4.Crime & castigo

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A manhã não estava nada agradável para um duelo de espadas e muito menos de armas, o céu escuro, garroava e um dos meus acompanhantes reclamou do frio da manhã mais foi calado por um olhar sério do Senhor Dairome, meu homem mais antigo no Brutt, um homem de poucas palavras e muitas cicatrizes feias combinando com sua alma escura e manchas de mortes mais feias ainda.
O mordomo com ar de arrogância nos recebeu sem emoção, deixando-nos na sala de espera até o anfitrião chegar.
Estávamos trinta minutos adiantados e com uma pontualidade inglesa fomos deixados esperando até o horário marcado, quando o relógio badalou as dez horas ele apareceu na soleira.
- Folgo em saber que é um homem preparado para todas as ocasiões- o homem endireitou a corda do relógio de bolso antes de o colocar no bolso do colete e observar com atenção meus companheiros- mas não acredito que seja necessário a presença de tais cavalheiros na minha propriedade há essa hora, meu convite se estendia apenas ao senhor.
Senti Dairome se empetigar na cadeira desconfortável e apertando forte os punhos da poltrona.
- Bem, nesse caso creio que não haja motivo real para que a minha pessoa esteja aqui também- respondi levantando-me rapidamente.
- Pelo contrário, me acompanhe ao  escritório e conversamos mais a vontade- seu olhar era frio mesmo quando ele tentou formular um sorriso, Dairome bufou em negação mas não me impediu de seguir o homem por uma longa fileira de portas bem trabalhada por um corredor bem iluminado e decorado com papel de parede floral da moda .
O local onde adentramos era uma junção de grande biblioteca com escritório imponente, a única parede que não estava coberta com prateleiras abarrotadas de livros era a de fundo com a mesa central, onde um grande janela mostrava o jardim esverdeado nessa época do ano.
- Seja breve senhor Feure, tenho tido muita paciência com o senhor e ela já está no fim.
-Acredite quando lhe digo que não é de meu interesse está aqui com o senhor- começou acomodando-se na poltrona atrás da mesa e me indicando a cadeira há frente- Mas me vejo em uma posição bem delicada neste momento, Valerie é mais nova e já está para casar, tenho adiado esse momento por mais tempo do que o que espera a sociedade e com a chegada desse evento me obriga a tomar uma atitude quanto há minha própria filha, estava há fazê-lo no noivado de minha sobrinha quando o senhor se meteu no meu caminho.
Aquela pausa mais era uma ameaça que qualquer outra coisa.
-Mas com um olhar melhor sobre a situação vejo que o senhor foi uma oportunidade, minha filha não é uma dama fácil de lidar, temo que tenha puxado há minha pessoa quando se trata de abaixar a cabeça para outro, ela jamais o faz independente do que seja usado para persuadi-la - o homem falava com uma certa raiva contida, mas o sentimento de orgulho paterno estava estampado em seu olhar.
- E deixe-me adivinhar? O Senhor acreditas que eu possa domar a fera que o senhor criou? Receio que terá que arranjar outro trouxa.
-Não era de meu interesse mas ao encontrar uma criada pessoal de minha desviada sobrinha saindo de fininho do seu estabelecimento, há princípio pensei que a moça estava para mudar de profissão, o que mancharia a reputação da jovem Valerie, imagine ter uma criada puta o que faria com sua reputação- o homem sorriu tenebrosa mente para mim- mas ao aplicar-lhe um corretivo descobri algo muito interessante.
Eu não tinha certeza se estava respirando enquanto ouvia aquela história terrível se desenrolar, já sabendo onde ela chegaria.
- A criada não era a puta, mas minha sobrinha era. Então me diga conde o que acha que deveria fazer?
- Tenho certeza que o senhor não gostaria de saber o que eu queria que fizesse- o ódio fervilhava em minhas veias, por isso ele aceitou tão facilmente o casamento com Dierre, isso também explica a presença de *** no Brutt na noite anterior, mas de todos os problemas que me rodeavam o que aquele porco excroto poderia ter feito com Valerie de deixava mais irritado, mas demonstrar essa fraqueza não me traria vantagem alguma.
- Acreditas mesmo que me casaria com sua filha ou com sua sobrinha apenas pelo simples fato de está dormindo com uma das duas? - me forcei a sorrir pra ele com o máximo de desdém que consegui, pareceu funcionar pois ele ficou sério repentinamente.
- Deveras, ja então não se importaria se cancelar o casamento com o senhor Dierre e aceitar a proposta do barão de Greenfor?
- Seu desgraçado oportunista - levantei da cadeira jogando-a para traz ao avançar sobre ele segurando seu colarinho e acertando-lhe o rosto com um soco forte, o sangue desceu pelo nariz e o infeliz gargalhou se desvencilhando de mim e limpando o sangue que escorria.
- Achei o trouxa que necessitava- ele tentou se recompor e me olhou seriamente- não é de meu interesse entregar a filha de meu falecido irmão nas mãos de um homem de tão baixos escrúpulos como ele, mas essa descisão cabe apenas há você, case com minha filha ou eu caso Valerie com Greenfor.
- Não faria uma atrocidade dessa com ela- minha traquéia ameaçava fecha-se e sufocar minhas palavras- Greenfor é um sádico pervertido que abusa de suas criadas e suas filhas e as espancam como animais, não seria tão cruel há ponto de sacrificar Valérie dessa maneira, sabes o que ele fará com ela.
- Sei bem o que ele fará por isso neguei seu pedido, mas minha filha é a minha prioridade e se algo acontecer há mim ela fica desamparada sem o nome de um homem para ampara-la, não pense que eu gosto de ter o senhor como parte de minha família muito menos do que acontecerá a Valérie, porém o avançar do tempo me deixa sem opções.
Se estivesse em meu estado normal poderia muito bem entender o homem que tentava proteger a filha, mas aquilo custaria a felicidade de Valérie independente das opções.
- Isso não está certo- bati a mão no tinteiro jogando tinta preta no carpete cinza- Não é a atitude que eu esperava de um cavalheiro.
- É claro que é certo, e não me fale como uma dama ofendida, já estava disposto a deixar que ela se casasse com outro, agora poderá viver sobre o mesmo teto qua ela e ter acesso livre para fazer os seus bastardos.
- Ja lhe passou pela cabeça que ambas possuem sentimentos, é a sua filha! Ela não aceitará isso.
- Cômico ouvir tais palavras vindas de um homem que, tortura, rouba, explora e sabe lá Deus o que mais faz por de trás daquele antro, devia está acostumado com esse tipo de negociação, afinal de contas quem controla de tantas mulheres não terá tanta dificuldade em controlar mais uma.
- Pra mim chega dessa insanidade, essa conversa acaba aqui- não conseguia me imaginar nem mais um minuto naquele maldito escritório, aquele lugar estava me sufocando. Sai batendo os pés sem olhar para trás.

O que esconde o CondeOnde histórias criam vida. Descubra agora