Capítulo 30 - Resgate

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AARON


- Então ele é meu? – a garotinha pergunta com os olhos brilhando enquanto segura seu coelhinho com força

- Sim – eu falo me abaixando e sorrindo – Você agora é a responsável por ele. Vai cuidar bem do nosso amigão?

Ela assente rapidamente com força e sua mãe ri apertando o ombro da filha. Acaricio o coelho dormindo pacificamente em seus braços

- Lhe dê um nome bem bonito e converse com ele sempre. Ele gosta de histórias – eu falo como um segredo e ela arregala os olhos surpresa

- Eu também gosto de histórias

- Viu? Vocês vão ser melhores amigos então

Ela sorri e cochicha algo na orelha do coelho, sua mãe acena se despedindo e eu suspiro aliviado quando vejo mais um animalzinho resgatado. Olho o relógio e percebo que se não sair agora não poderei ir até o prédio abandonado.

Tiro o jaleco e o coloco sobre a mesa quando uma voz feminina e animada soa do outro lado da sala

- Vai tirar a camisa também? – Penélope pergunta e eu me viro sorrindo vendo-a com seus cabelos soltos, camisa branca e saia acima dos joelhos de cor cinza. Deslizo o olhar por sobre suas pernas nuas e arqueio uma sobrancelha

- Porque pergunta?

- Gosto de um bom strip-tease – ela comenta e se aproxima. Enrolo meus braços em sua cintura trazendo-a para mais perto e ela circula meu pescoço com suas mãos.

Me inclino beijando-a com saudades e seu gosto tão conhecido agora, me faz gemer em antecipação. Ela sorri de encontro a minha boca e se afasta beijando meu queixo

- Se controle dr. Seymour

- Droga – resmungo e ela pisca um olho antes de se afastar olhando ao redor da sala

- Terminou por hoje?

- Sim, só tenho que passar em um prédio abandonado há quatro quarteirões daqui – respondo com uma careta e ela franze a testa

- Porque?

- Alguns vizinhos disseram que escutaram o som de algum bicho perdido lá, ele pode estar machucado – falo e ela me olha preocupada

- Posso ir também?

Pisco surpreso com sua pergunta, mas logo aceno concordando. Entrelaço minha mão com a sua e a levo até o meu carro.


........................


Alguns minutos depois estaciono em frente ao prédio e vejo Penélope fazer uma careta, dou risada e desligo o carro

- Parece cena de filme de terror – ela diz desafivelando o cinto. Olho estreitando os olhos e penso melhor

- Acho melhor você ficar aqui dentro, pode ser que tenha alguns desabrigados ou...

- Bêbados? – ela completa e eu assinto. Penélope dá de ombros e desce do carro, suspiro e vou atrás dela pegando sua mão e colocando-a atrás de mim – Você acha que pode ser um cachorro ou gato?

- Pode ser que sim – respondo em tom baixo enquanto pulo alguns destroços e me viro para ajudá-la, vejo- a com um negócio na mão e franzo a testa – O que é isso?

Penélope me olha e depois para sua mão, dando de ombro ela segue na frente enquanto me responde

- Se tiver alguém aqui que tiver querendo arranjar confusão, eu taco isso na cara dele

Vou até o seu lado e pego da sua mão, minha risada repercute pelo lugar abandonado e Penélope faz uma careta

- Meu bem, você vai atacar o intruso com um inseticida? – eu pergunto divertido e ela arranca o tubinho da minha mão

- Você tem ideia melhor?

- Na verdade sim – eu falo e vou na direção indicada – Dar meia volta e sair

- Que sem graça

- Seguro, você quis dizer né? – eu ressalto e ela revira os olhos em resposta. Um pio de dor é dado e eu sigo em direção ao som, Penélope vem atrás e eu me engasgo quando vejo o que é.

Um filhote de coruja está com a asa presa debaixo de uma pedra, acaricio ela tranquilizando-a e ela bate a outra asa tentando sair. Movo a pedra de lugar e Penélope pega do outro lado, jogamos no chão e a coruja solta outro pio. Pego-a no colo prendendo a asa e ela relaxa de encontro ao meu corpo, me volto para Penélope que sorri animada

- Salvamos mais um – sorrio também e a deixo ir na frente. Ela vai titubeando enquanto pula em alguns ferros enferrujados e quando já estamos saindo ela para subitamente me fazendo tropeçar em suas costas

- O que foi? – eu pergunto preocupado e ela sem me responder se abaixa quase tocando o chão. Olho para baixo tentando ver e pulo assustado quando Penélope grita.

Pego sua mão puxando-a para cima e olho para baixo tentando ver, ela se afasta de mim e eu a olho confuso

- Meu deus Penélope, o que foi?

- Aquilo era um... – ela diz sem completar a frase. Se abaixando ela estende a mão e hesita olhando para mim, me abaixo também sem mover muito a coruja e vejo o que ela está apontando. Suspiro aliviado e aceno

- É um filhote de porco espinho

- Sabia – ela diz e franze a testa – Como eu a pego?

- Coloque suas mãos encostadas no chão perto dela, então ela vem até você sem lhe machucar

Ela faz o que eu digo e alguns minutos depois um pequeno filhote pousa em suas mãos. Penélope sorri maravilhada e eu a ajudo a sair do prédio. Olho para o carro tentando ver alguma posição e Penélope me ajuda se sentando e batendo em seu colo

- Coloque ela aqui e eu a seguro com um braço – apoio a coruja e ela segura depois que a coruja fica quieta sem bater a asa boa. Penélope continua segurando o porco espinho e vejo quando ela se inclina – Você tem um sorriso muito bonito garotinha

Dou risada e ligo o carro

- Quem diria que Penélope Warren tem um fraco por animais – comento e ela olha para mim

- Nem por todos

- Verdade, aranhas está fora de cogitação – falo fingindo seriedade

- E cobras

- O que? – eu pergunto chocado – Cobras são fofinhas

Penélope me encara assustada e balança a cabeça negando

- Não vou mais dormir com você se você acha que cobras são fofinhas – ela comenta e eu dou risada

- Retiro o que eu disse então

- Não, nem funciona mais – ela diz brincando – Você já me assustou, eu que não durmo com um maluco das cobras

Rindo me inclino quando o semáforo fecha e roubo um beijo seu, ela se afasta rindo e eu a encho de beijos até que ela esteja ofegante e eu querendo mais.

ContradiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora