12. Extravasando

27 4 0
                                    

-Fale mais baixo Serafine- ela tagarelava com as outras meninas enquanto todos faziam a primeira refeição do dia, que como de costume no Brutt era um misto de café e almoço tudo junto, na mesa grande eram servido ovos, bacon, pães, queijo  frango, vinho e frutas da época, as meninas ainda falavam do murro que Samantha deu no senhor**, ela a idolatravam serafim falava dela como quem conta uma história de ação, todos falavam dela, o beijo vinha em sua mente como um fleche repetido e chato, sempre o lembrando do seu erro estupido, como ele podia ser tão idiota, logo elas acabariam brigando e Samantha irá jogar essa carta na mesa era fato ele estaria em maus lençóis com a sua amada.
- Deixe de ser ranzinza, só por que as pernas desta não está tão aberta como as da prima- Serafine disse o olhando com seriedade.
-O que disse ? - ele se levantou de supetão suas palmas batendo forte na mesa e chaqualhando os objetos mais próximos- Não pense que tens o direito de falar de alguém, não tem se visto ultimamente ? Ela é uma dama de alta classe.
- Para mim não passa de uma puta, faz como todas nós, dorme com homens que não podem ter, a diferença e que recebemos pra isso ela não-  risos abafados saíram das garotas, e todas o olharam de olhos arregalados enquanto ele rugia para todos.
- Jamais voltem a falar da Senhorita Fleure desta maneira ou não voltará a pisar neste salão assim como  fará Serafine.
Ele se levantou e saiu chutando as coisas em seu caminho, não tinha uma direção certa mas tudo parecia menor, não conseguiria ficar ali por mais tempo, saiu  caminhando sem direção certa nas ruas da cidade há muito dispersa, ele andou pelas ruas residências evitando as avenidas movimentadas.

Sua cabeça dois de pensar em como evitar que Valerie caísse em um escândalo, e como sair da confusão do beijo.

-Senhor Vasconcelos?- uma senhora pomposa do qual ele não se recordava o nome veio em sua direção, o chamando veementemente e abanando o lencinho- se o senhor está nessa parte da cidade há essa hora a sua futura noiva já está bem eu acredito?
-Como?- a pergunta era tanto indecorosa como era estranha.
- O Dr Robs passou apressado indo atender um chamado da mansão dos Fleures, parece que  uma esfaqueou a outra, o menino não sabia dizer quem estava mal- a velha fraziu o cenho em desagrado, como se de tudo a falta de  mais informações fosse o que mais a incomodasse- mas vendo o senhor aqui creio que não tenha sido nada grave, mas me conte qual das duas deu a facada? E por que?
- Como poderei saber se não estive lá ainda?- ele já estava de mal humor, e o dia só ia ladeira abaixo, ele iria matar Samantha por machucar Valerie.
-sei que o noivado não foi anúnciado mas como já está certo que vão casar o senhor deveria está mais preocupado com...- ele não prestou mais atenção saiu deixando a velha faltando só e correu o mais rápido que pode para a direção de onde ficavam as carruagens de aluguel.

A propriedade estava uma correria de criados internos limpando e disinfetando todas as áreas da casa, uma criada passou com alguns panos sujos de sangue e o seu coração gelou em pensar que o pior poderia ter acontecido, mas o seu racional logo tomou a frente, ninguém estava chorando ou triste embora todos parececem preocupados, o mordomo devia esta ocupado pois não apareceu ele seguiu livre até a sala de jantar.
- Senhor?- uma moça magrela de olhos gentis o abordou -Veio ver a senhorita Fleure?
- Sim, o que ouve? Ela está bem?
- Esta descansando, o Doutor Robs já deu os pontos mas ela perdeu muito sangue, o senhor devia ter visto- a criada tinha os olhos marejados, e se enchiam ameaçando derramar de lágrimas- havia tanto sangue, não devia ter deixado minha senhorita sozinha, foi minha culpa agora ela está lá entre a vida e a morte por que eu não cuidei de minha senhorita.
A criada chorava e ele não se importou, correu os cômodos sem achar o certo, tropesando em  baldes de produtos de limpeza e em criados atarefados até que uma delas apontou a direção certa, o corredor que ele entrou estava mais cheio, e mais úmido pois acabará de ser limpo, havia duas portas abertas uma de frente pra outra onde criados olhavam para dentro com cara de pena .
Ele chegou perto e lá dentro em uma cama simples Valerie olhava para o nada sentada na cama, o chão ainda tava molhado e cheirava a sangue no finalzinho.
-Como você está meu bem?- ele pegou sua mão e ela puxou com rispidez, foi aí que ele se deu conta dos cabelos ruivos do senhor Francis ali na cadeira ao lado.
- Ela está em choque!- ele disse baixinho, se levantando e o puxando de leve pelo ombro para longe da garota- ela vai precisar de você, o tio está fora de si, e temo que a perda da senhorita Samantha pode destruir o homem e a Valérie.
As palavras sumiram, a informação devia está errada, Valerie jamais poderia esfaquear Samantha, ela nem conseguiria, ele havia visto a mulher derrubar um homem com um murro, como Valérie conseguiria? As lembranças de Samantha na noite anterior ficaram mais claras, ela sorrindo e bebendo, dançando, seus lábios no dele, seu corpo quente contra o dele, as formas como seu corpo se encaixava tão perfeitamente nos braços dele, era algo que ele se recusava a da atenção, cada detalhe dela era tão único e ele não conseguia acreditar no que ouvia.
-Deveria ir vê-la enquanto há tempo- "há tempo" as palavras o encheram de algo que ele não sabia explicar, era medo de não ter esse tempo, felicidade de existir tempo e esperança de ter mais tempo.
Ele foi até o outro quarto, seguido por Francis, o quarto era parecido com o outro, mas tinha lençóis brancos forrando o chão e cobrindo os móveis o Doutor Robs conversava baixinho com o mordomo e com o senhor Fleure, o homem estava péssimo, as palpebras inchadas e o rosto vermelho, seu olhar estava vidrado olhando para todos os lados e parou nele.
- O que faz aqui?- brandou, o médico pois a mão em seu ombro e pediu silêncio.
- Ela precisa descansar, essas 24 horas serão cruciais, como disse ficarei aqui para caso ela precise mas agora tudo que precisamos é esperar e cuidar da higiene geral- o homem olhou para ele com ternura e voltou ao pai- vamos sair e deixar ela descansar, verei a outra senhorita agora.
O senhor Fleure bufou e respirou fundo antes de sair pisando alto esquecendo que ele estava aí, sua raiva foi direcionada para outro lugar, seguido pelo médico e alguns criados com mais panos para trocar os do piso onde eles passaram.
Ele pousou seus olhos em Samantha que estava coberta apenas com um cobertor fino os pontos do ombro coberto por um curativo fino, mas não foi isso que o preocupou, ela estava pálida, os lábios não tinham cor, sequer parecia viva, era de mais pra ele ficar ali, não se parecia com a Samantha que ele conhecia tão cheia de opiniões e respostas afiadas.
-Fique longe dela! Ele ouviu Francis gritar, uma confusão acontecia no outro quarto,  cadeiras caiam e outros objetos, quando ele chegou o pobre homem estava jogado no chão e o médico tentava em vão argumentar com o pai enfurecido que matar a sobrinha não traria melhora a filha.
Parte dele não sabia se concordava com o médico e o pensamento o fez sentir nojo de si antes de se colocar na frente da garota assustada e o tio sanguinário.
O homem o acertou em cheio no estômago ele ficou feliz em devolver o golpe acertando o rosto dele.
Eles trocaram socos e chutes até o corredor, para os demais era loucura, mas de um jeito estranho eles tinham achado o jeito de esvairir suas energias e a raiva contida em ambos, um homem batendo em outro sem motivo nenhum era isso que os criados viam mas ali eles resolveram muitas diferenças sem palavras nenhuma, e quando ambos já não tinha forças ou lugares que não doíam o homem riu respingando sangue pela boca.
- Eu espero muito poder telo na família garoto- e o sorriso foi substituído por um choro sentido  que ele engoliu e saiu se segurando nas paredes do corredor.
-Cuide do garoto doutor todos estão convidados a pernoitar.
Ele estava visivelmente mais calmo apesar de não ter olhado pra ninguém quando falou, era apenas um comunicado que eles deveriam ficar.

O que esconde o CondeOnde histórias criam vida. Descubra agora