Capítulo 3 - Animais e Términos

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AARON


Movo a pata do gatinho e paro quando sinto ele estremecer, subo os meus dedos tentando encontrar alguma fratura e suspiro aliviado quando não sinto nada.

- Não está quebrado – eu anuncio e recebo um sorriso alegre da dona, uma senhorinha com cabelos grisalhos que ama mais gatos do que pessoas...Ela tinha um ótimo gosto – Vou passar alguns comprimidos, e enfaixar a patinha. Terá que ficar de repouso por alguns dias

- Tudo bem, pode deixar comigo – ela fala séria e eu dou um sorriso antes de começar os procedimentos. O gatinho continua parado enquanto eu movo sua pata e alguns minutos depois eu o libero junto com sua dona preocupada.

Tiro o meu celular do bolso depois que limpo a sala e vejo algumas mensagens de Bryan me convidado para se encontrar com ele em um dos restaurantes da avenida ao lado. Coloco um sim rapidamente e me preparo para o outro paciente.

Um Golden entra saltitante e eu me abaixo para cumprimenta-lo, ele coloca sua pata em minha mão e eu dou risada

- Carinha esperto – eu comento e o dono revira os olhos enquanto oferece um petisco para o cachorro que abre a boca imediatamente

- Ele é muito ladrão, isso sim – o dono responde e eu bato em cima da mesa, o cachorro sobe com um pulo e eu olho sua plaquinha em volta do pescoço

- Tudo bem Fergus, vamos dar uma olhadinha em você


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Movo o pescoço para o lado e faço uma careta quando um estalo alto preenche a sala vazia e fria. Bocejando termino de limpar rapidamente a sala e pego minha mochila no meio do caminho deixando o jaleco pendurado em um dos ganchos.

Danielle sorri para mim e se levanta movendo um papel pequeno em minha direção

- Alguém deixou um cheque aqui, dizendo que era para a clínica comunitária – ela diz animada e eu olho para o papel sorrindo quando encontro uma soma de dinheiro boa o suficiente para que eu possa comprar alguns petiscos a mais

- Obrigada Danielle, amanhã eu tenho alguma consulta marcada pela manhã?

- Não senhor, somente pela tarde

- Tudo bem, então até amanhã de tarde

Aceno me despedindo e fecho a porta de vidro atrás de mim enquanto pego o elevador, encostando a cabeça no metal frio eu tento manter os olhos abertos. O sinal de portas se abrindo me acorda e eu saio do prédio indo até o carro.

Bryan disse que iria me encontrar no bar do restaurante, então nem me dou ao trabalho de averiguar as mesas decidindo ir direto até o bar. Bryan levanta um copo com uísque e eu me jogo na cadeira ao seu lado

- O que está aprontando? – eu pergunto e ele arqueia uma sobrancelha

- Porque acha que eu estou aprontando alguma?

- Porque você sempre está? – respondo com sarcasmo e ele revira os olhos enquanto bebe um gole, peço uma água e entorno o copo com sede antes de me apoiar na cadeira alta – Manda

- Não estou aprontando nenhuma

- Claro que está – eu falo e lanço um sorriso rápido na direção de uma mulher que esbarrou em mim. Me viro para Bryan e o pego me encarando – O que foi?

- Cara, uma mulher praticamente se jogou nos seus braços e você nem ao menos olhou duas vezes – ele diz e eu bufo bebendo mais água antes de responder

- Não estou atrás de mulheres hoje

- E alguma vez você está? – ele joga de volta

- Isso não é problema seu, fala logo de uma vez o que você quer

- Eu já disse que não quero nada – ele diz e entorna o restante do uísque deslizando o copo para o lado – Só queria lhe avisar que a papelada para o seu consultório comunitário está pronta, aquele prédio é seu agora

Um sorriso repuxa os meus lábios e eu me viro para Bryan que resmunga algo sobre eu ficar feliz com prédios e não com mulheres.

Eu o ignoro é claro

- Então posso começar as obras?

- Claro – ele responde e olha em volta do restaurante – Mamãe e papai estão querendo ajudar com o dinheiro, pediu para que falasse com eles amanhã de manhã no estúdio

- Amanhã de manhã não posso

- Então de noite – ele diz abanando a mão, seus olhos se movendo pelas mesas – Tanto faz

Estreito os olhos em sua direção e me inclino para frente

- O que diabos você está querendo olhando o restaurante?

- Só estou vendo as mesas, e as pessoas – ele diz me olhando rapidamente. Não acreditando me viro para a porta e vejo no mesmo segundo que ele a mulher de aparência elegante entrando pelas portas de vidro e procurando ao redor do salão

- Sério? – eu pergunto me voltando para um Bryan fingindo inocência

- Eu terminei com ela, só que ela quis me encontrar. Achei que seria uma boa ideia você estar presente

- Idiota – eu resmungo baixinho e ele sorri – Não vou acobertar você

- Não preciso, só quero que você fique entre nós dois

- Está com medo de apanhar? – eu pergunto ironicamente e ele faz uma careta

- Está maluco? É claro que sim

Reviro os olhos e tomo um gole de água restante

Diabo de irmãos mais novos

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