Capítulo 15 - Confirmações

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PENELOPE


Safira é uma bolinha de animação em meus braços enquanto eu caminho em direção a oficina do meu pai. Ela corre na frente e eu apresso o passo segurando sua coleira com medo que ela fuja.

Meu pai, vulgo dono de uma oficina pequena no meio de uma rua movimentada, era solteiro, tinha cabelos escuros, olhos claros e vivia sujo de graxa. Ele também não era meu pai biológico.

A verdade é que ele era amigo da minha mãe que morava em frente ao seu apartamento, ele vivia lá enquanto eu ainda era pequena, cuidando de mim quando ela não podia, o que era quase sempre. Então quando minha mãe morreu, e a polícia junto com assistente social viu que não me tinha sobrado mais nenhum parente, me colocou sob a guarda de Daniel Warren, um mecânico que me amava mais do que qualquer coisa.

Então ele era meu pai, desde sempre.

Me aproximo da garagem e pego uma Safira corredora nos braços enquanto pulo uma poça de óleo na frente da oficina. Aceno para Luan, o ajudante do meu pai, e ele sorri enquanto aperta alguma coisa no capô do carro. Não vendo meu pai em lugar nenhum subo as poucas escadas e entro no escritório bagunçado dele.

E como eu previ ele está deitado sobre alguns papeis em uma concentração que somente ele tinha. Um copo de café descansa ao seu lado e eu entro na sala sendo recebida pelo cheiro de óleo de motor e café moído.

- Bom dia – eu falo animada e ele levanta a cabeça

- Bom dia querida – se levantando da cadeira, ele me abraça apertado e eu suspiro me sentindo mais leve dentro dos seus braços. Safira solta um ganido pedindo atenção e meu pai abaixa a cabeça surpreso – Ah, mas olha só, quem é essa menina?

Safira late animada e meu pai a pega nos braços acariciando o seu pelo fofinho

- Pai, essa é a Safira, o novo membro da nossa família – meu pai me olha surpreso e eu dou um sorriso animado e verdadeiro. Ele repara e sorri de volta

- Seja bem vinda Safira – ele diz e ela late em resposta. Ele a coloca no chão e ela sai inspecionando a sala, cheirando todos os lugares. Meu pai pega minha mão me puxando para o sofá e eu me sento com seus braços em volta de mim – Como você está?

- Estou bem e você? – pergunto e me viro para ele – Foi na consulta?

- Fui e fiz uma tonelada de exames chatos

- Que bom – eu falo – E deu tudo certo?

- Nenhum erro ou problema – Daniel responde e me observa – Você não está dormindo bem Penny

Suspiro e me encosto no sofá descansando a cabeça, meus olhos se fecham cansados

- É normal, principalmente agora que eu estou morando em um apartamento novo – ele abre a boca para questionar, mas eu o interrompo – As crises diminuíram, essa semana só tive uma crise e passou depois de alguns minutos

- Não gosto de deixar você sozinha, em um lugar estranho

- Eu vou ficar bem, tenho a Safira agora

Meu pai sorri balançando a cabeça, cutuco seu ombro e me ajeito no sofá de couro

- Vamos lá, a gente tem um café da manhã marcado – eu falo e olho ameaçadoramente para o seu copo pela metade – Mesmo que você tenha tomado café antes de mim

- Não me culpe, foi o Luan que me trouxe, e achei que seria ignorante da minha parte não aceitar

Arqueio uma sobrancelha e ele ri me puxando e me beijando na testa antes de se levantar

- Vamos lá, eu compro panquecas como desculpa – ele diz e eu em levanto animada

- Desculpado então


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Enquanto deixo as vagens cozinharem e as batatas assarem me abaixo e olho nos olhos curiosos de Safira

- Senta – eu falo movendo a mão como tinha visto Aaron fazer. Ela inclina a cabeça para o lado e eu faço de novo, ela se senta relutante e eu lhe um petisco sorrindo – Boa garota. Agora que tal tentar rolar?

Ela late parecendo indignada e eu aceno

- Verdade, você é uma lady, não deveria ficar rolando por aí

Olho no forno vendo o frango a parmegiana ficar pronto e me levanto tirando as vagens do fogo junto com as batatas já douradas e crocantes.

Cantarolo enquanto tiro um prato, mas paro quando ouço a batida hesitante do outro lado da porta.

E mesmo sem ter ideia, eu sei que é Aaron.

Somente por sua batida hesitante, como se não soubesse se batia ou se virava e ia embora. Me viro e puxo uma respiração, enquanto espero.

Se ele queria que eu atendesse, ele tinha que bater uma segunda vez, somente para confirmar para nós dois que ele realmente quer que eu atenda.

ContradiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora