Capítulo 33 - Esquecer

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PENELOPE


- Você acha que eu vou ficar bonitinha com essa roupa? – Jaz pergunta mostrando uma camiseta larga, inclino a cabeça e aceno

- Acho que sim, a camisa não é feia

- Não parece um saco de batatas? – ela questiona de novo e eu reviro os olhos buscando outra camisa

- Se fosse um saco de batatas eu falaria

Jaz suspira e a pega por fim, paro no meio do corredor deixando que ela olhe. Jaz olha algumas roupas e para quando percebe a mim olhando para o teto da loja

- Hey, você não pode ficar parada aí

- Posso sim – eu falo e me sento no banquinho – Odeio fazer compras

- Eu também, por isso a gente vem junto, para sofremos juntas

Dou risada e continuo sentada, Jaz resmunga algo e se senta comigo

- Está bem, vamos fingir que estamos esperando alguém terminar de provar para ficarmos aqui sentadinhas um pouco – ela planeja e eu assinto me encostando. Sinto o olhar de Jaz sobre mim e arqueio uma sobrancelha

- O que?

- Nada – olho para ela desconfiada e ela sorri – Está bem, mas não fique com raiva de mim

- OK

- E também não vale mentir – ela ressalta e eu levanto um ombro voltando a olhar para o teto

- Isso eu já não prometo

- Tanto faz, vou saber se é mentira do mesmo jeito – Jaz faz uma pausa e em um segundo ela joga a pergunta como quem joga uma bomba e sai correndo – O que está acontecendo entre você e Aaron?

Fico em silêncio e abro a boca duas vezes fechando-a logo em seguida, sem saber como responder. Então opto por perguntar em cima de outra pergunta

- Porque está me perguntando isso?

- Digamos que eu juntei informações que sozinhas não são indicio de nada, mas que juntas tem um impacto bem grande na nossa humilde vida – paro chocada com o seu discurso e começo a rir

- Há quanto tempo esteve ensaiando isso?

- Foi espontâneo – ela diz pomposa – Gostou?

- Não – eu respondo rindo

- Larga de ser chata – ela diz me empurrando de leve – E não fuja da pergunta Penélope Warren

Me viro e estreito os olhos para a minha amiga dramaturga

- O que você achou que estava juntando? E por favor não fale olhares trocados ou eu vou ter que te bater – eu comento e ela sorri maliciosa

- Mas teve olhares trocados – me aproximo dela e ela se afasta – Está bem, digamos que Logan viu como Aaron está se comportando quando está perto de você e meio que Bryan me contou uma história meio estranha de como ele foi deixado de lado em um encontro que tinha marcado com você

- E ele usou a frase "ela me deixou esperando no estacionamento debaixo da chuva"? – eu pergunto e Jaz ri alto confirmando minhas suspeitas – Bryan é um fofoqueiro, e nem estava chovendo

- O que importa não é se estava chovendo é se é verdade – ela ressalta e eu reviro os olhos – E não é fofoca, ele estava desabafando comigo

- Sobre a minha vida – eu termino e é a vez dela de revirar os olhos

- Você tem que entender que quando se entra para essa família, não existe a palavra "minha", só existe a palavra "nossa"

- Eu não entrei para a família, você que entrou, eu só estou de visitas

Jaz fica em silêncio e logo em seguida sorri parecendo o gato de Alice no país das maravilhas. Volto para trás meio assustada e sussurro

- Você está me assustando sua maluca

- Sabe o que essa enrolação me diz? – ela pergunta e se inclina para frente estreitando os olhos em minha direção – Que você e Aaron estão secretamente namorando

Resmungo e me levanto ignorando ela que vêm atrás de mim rindo e pulando como uma criança que acabou de ganhar um presente. Minha cabeça começa a latejar em alguns pontos e eu olho para as palmas das minhas mãos vendo-as tremeluzir.

Mordo o lábio enquanto pigarreio e me viro para Jaz que para de rir e me olha preocupada

- Penélope? Está bem?

- Estou – eu respondo rapidamente – Só lembrei de uma coisa que eu já deveria ter feito, tudo bem se eu for agora?

- Claro – ela diz e pega na minha mão se assustando quando as sente gelada – Você não está bem Penélope, o que houve?

- Nada demais – pego minha bolsa apertando-a em mim – A gente se fala depois, prometo

Ando pela loja, jogando a blusa em algum lugar e corro o mais rápido possível pelas ruas tumultuadas. Pego o primeiro taxi que me aparece e fecho os olhos tentando controlar os tremores.

Pago o taxi quando ele me deixa em frente ao meu prédio e passo sem enxergar nada pela frente. As chaves em minhas mãos tremulam e eu caio para dentro do apartamento ofegante.

Minhas mãos tateiam em algo firme o suficiente e esbarram em algo duro, abro os olhos e pego a caixinha de música antes de correr para o banheiro. Deixo a porta aberta e giro a chave.

Por favor

Por favor

Me faz esquecer

ContradiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora