27. Você é legal, Tia Lena.

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Tá menor do que eu gostaria, mas queria postar ainda hoje, então vai assim mesmo.
Boa leitura à todos.

Lena pediu que o almoço de todos fosse entregue em seu escritório. Kara estava sentada no chão de seu escritório brincando com Josh, e a morena estava tentando não criar expectativas sobre isso, principalmente porque ela não podia esperar isso da loira. Josh era sua responsabilidade e ela devia lidar com isso sozinha. Obviamente, uma parte de si não funcionava de forma racional e ela não conseguia prender o suspiro ao ver a loira sorrir para o menino de forma tão carinhosa. Ele, por outro lado, estava mais à vontade com as duas do que no dia anterior. Lena riu ao vê-lo abraçar o pequeno minion em seus braços junto com o leão. Ela estava começando a achar que Kara tinha mesmo um plano quando escolheu aquele filme para eles assistirem.

— Então agora Lena Luthor é mãe... — Sam falou baixo, apenas para que a morena ouvisse.

Lena travou ao ouvir a palavra. Mãe. Ela estava evitando pensar dessa forma, porque a ideia a deixava apavorada. Pensar que ela era tia de Josh passava a ideia de um compromisso diferente, menos profundo, apesar de ela saber que estaria exercendo um papel de mãe. Mas ela não se sentia pronta para isso. Lena precisava de um tempo para a ideia se fixar, e a compreensão de que ela tinha um filho chegasse à ela.

Lena não cresceu em um lar feliz. Ela não recebeu carinho, principalmente porque Lillian não era esse tipo de mãe. O pouco carinho que existia dentro de si era reservado para Lex, e mesmo isso era uma coisa doentia e fria. Lena foi obrigada a engolir o choro mais vezes do que podia contar, até aprender que não deveria chorar. Ela aprendeu que estudar era algo importante, mas Lillian a forçou a aprender vários instrumentos, várias línguas. Tudo o que poderia dizer com certeza que Lillian fez bem foi a ensinar a ser a mulher que ela era. Não com carinho, mas com dose certa de respeito. A mulher ensinou quase tudo o que Lena sabia dos segredos dos negócios. Cada detalhe, como interpretar cada expressão, como ser um tubarão no meio de tantos peixes pequenos. Apesar de tudo, Lillian sempre valorizou o papel das mulheres na sociedade, e ensinou Lena a sempre ser uma mulher temível.

Óbvio que a pequena Lena teria trocado essa única lição por um abraço, e não se orgulhava disso.

Lena não soube o que era ir ao cinema ou assistir filmes animados até um pouco depois da adolescência, quando conseguiu se livrar, ao menos um pouco, das garras de Lillian. Ela nunca ouviu uma história antes de dormir, ou sentou no chão para desenhar com giz de cera. Seu tempo livre era passado com Lex, jogando xadrez ou fazendo planos de como transformar o mundo em um lugar melhor. Os Luthor não a levavam para o parque, brincavam no quintal, ou liam para ela. Como ela poderia ser uma boa mãe se ela não sabia como era uma boa mãe?

— Tia. — Lena respondeu finalmente.

Sam a encarou com compreensão. Elas ainda estavam esperando a comida, e Kara havia lhe dado alguns minutos para conversar com a amiga.

— Você sabe que ele vai te ver como uma mãe, Lena. — Sam fala simpaticamente.

Lena assente, o medo começando a tomar conta de cada parte de si. Como ela evitaria que seus traumas não fossem espelhados em Josh? Como não projetar seus medos na criança? Ela não tinha a menor capacidade de o ajudar a superar seus problemas quando ela mesmo não o havia feito.

Como você conseguiu? — Lena soltou a pergunta em forma de sussurro.

Sam sorriu para a pergunta.

— Eu ainda acho que não consegui, Lena. — A mulher segurou sua mão tentando passar alguma segurança. — Nossos casos são totalmente diferentes. Eu estava entrando para a faculdade, engravidei e não tive nenhum apoio da minha família. Você tem Kara, Alex e eu. Nós estamos aqui para te ajudar.

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