14. Princesa má

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Quando bebeu wisky pela primeira vez ela tinha dezeseis anos, os homens se reuniam no salão principal e as moças se recolheram no salão das damas para beber vinho fraco a qual não a deixaram experimentar, estão roubei uma garrafa de cor escura na adega e escondida atrás dos tonéis de vinho ela bebeu três doses que deixaram sua pele sensível e leve, tinha que sair dali em algum momento mas o escuro e o cheiro de poeira e madeira era tão mais agradável depois de horas sendo a dama que a sociedade impunha.
-Sabe que uma dama não bebe wisky- meu pai tinha uma voz séria mas era uma fachada, ele tinha um orgulho implícito - Não em público, mas essa é uma ótima escolha.
Ele sentou ali e juntos quase secamos a garrafa, foi um dia feliz, mas o outro dia não chegou nem perto, ela parecia ter sido atropelado.
E hoje se sentia bem pior, seus braços estavam pesados e tudo girou quando tentou se sentar.
- Ei vai com calma- seu pai a segurou pelo ombro e me ajudou a sentar_ ela sentiu uma pontada no ombro  que a fez sentir ânsia de vômito- os pontos podem se romper.
Ele tinha olheiras profundas e a pele estava sem cor, ele mais parecia um morto vivo, e mesmo assim jamais tinha visto ele com um olhar tão vivo, tinha indícios de lágrimas ali.
-Você está bem? - sua voz saiu tão baixa, mesmo não sendo sua intesão.
- Não foi ele que levou uma facada e quase morreu - logo atrás encostado na porta estava ele com seus cabelos indiciplinados e os olhos cor de terra que radiavam uma alegria imensa, parecia cansado e lindo.
Por Deus ela devia ter batido a cabeça quando caiu, só assim pra achar ele tão lindo.
Ela estava perdida.
- Agora me conte princesa, como aconteceu tal atrocidade? Como ela te esfaqueou você?- seu pai chamou sua atenção para si.
-Espera! Ela se inclinou para frente e franziu as sobrancelhas- vocês estão achando que aquela sonsa conseguiu me esfaquear de propósito, ela jamais teria conseguido se quisesse, foi um acidente, eu me virei e ela estava perto de mais a faca entrou, quando viu o sangue desmaiou, acredita nisso? Eu tinha uma faca em mim e ela que desmaiou, ela é uma piada.
- Os criados vão ficar decepcionados, cada um tem uma história mais mirabolante que a outra, sobre como vocês brigaram ate quase se matarem- ele sorriu e novamente foi difícil tirar os olhos dele.
- Por Deus, ela é inofensiva, como não vêem, Valerie só faz mal a ela mesma- era uma verdade, só não conseguia ficar perto dela por muito tempo mas não desgastava totalmente da prima.
-Não me fale esse nome, aquela garota terá que ser punida- ele não estava brincando, conhecia bem o homem que a criou, sabia bem quando a verdade estava presente.
-Não, foi culpa minha, eu não prestei atenção, ela jamais me machuria por maior que seja o ciúmes dela, e não merece ser punida por algo que não tem mérito, não vai deixar ela se covencer que realmente me esfaqueou, isso é o mesmo que deixar o cavalo crê que pode mais que o cavaleiro- o velho homem o olhou com atenção antes suspirar fundo, ele estava ponderando - Não faria isso comigo.
- Ela deve vir se desculpar.
- Ela vai- Philipe respondeu com firmeza .
- Pode busca-la Philipe, tenho certeza que meu pai gostaria de ver o pedido de desculpa, ele não vai se aguentar, conheço.
- Ela está com o noivo, deixemos isso para depois, o Dr.** deve voltar há qualquer momento da cidade, vou mandar um mensageiro pedindo que ele se apresse- o homem afagou seu cabelo e saiu apressado.
-Como ela está?
-Traumatizada de mais pra falar, e com medo de todos- ele se aproximou e ocupou a cadeira vazia ao lado da cama, ele não tinha o cheiro habitual de tabaco e bebidas caras, tinha cheiro de sabonete e colônia, como caia bem o cheiro forte do perfume masculino.
-Quanto tempo dormi?- ela perguntou sentindo o cheiro do chá de papula sob o criado mudo.
-Três longos dias- ele sorriu sem vontade- perdeu muito sangue teve febre, até disse que me amava enquanto alucinava.
-Jamais- ela se engasgou com a saliva e tossir doeu os pontos ainda não cicatrizado no ombro, ele riu enquanto ela engolia a dor sem deixar transparecer, queria muito jogar algo na cara dele e tirar aquele sorriso faceiro dali mas tudo doía e não tinha certeza se tinha forças pra isso.
-Pode não ter dito ainda.
-Prefiro outra facada.
- Posso chamar a Valérie pra você.
- Para o que? Para ela segurar uma faca e eu me jogar nela? - ela já estava sorrindo novamente, era estranho como ele conseguia alterar seu humor tão rápidamente para o bem e para o mal- Como soube?
- Me disseram que uma das senhorita Fleure havia esfaqueado a outra- ele sorria para si mesmo quando falava.
- Pensou que eu tinha matado ela! - sua voz saiu mais ressentida do que deveria.
- Pensaria diferente?
- Deixe-me adivinhar? Veio correndo no seu cavalo branco salvar sua amada Valerie - ela se forçou a rir mas algo a incomodava, talvez o fato de ser verdade, ele jamais correria até ali por ela, jamais se preocuparia com alguém além de Valerie, ele era dela e isso não ia mudar, e por que ela estava preocupada com isso, não queria ele apenas o que ele poderia proporcionar, liberdade- devo te pedir uma coisa, enquanto ainda acha que posso morrer, e não pode me negar isso.
-Não vou no cemitério ver corujas ao anoitecer, seria romântico de mais para nós dois- lá estava aquele sorriso que ela se afeicou tanto, e aquele olhar brincalhão e doce, que merda ele não estava ajudando, não podia ter sentimentos nesse pedido ou ele não aceitaria, ela já tinha treinado aquele pedido várias vezes antes e parecia tão fácil e agora sentia as palavras diretas sumirem.
-Quando se for, quero que leve algo com você, algo que eu não preciso, e que me torna indigna de um marido, não direi que foi você, eu tenho um plano para o casamento de vocês, já está quase tudo certo, Valerie tomará meu lugar no altar, já tenho quem arrume os papéis, e só perceberam na leitura dos nomes, cuidarei para que meu pai não esteja, todos vamos ter o final feliz que desejamos, você fica com ela e eu com a minha liberdade.
Ela não tinha certeza se estava respirando, ou se lembrava como, ele ficou imóvel e com uma expressão inelegível.
-Eu não entendi bem uma parte
-Qual?- perguntou de imediato.
- A primeira parte- ele estava um pouco pálido.
- Você é um homem como não entendeu- como aquela conversa estava ficando constrangedora.
-Não pode está pedindo o que eu acho que está, seria no mínimo inapropriado.
- Não há negociação sobre essa parte, eu preciso disso, quando não for mais pura poderei me esconder em uma fazenda no interior para abafar um escândalo que só ficará maior se depender de mim.
- Vamos repassar seu plano brilhante- sua voz ficou baixa em um tom áspero- quer que todos saibam que o seu noivo- ele aspas com os dedos para enfatizar- te desonrou antes do casamento com sua prima. Me diz como minha cabeça ficará no lugar depois de um escândalo desses?
-Não será algo imediato - suas bochechas queimavam e seu estômago estava apertado- Após o casamento trocado eu serei a noiva abandonada, mudo de pais e na próxima vez que tentarem me casar com outro conto a ele que não poso porque já fui de outro homem, ninguém saberá que foi você, lhe garanto, tem minha palavra.
- Acho que bateu forte com a cabeça e precisa de mais repouso, tenho certeza que não está pensando direito, eu vou te dá mais tempo pra repousar- ele se levantou num pulo e saiu antes que ela tivesse mais tempo para se explicar melhor.

O que esconde o CondeOnde histórias criam vida. Descubra agora