Capítulo 37 - Sinais

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AARON


Coloco o casaco em cima do encosto do sofá e entro esfregando os olhos cansados enquanto vou até o escritório. Bocejando abro a porta e paro quando vejo meu pai e não minha mãe

- Boa noite – eu falo e ele levanta a cabeça piscando

- Boa noite filho – Phillip estica a coluna fazendo uma careta no processo e suspira quando vê a xicara de café já vazia – Droga, me diga que eu não me atrasei para o jantar

- Não – eu falo e entro no escritório fechando a porta – Vim aqui porque achei que a mamãe estaria

- Ela está lá em cima conversando com Penélope – ele responde e eu franzo a testa, então ele continua – Ela nos contou sobre a ansiedade

Aceno lentamente e me sento de frente para ele massageando o pescoço enquanto tento realocar meus pensamentos

- Você sabia a muito tempo? – meu pai pergunta me observando e eu balanço a cabeça negando

- Pouco tempo, e ela não contou, eu...

- Descobriu? – ele completa por mim e eu assinto. Phillip se inclina para frente e suas mãos se cruzam sobre a mesa – Penélope conversou com você, sobre o porquê?

- Sim, ontem à noite

- Então devo supor que vocês estão juntos? – ele pergunta inclinando a cabeça e eu suspiro passando a mão pelos cabelos já bagunçados

- Sim – eu falo e meu corpo relaxa como se dizer essas palavras fosse algum tipo de algo suspenso que agora não estava mais distante.

Mas próximo o bastante para eu senti-lo

- Penélope não acha isso – Phillip fala e eu levanto a cabeça rapidamente

- Ela disse isso?

- Não com essas palavras, mas toda vez que sua mãe pergunta ela simplesmente diz que não estão namorando

- Eu não perguntei – eu falo irritado me levantando – Esse é o motivo

- Na verdade creio que o motivo seja outro

Me viro encarando meu pai e ele sorri parecendo triste

- Contou a ela sobre Jaqueline? – engulo em seco e balanço a cabeça negando – Aí está sua resposta filho

- Penélope nem desconfia pai – falo e paro quando me lembro de sua pergunta, pedindo para me contar a minha história

- Acredite, ela deve saber. As mulheres sempre percebem quando guardamos algo que nos é importante

- Jaqueline não é importante – eu falo com a voz rouca – Não mais

- Se você não conta, se torna sim importante – meu pai fala – Na verdade se torna um empecilho

- Não é...

- É sim Aaron, é o diabo de uma fenda enorme entre você e Penélope – ele fala se levantando também – Pelo amor de deus filho, não vê que essa menina é importante para você? Que é importante para nós saber que você está feliz?

Fico em silêncio e apoio minha cabeça na estante respirando rápido

- Nunca é fácil contar algo que nos doí. Mas tente contar a ela e vai ver quão fácil é quando contamos as pessoas que amamos – uma pausa é feita e logo em seguida ele volta a falar – A não ser que não a ame, Penélope é bem diferente de Jaqueline

- E é exatamente por isso que eu a amo – anuncio e levanto a cabeça vendo o sorriso de meu pai crescer – Eu buscava segurança esse tempo todo

- O que você quer não é segurança, o que você quer é momentos que lhe tirem o fôlego, é sorrisos espontâneos só porque ela fez algo que é tão característico dela. O que você quer meu filho é alguém que lhe proporcione isso e que te ame na mesma medida que você

- É isso o que sentiu quando conheceu a mamãe? – eu pergunto com a voz falhando e ele sorri grandemente

- Porque acha que eu a roubei do noivo dela?

Nós rimos e a porta se abre um pouco, Penélope coloca a cabeça para dentro e sorri para nós dois

- Sem querer atrapalhar, mas Mirna está meio que pedindo a cabeça dos dois em uma bandeja e tem um pequeno problema nisso – ela comenta e eu me aproximo

- O problema é que são nossas cabeças e você ficará chateada? – eu pergunto e ela nega fazendo uma careta

- Na verdade o problema é que eu não tenho bandeja aqui

Phillip ri enquanto passa por nós e eu dou um sorriso para Penélope que pisca um olho em minha direção e sai do escritório. Franzindo a testa a puxo pela mão, ela se vira surpresa e antes que diga algo eu a beijo

Lenta e suavemente

Me afasto alguns segundos depois sorrindo e ela franze a testa batendo em meu peito com as bochechas vermelhas

- Porque vocês homens nunca entendem os sinais? – ela pergunta e eu franzo a testa confuso

- Que sinais?

Minha mãe passa pelo corredor rindo e aponta para nós dois sendo seguida de perto por meu pai

- Eu vi esse beijo Penélope – ela anuncia e sai andando, meu pai levanta um ombro e vai embora

- O que foi isso? – eu pergunto desorientado e ela suspira

- Sua mãe veio atrás de mim querendo ver como você reagiria – ela explica – Eu pisquei para você para te avisar

- Pensei que estava flertando comigo – eu tento e ela faz uma careta

- E por que diabos eu faria isso na casa dos seus pais?

- Porque queria um beijo meu? – pergunto sorrindo e ela me empurra

- Vai sonhando dr. Seymour – rosno e a empurro fechando a porta com um barulho abafado. Minha boca desce sobre a sua e minhas mãos a puxam contra o meu corpo.

Tão quente

Tão maravilhosamente acolhedora

Tão Penélope...Minha, ela era minha

Minha boca se afasta da sua e ouço sua respiração ofegante, ela olha para mim curiosa e me observa

- O que foi isso?

- Adoro quando você me chama de dr. Seymour – respondo descendo uma trilha de beijos pelo seu pescoço. Ela enfia a cabeça em meu pescoço e lambe um ponto entre minha orelha e meu pescoço me fazendo estremecer, sinto o seu sorriso e aperto sua cintura

- Se controle  – ela sussurra e me empurra se afastando – Vou me lembrar dessa dica mais tarde dr. Seymour – Penélope pisca um olho e eu dou um sorriso malicioso

- Agora, isso foi um flerte

- Talvez – ela responde e sai do escritório.

ContradiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora