3. Vinho e Perguntas

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Lena estava nervosa com a ideia de ficar ali. Ela já havia ido na casa de Kara antes, mas naquela noite era diferente. Havia alguns dias que elas mal conversavam, e saber que ela queria sua companhia fazia ela ter esperança. E esperança nem sempre era uma coisa boa, e ela sabia muito bem disso.

Kara estava sentada ao seu lado, rindo de algo que passava na televisão. Lena achava muito fofo a forma como ela ficava com uma ruguinha entre as sobrancelhas quando ria.

Kara colocou a taça de vinho vazia na mesa de centro e deitou a cabeça sobre as pernas de Lena. Isso era uma coisa que costumava ser natural entre elas. Lena sempre admirou a forma como a loira abriu um espaço em seu coração. Ela não era do tipo que deixava pessoas se aproximarem, e Kara fez isso rapidamente.

Lena aproveitou a posição para passar os dedos pelos cabelos loiros, que estavam sempre tão macios, fazendo um cafuné que ela sabia que faria a loira dormir.

— Lena, posso te fazer uma pergunta? — Kara perguntou baixo.

Lena sorriu, assentindo.

— Você achou que eu estava brava com você? — Ela virou a cabeça para a olhar, ainda deitada em seu colo.

Lena não sabia se devia falar a verdade. Era vergonhoso demais admitir que pensou que a amiga estava com raiva dela esse tempo todo.

— Sim. — Ela respondeu simplesmente.

Kara a olhou indignada.

— Lena!

— Eu não culparia você se me odiasse, Kara. Você teria toda razão em me odiar como todos fazem, eu sou uma Luthor.

Kara sentou rapidamente e a puxou para a posição que ela mesma estava segundos antes.

— Você sabe que não é como eles, Lena. Eu nunca te odiaria.

Kara começou a fazer carinho em seus cabelos como a morena estava fazendo, e Lena quase gemeu. Ela não era acostumada a receber toques ou mesmo carinho. Em sua família, demonstrações de afeto eram praticamente proibidas.

— Você não pode dizer que eu não sou como eles. Eu fui criada para ser como eles.

Kara bufou.

— Você pode ser bastante teimosa quando quer. — Ela a encarou por alguns segundos — Eu conheço você, Lena. Você é boa. Eu acredito em você.

Lena riu.

— Você sempre vê o melhor das pessoas, Kara.

Kara sorriu sabendo que daquela vez aquilo era um elogio.

— Eu nem sempre fui assim, tá. Eu já tive meus momentos de rebeldia. — Kara falou com um sorriso sapeca.

— Você fez o quê? Faltou à aula de matemática? — Lena debochou.

A loira a olhou indignada.

— Ei! Eu tive os meus momentos, ok? — Ela riu — Mas e você? Como você era na adolescência?

Lena pensou por um instante em uma boa resposta.

— Teve uma época em que eu tive alguns piercings.

— Sério? Quantos? — Kara perguntou curiosa.

Lena riu da curiosidade da loira. Se elas tivessem se conhecido naquela época elas não teriam se tornando amigas. Kara era exatamente o tipo de garota que a olhava estranho e que ela evitava.

— Sim, eu tinha 8.

Lena riu de sua cara surpresa.

— Onde? — Ela perguntou inocentemente.

I Know You ( Supercorp) Onde histórias criam vida. Descubra agora