Capítulo 19 - Perdido

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AARON


Massageio a têmpora sentindo uma dor de cabeça a caminho e me inclino na cadeira do consultório. O ar do ar condicionado faz um barulho como se estivesse me castigando.

Coloco a mão sobre os olhos gemendo baixinho e me pego pensando nela pela quarta vez só na parte da tarde, já que na parte da manhã eu estava muito ocupado pensando em como eu conseguiria trabalhar com o maldito corpo doendo por ela.

Inferno

E agora tinha isso, toda vez que eu fechava os olhos, era nos lábios dela que eu pensava, era na forma como seu corpo se encaixava muito bem com o meu, era nos sons que ela fazia quando eu a tocava.

Estremeço na cadeira ficando tenso de novo e praguejo de olhos fechados

- Aaron? – abro os olhos e minha cabeça gira quando eu a levanto rapidamente e vejo Bryan na porta segurando uma pasta na mão e me olhando confuso – Você está bem?

- Estou

- Não parece – ele ressalta fechando a porta e entrando na sala silenciosa – Parece mais que você está morrendo ou algo assim

Reviro os olhos e pigarreio ajeitando os papeis dispostos na mesa a minha frente.

- Me trouxe alguma coisa? – eu pergunto por fim e ele acena me dando uma das pastas

- Precisa assinar para confirmar a compra e tudo mais

- Ok – assino enquanto passo os olhos pelo papel e devolvo ao meu irmão – Obrigada por estar fazendo isso

- Claro

Ele fica me observando e eu me encosto na cadeira de couro

- O que?

- Sei lá, você está estranho hoje – Bryan diz e dá de ombros – Tem certeza que não está morrendo?

- Se você continuar com isso, vai ter uma morte sim e vai ser a sua

- Ah deixa de ser rancoroso – ele comenta e se senta acomodado – Desembucha logo

- Não tenho nada a dizer

- Tem sim

- Não, eu não tenho – eu falo irritado e olho para cima quando minha secretária abre a porta sorrindo – Sim?

- Doutor é uma mulher chamada Penélope Warren, ela...

- Ela está aqui? – eu pergunto praticamente saltando da cadeira. Danielle me olha assustada e balança a cabeça negando

- O segurança novo do prédio da clinica comunitária está ligando para saber se ela tem permissão para entrar – Danielle explica e eu me sento de novo, recuperando o folego

- Sim, ela tem permissão. Obrigada Danielle

Ela sorri e fecha a porta. Olho para Bryan e resmungo quando vejo seu sorriso malicioso

- Nem comece a inventar – eu falo e ele mostra as palmas das mãos

- Eu não – ele diz e se levanta – Só achei que seria bom te avisar, agora que eu vi isso, que vou levar Penélope para jantar nesse fim se semana

- Porque? – eu pergunto franzindo a testa e ele levanta um ombro

- Só achei que era bom avisar, para deixar claro e tudo mais

- Não – eu falo exasperado – Estou perguntando porque você vai leva-la para jantar

- Ah sim – ele diz estalando os dedos animado – Eu já tinha combinado com ela faz algum tempo, ela vai me acompanhar a uma recepção. Vai ter comida e bebida, e eu precisava de uma companhia linda e elegante do meu lado, então a convidei

Eu o odeio

Prendo os lábios em uma linha fina e aceno fingindo que entendo sua linha de raciocínio. Mas a verdade é que eu estou queimando por dentro

- Entendi, bom jantar então – eu falo e pego os papeis olhando para baixo

- Então estamos combinados, não é? – Bryan força um pouco mais e eu me forço a olhar para cima

- Sim, claro

- Maravilha, nos vemos por aí maninho

Ele sai animado e eu me forço a ficar parado em vez de jogar um lápis ou grampeador na sua cabeça.

Jantar? Sério?

Que grande merda


.............................


Movendo meus músculos tensos entro na casa dos meus pais e vou direto para a sala de jantar. Todos já estão reunidos conversando entre si, movo minha cadeira silenciosamente e vejo o olhar da minha mãe deslizar para o meu lado

- Penélope não veio com você? – ela pergunta franzindo a testa e eu abro a boca para responder, mas é Jaz quem responde primeiro

- Ah, ela disse que hoje não podia vir

- Ela falou porquê? – meu pai pergunta e eu e permito ficar tranquilo, mesmo vendo o olhar curioso de Bryan sobre mim

- Ela só disse que tinha que resolver algumas coisas – Jaz explica também franzindo a testa – Ela não explicou muito

Mirna faz uma expressão triste e eu me xingo por ter feito isso com ela. Porque estava obvio que ela não tinha vindo por minha causa

E é exatamente por isso que eu me desculpei com ela

Porque sabia que de alguma forma eu ia acabar machucando-a. E de forma nenhuma a culpa era dela, era minha por não confiar depois de tudo que aconteceu.

Mas então porque eu sentia um aperto em meu peito como se tivesse algo atrás da desculpa dela para não vir?

ContradiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora