23. Maresia

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O mundo ia e vinha ao redor dela, um subir e descer e que era acompanhado pelo conteúdo de seu estomago que ameaçava sair a qualquer momento, o amargo na boca aumentava a ânsia, iria vomitar a qualquer momento tinha certeza, ja esteve de ressaca algumas vezes , conhecia bem os sintomas, mas aquele balançar era novo, seu corpo tremeu e a tentativa de levantar resultou e em uma dor lascilante no joelho esquerdo, estava pior do que imaginava, ficar no chão era mais seguro, tentou se convencer que estava tudo bem, mas sem saber onde era aquele chão não tinha como saber se era seguro, seu ombro doeu quando tocou a ferida  úmida o curativo havia se soltado e doía a cada movimento lembrado que estava ali,  ela não sabia dizer quanto tempo demorou pra conseguir  abrir os olhos sem querer vomitar com aquele vai e vem, mais aos poucos o mundo foi se acalmando,  estava em um navio, tinha certeza  mas não conseguia imaginar como havia ido parar ali,  estava em um quarto pequeno, mas confortável, tinha lençóis de seda e cortinas de renda na pequena janela, após uma mesinha tinha a entrada de uma sala de banho, estava na área nobre isso era certeza, as classes mais humildes  não tinham  uma casa de banho em seus aposentos. 

Mas o que estava fazendo nesse navio, quem a colocaria contra a sua vontade? 

VALERIE  sentiu o  sangue correr e esquentar suas bochechas, dessa vez  iria matar a prima, filha da mãe usou seu próprio dinheiro pra planejar seu sequestro,   o universo era um filho da puta nem deu tempo de seu pai voltar ela ja estava pagando por ter sequestrado o pai, que ódio ela sentia,  cambaleou para fora do quarto, tateando pelos corredores pra não cair, ainda estava tonta mas precisava achar ele, tinha certeza que em algum lugar estava Philipe, era claro como o dia ensolarado e quente que a prima tinha mandado os dois naquele navio.

Um casal mais velho passou por ela oferendo ajuda mas ela recusou seguindo pelas paredes de papel de parede azul escuro,  chegou ao restaurante onde poucas famílias comiam suas refeições fora de hora, não devia ser almoço nem café, cada um se servia de um prato diferente, ela seguiu  segurando nas cadeiras brancas de estofado azul escuro.

- Samantha-  mãos fortes a seguraram pela cintura e sustentou seu peso com a lateral do corpo,  os traços do rostos eram os mesmo, mas era apenas o duque, que pensamento mais sem sentido, apenas um duque, seu pai surtaria se sonhasse ela estava literalmente colada com um duque e correndo atrás de um conde, ele era lindo mas não causava uma tempestade de sentimentos nela, na verdade ele não causava nada, apenas duvida.

-O que faz aqui?  Onde é aqui?

- Melhor sentar, ele a apoiou na cadeira mais próxima  e tomou o acento do lado pra si, seu rosto estava rosado e  tinha um pequeno corte  recente nos lábios- O filho da puta do meu irmão sequestrou agente.

- Não, ele não fez isso, ela fez!

- Ele!

- Foi ela, eu mandei ela levar ele pro Brasil, é pra onde estamos indo não?- ele apenas afirmou com a cabeça.

-Super bem executado o plano foi, estamos todos aqui juntos pelo próximo mês- ele cruzou os braços sobre o peito e se recostou, seu bom humor era algo distante nesse momento- precisei de tudo de mim pra sair daquele lugar maldito, pra esquecer aquela mulher, agora to aqui indo direto pra ela, inferno.

-Medo de não ter coragem pra assumir que esta perdido- la estava ela novamente  sorrindo desdenhosamente pra ele- Desiste, você não tem nenhuma chance, ela é sua perdição, fugiu dela e agora quando esse navio atracar você vai correndo atras dela rezando pra ela te aceitar.

- Jamais, eu volto no mesmo navio que chegarei- ele levantou  o braço chamando o garçom e pedindo um whisky- te  daria metade da minha fortuna se voltasse, mas eu já não tenho uma.

- Um duque pobre? Isso sim não é algo que se ve todos os dias- foi inevitável não rir.

- Ter minha fortuna dependia do meu casamento com ela, um arranjo sórdido do meu pai- ele deu um grande gole e  seu olhar ficou perdido.

- Es o  mais covarde que conheço, prefere ficar falido ha se casar com a mulher que ama.

-Prefiro ser pobre a fazer ela infeliz- pude jurar que  os olhos dele marejaram, mas ele disfarçou em mais um gole.

- Pobre duque - suspirou ela.

- Pobre duquesa- seu olhar era quase fraternal.

- Eu não...- meu argumento se perdeu quando o vi chegar, com um terno escuro e um olho roxo, e mesmo assim ele iluminou o ambiente, seus cabelos totalmente revoltos, seu olhar foi direto para ela assim que chegou no recinto, tinha um verde intenso sob a luz das janelas abertas, ela pode ouvir o riso abafado do duque ao seu lado.

Phillipe tomou um acento ao seu lado e puxou a cadeira pra mais perto que o necessário, aquele homem não conhecia o que significava espaço pessoal, mas ela se sentiu confortável com a proximidade. 

-Vejo que acordou bem irmão- seu olhar estava no copo  ja vazio.

- Um olho roxo não foi o suficiente,  se quiser posso igualar- disse entre os dentes.

-Quando quiser estou disponível, sabe onde fica meus aposentos ? Passa la mais tarde que te dou outro  carimbo na boca- ele sorria amplamente, eram dois garotos, brigando como gato  e rato.

- Parem com isso,  já disse que foi a Valerie que armou isso tudo- ela se adiantou quando  Carlos  arrastou a cadeira pra se levantar.

- Foi esse canalha desgraçado que quer me destruir, seu rosto voltou a ficar muito vermelho.

- Se foi você mesmo me diga onde eu estava quando me levaram- ela havia recuperado  recentemente essa memoria,   estava caminhando pelo porto  com suas roupas masculinas quando uma criança lhe serviu um doce de goiaba, não tinha muitas lembranças a partir dai, so da sensação de braços fortes a segurar.

- Em casa- ele arriscou, e ela apenas negou.

-Ele já estava acordado quando eu acordei , como ?

- Ele é dono de um bar, e faz negocio que eu diria no mínimo duvidosos, certeza que não é a primeira vez que ele e drogado- um pequeno sorriso malicioso  surgiu nos seus lábios e fez seu estomago se apertar, ele tinha esse efeito nela, era como passar por uma tempestade e cair em um dia ensolarado tudo dentro dela, iria enlouquecer tinha certeza.

-Sempre gostei de garotas inteligentes- disse num sussurro.

- Uma garota inteligente não paga pelo próprio sequestro- foi inevitável não parecer irritada, havia sido enganada da mais baixa maneira, ela se fingiu de inocente pra que ela não representasse um perigo, eles a olhavam com uma grande interrogação no semblante-Ela já ia para o tal Brasil, só paguei pra ela levar você junto.

Ela não precisava admitir que queria que o duque fosse junto, ja que a prima não ia assumir, era melhor deixar so o que sua boca grande já havia dito.

O duque caiu em um ataque de riso que quase o fez cair da cadeira

- Meu irmão sabe mesmo como ser bem quisto, acho que não fez direito não-  disse entre uma risada e  uma gargalhada- quando melhorar desse ombro passa la no meu quarto.

 Ela pensou em segurar Philipe mas ele foi mais rápido, quando viu ele ja tinha se jogado em cima do irmão trocando socos,  se levantou e olhou com atenção as mulheres mais próximas darem gritinhos histéricos, enquanto eles destruíam o salão  derrubando cadeiras e mesas ao rolarem um por cima do outro na tentativa de ganhar espaço para bater um no outro.

- Pra mim  foi o suficiente - ela se afastou deixando a confusão pra trás e tentando voltar para onde veio, gostaria muito de um banho quente.

O que esconde o CondeOnde histórias criam vida. Descubra agora