de onde a mancha começa, subo e tento me equilibrar em cima fazendo uma careta quando a cadeira range sob os meus pés.

Toco com as pontas dos dedos o teto baixo e sinto uma leve umidade, passo a unha raspando e tiro quando vejo a sujeira ficar no meu dedo. Que grande porcaria.

- O que eu disse sobre subir em coisas? – pulo um centímetro em cima da cadeira e me viro colocando a mão em cima do meu peito enquanto tento controlar a respiração

- Pai você quase me matou do coração

Daniel Warren estreita os olhos claros em minha direção e eu forço um sorriso inocente enquanto desço lentamente da cadeira.

- O que estava fazendo aí em cima? – ele pergunta e se aproxima me beijando na testa antes de olhar para cima

- Essa mancha brotou do dia para noite – eu respondo olhando para cima também – Juro que quando eu fui dormir ela não estava aí

- Deve ser alguma infiltração

- Do apartamento de cima? – eu pergunto observando-o, vejo ele levantar um ombro enquanto se vira para sentar em uma das poltronas

- Pode ser, o dono falou com você?

Me sento no chão e cruzo as pernas enquanto pego os papeis nas pastas que eu joguei displicentemente quando eu cheguei do estúdio.

- Falou assim que eu cheguei

- E?

- E ele quer o apartamento vazio até o sábado de manhã – eu respondo e meu pai arregala os olhos

- Depois de amanhã, você quer dizer? – aceno afirmando e ele suspira enquanto se inclina para frente

- Vamos pegar suas coisas e...

- Não vou para a sua casa pai – eu falo terminando o seu pensamento e localizo a planilha que eu tinha começado a fazer esta tarde enquanto Jazmine fazia uma sessão fotográfica com algumas meninas

- Não entendo o porquê de você não querer voltar – vejo seu olhar preocupado se tornar um tanto magoado – É algo que você não gosta? Ou algo que eu fiz?

- Claro que não – eu respondo e me viro para ele – Não é nada disso, amo conversar com você, mas preciso ter o meu lugar, não acha? – faço uma pausa e abano a mão – E ainda tem aquela velha fofoqueira

Daniel revira os olhos e se recosta na poltrona enquanto balança a cabeça em negativa

- A senhora Mattie gosta de ser enxerida de vez em quando, só isso

- Só isso? – eu pergunto insultada – Ela abriu a janela da sua casa fingindo que tinha pensando ver um ladrão só para ver o que estávamos fazendo. E nem vamos comentar sobre o fatídico dia que ela entrou no meu quarto

Meu pai morde o lábio inferior prendendo o riso e eu reviro os olhos suspirando. Ele começa a rir e eu abro o notebook escondendo o sorriso.

- Victor ainda se sente envergonhado? – Daniel pergunta ainda rindo e eu levanto um ombro abrindo a planilha

- Ele pediu que eu fingisse que nada tinha acontecido

- Que tédio, ele pelo menos poderia admitir que foi divertido – papai comenta e eu arqueio uma sobrancelha em sua direção. Ele dá de ombros e alonga a perna esquerda – Da próxima vez que eu o encontrar, com certeza vou comentar sobre isso

- Ele vai atravessar a rua assim que o senhor tocar no assunto – eu respondo rindo e risco na minha agenda o que já tinha feito hoje

- Como está o trabalho?

Sorrindo animada eu levanto o olhar para ele e o vejo me observando com a mesma alegria que eu tinha visto assim que comentei sobre o meu novo trabalho. Ele sorri e se inclina prestando atenção a cada novo detalhe que eu conto, até que as horas passem e eu veja um pequeno pontinho pulando em minha direção

- Olá dorminhoco – eu falo e Sherlock se enrosca em meu braço descansado sua cabeça no meu pulso – Dormiu demais hoje

Ele me olha com seus olhos brilhante e eu dou um sorriso enquanto acaricio o seu pelo macio

- Jazmine não fica com ciúmes? – meu pai pergunta e eu dou de ombros

- Eu prometi que ela é minha melhor amiga – respondo e meu pai dá risada enquanto se levanta

- Engraçadinha – me levanto esticando a coluna e vejo quando o meu pai averigua o teto antes de suspirar – Não tem mesmo como eu te convencer a vim morar comigo?

Balanço a cabeça negando e ele suspira antes de me puxar para um abraço e me apertar em torno deles com tanta força que eu dou risada e o empurro

- Está me sufocando

- Lide com isso – ele diz e me aperta uma última vez antes de me soltar – Nos vemos no domingo? No mesmo lugar?

- No mesmo lugar – eu confirmo e ele sorri antes de me beijar na testa e sair, indo embora.

Olho para Sherlock que saiu do meu braço e se deitou na poltrona em que o meu pai estava sentado e dou um sorriso em sua direção

- Que tal comermos pipoca? – eu falo e ele se levanta prestando atenção – Sabia que iria gostar da ideia.

ContradiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora