Capítulo 17 - Chocolate

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PENELOPE


- Espera, acho que já está bom de chocolate em pó – aviso e ele para enquanto mexe o liquido

- Acho que está pouco

- Gosto quando fica um pouco amargo, tipo chocolate amargo, sabe?

- Eu não gosto – ele diz e eu reviro os olhos

- Prometo que vai ficar bom, só continue

Ele bufa, mas continua mexendo, depois de alguns minutos, ele tira do fogo e despeja em duas canecas grandes. Salivando com o conteúdo eu pego uma barra de chocolate e marshmallows e coloco em cima do balcão

- O marshmallows eu até entendo – Aaron diz e estreita os olhos para a barra de chocolate – Mas a barra...

- Somente aprecie – eu falo e corto mínimos pedacinhos de chocolate ao leite, colocando nas duas canecas. Logo em seguida coloco os marshmallows e pego as duas canecas.

Me sento no sofá e cruzo as pernas, aquecendo os meus pés. Estendo a caneca azul para Aaron e ele sorri se aproximando.

Ele está sorrindo mais, como se quisesse me convencer de algo

E droga ele estava conseguindo

Pegando sua caneca ele se senta e eu me viro para ele, esperando sua reação. Ele toma um gole cuidadoso e franzindo a sobrancelha ele diz em toma baixo

- Isso não está mal

- Eu disse a você – eu falo e bebo um gole do meu apreciando a quentura – Sou um mestre em doces

- Não duvido – Aaron comenta e eu o observo mordendo o lábio

- Posso te fazer uma pergunta?

- Sim – ele diz meio hesitante

- Porque escolheu ser veterinário? – eu pergunto e ele pisca surpreso com minha pergunta, então explico – É que seu pai é advogado e agora prefeito, Logan é espião do FBI ou sei lá o que

- Agente especial – Aaron me corrige com a expressão meio estranha no rosto.

- Que seja – eu falo – E Bryan é advogado também. Todos eles mechem com burocracia, leis, papeis, segurança e coisas chatas do tipo. Então porque você escolheu ser veterinário?

Aaron fica alguns segundos me observando e quando meu corpo já está quente o suficiente com o seu olhar intenso ele começa a falar de novo

- Quando eu tinha 12 anos eu tinha um Sagui, sabia?

- Não, o que é um Sagui? – eu pergunto confusa e ele sorri

- É como um macaquinho, só que ele somente cresce até 10 cm – ele diz e eu dou um sorriso, ele continua – Ele era importante para mim, mas um dia ele ficou doente e não queria mais comer, meus pais o levaram para o veterinário e ele deu como caso encerrado. Mas então um senhor, outro veterinário da clinica em que fomos, pegou ele e disse que faria de tudo para ajuda-lo – Aaron faz uma pausa, com certeza se lembrando e eu me inclino em silencio – Ele não conseguiu salva-lo de toda forma, mas dali em diante eu queria ser um veterinário pelo simples fato de querer ser como aquele senhor. E não o outro que simplesmente descartou sem nem mesmo olhar outra vez

Aaron me olha e eu engulo em seco, tomo um gole da bebida praticamente esquecida e pergunto em tom baixo

- Qual era o nome dele?

- Do veterinário?

- Não, do seu Sagui

- Pingo – ele diz parecendo envergonhado e eu sorrio inclinando minha cabeça

- Muito criativo

- Ele gostava – Aaron ressalta como se querendo confirmar. Balanço a cabeça

- Claro que sim, nunca pensei o contrário

Aaron desvia o olhar e bebe um longo gole do seu chocolate quente, seguro mais apertado minha caneca quando ele se volta de novo e vejo que ele tem uma pergunta

- Minha vez

- Ok

- Porque trabalhava naquela lanchonete? – pigarreio tentando seguir uma linha reta de pensamentos

Mas é meio difícil quando tem um cara observando você como se pudesse ver sua alma

- Eu fazia faculdade fora daqui – eu começo e ele franze a testa de leve – Tinha se passado somente um semestre quando eu precisei trancar e voltar para cá. Fazendo um resumo, eu meio que precisava de um emprego, qualquer um, então ficar de garçonete na lanchonete era a melhor opção no momento

- Porque?

- Porque o que? – eu pergunto confusa e ele se inclina também

- Porque precisou voltar?

- Meu pai teve um AVC, e perdeu o movimento de um lado do corpo. Os tratamentos pediam fisioterapeutas, checkup mensais, e uma pancada de exames. E eu não queria que ele vendesse a oficina dele, então eu trabalhei e paguei – falo simplesmente e meu coração tropeça duas vezes antes de voltar ao normal quando eu vejo o olhar intenso de Aaron sobre mim – O que...?

Tomando a distância que nos separa Aaron se inclina e me beija

ContradiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora