Prólogo

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TRÊS SEMANAS ATRÁS


Ele sempre parece tão triste.

Hyunjin observou o homem pálido, loira, ternamente limpando a sopa, do queixo mal barbeado de um idoso. Embora ele sorrisse, seus olhos contavam uma história diferente. Com infinita paciência, ele conseguiu fazer que o homem mais velho, comesse uma tigela inteira de sopa.

— Isso foi maravilhoso, pai. Você terminou o prato inteiro!

Antes que você perceba, você vai estar incomodando Ethel no Duck In — brincou ele.

— Nunca me importei, mocinho. Quando você vai seguir em frente com sua vida? Você não pode tomar conta de um velho homem para sempre — o homem resmungou.

— Não seja tolo, eu adoro passar o tempo com você. — Ele se levantou e foi para a cozinha. Hyunjin o ouviu colocando os pratos na máquina de lavar, e depois de alguns minutos, ele voltou carregando uma pilha de livros.

— Você quer que eu coloque seus programas?

— Isso seria bom.

Ele pegou o controle remoto e ligou a televisão. Eles ficaram em silêncio, enquanto observavam seus programas e ele estudava a partir de seus livros.

Durante um intervalo comercial, Hyunjin notou que, em algum momento, o velho tinha parado de assistir seus shows e estava observando o belo rapaz.

— Você deveria ter ido para a faculdade, conhecido um bom rapaz, e tido sua própria família por agora — ele disse calmamente.

Ele olhou para cima, uma expressão de surpresa em seu rosto.

— Eu não podia simplesmente deixá-lo cuidar de Mama sozinho. Além disso, eu ainda estou indo para a faculdade. — Ele levantou seu livro de enfermagem.

— Você vai ter minha idade antes de terminar, iniciando uma classe na idade que você está. Às vezes, eu gostaria de me apressar e me juntar a minha Lucy no céu, para que você, não fique amarrado a esta casa mais.

A jovem voou para fora do sofá e caiu de joelhos ao lado da cadeira do velho. Com lágrimas nos olhos, ele deitou a cabeça na sua perna.

— Não diga isso! Não me deixe sozinho, papai; você é tudo o que eu tenho.

O velho gentilmente passou a mão enrugada, sobre seus cachos loiros macios.

— Você é mais forte do que você pensa. Minha hora está chegando, mocinho. Quando for a hora de dizer adeus, eu quero que você sorria para mim. Quero que você seja feliz.

Ele balançou a cabeça.

— Eu não sou forte.

— Sim, você é. Você sacrificou tanto, cuidando primeiro de sua mãe e, em seguida de mim, agora, é nossa vez de libertá-lo. Depois que eu me for, venda tudo, a casa, a terra, tudo. Mantenha algumas lembranças, como as joias de sua mãe, mas venda o restante. Pegue o dinheiro, e você vai para a melhor escola de enfermagem no país, não deixe nada amarrá-lo. — O rapaz olhou para cima, com os olhos arregalados. Hyunjin viu quando ele percebeu que seu pai estava morrendo. Ele viu o momento exato do conhecimento bater nele.

— Não! — Ele pegou o telefone, e uma mão enrugada o deteve.

— Vá para a escola... viva o seu sonho. — As palavras estavam vindo mais lentamente agora.

— Papai, por favor... — ele implorou.

— Isto não é um adeus, não realmente. Sua mãe e eu estaremos cuidando de você... então você não estará sozinho. Viva cada dia em sua plenitude, assim você terá muito a nos dizer quando vermos uns aos outros novamente. — Ele sorriu e respirou fundo. — Você é a melhor coisa que já fiz na vida, mocinho. Eu estou tão orgulhoso de você. — Com uma mão trêmula, ele trouxe seu rosto perto dele e beijou sua testa. Quando ele caiu de volta contra a cadeira, Hyunjin sabia que ele tinha ido embora.

— Não! — O rapaz escondeu o rosto entre as mãos e chorou. Escuridão varreu-o embora e levou-o para uma outra cena.

O belo rapaz parecia mais pálida agora, e seus olhos cor de azul-petróleo, tinham aros vermelhos e ele olhava para a lápide.

— Eu fiz isso, Mama, papa. Eu me formei, e eu sou um enfermeiro agora. Estou de volta para casa e trabalhando no Duck In até que eu possa encontrar uma posição permanente. — Ele corou. — Eu conheci um homem bom, ele é gentil e amável, eu sei que você teria gostado dele, papai. Ele é tão fácil de estar perto, eu nunca me sinto estranho quando estou com ele. É bom finalmente ter um verdadeiro amigo. — Ele ajoelhou-se e colocou um buquê de girassóis na dupla sepultura. — Talvez seja a hora de começar a pensar em ter uma família, eu tenho trinta e seis já. Seria bom não estar mais sozinho. — Ele se levantou e deu um passo atrás. — Vou visitar mais vezes, agora que estou em casa. Por favor, mantenham-se olhando por mim. — Ele beijou-lhe os dedos e mandou beijos para cada nome.

Quando a escuridão voltou, Hyunjin lutou contra a maré puxando no negrume. Ele queria ficar com o rapaz; ele queria ter certeza de que estava bem. Quando as sombras desapareceram, seu coração começou a martelar em seu peito. Um pesadelo familiarizado começou a tomar forma.

— Não — ele sussurrou asperamente. Seu irmão mais novo Minho jazia quebrado, sem vida nos braços de um guerreiro. Hyunjin rosnou baixo. Ele conhecia esses homens; eles eram a Unidade Alfa. O sonho começou a desmoronar ao seu redor.

— Não! Por que você não me deixa ver o que acontece com ele? Eu posso pará-lo se eu souber! — Ele gritou. Mas, como todas as outras vezes que ele reviveu este pesadelo, ninguém respondia. Ele acordou com um sobressalto e sentou-se na cama. Ele olhou ao redor, o cheiro de mofo dos livros velhos o ajudou a voltar para o presente. Respirando com dificuldade, ele saiu da cama e se dirigiu ao banheiro. Ele ligou a água e lavou o rosto a esmo, sem se importar onde a água batia. Ele queria lavar a imagem do corpo sem vida de seu irmão caçula. Ele olhou para cima e olhou para si mesmo no espelho.

— Minho, por favor, esteja seguro. 

Encanto e Confusão 5 - O Guardião do Meu IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora