Capítulo II

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                    (Henrique)

  Quando eu estava em casa, sozinho nos meus pensamentos, batia aquela solidão. Meu pai viajava, minha mãe estava do outro lado do país com minha irmã. Ou seja, eu estava sozinho, apenas com a companhia dos empregados.

   Aproveitei meu ócio, para fazer a coisa que mais me acalmava, e também me maltratava. Entrar no perfil do Bruninho no Instagram. Eu não o seguia, nem ele também a mim.

   — Tão perfeito —. Era tão ruim você ver uma pessoa linda como aquela, e saber que você não existe no mundo dela.

   Bruno não postava muitas fotos, apenas algumas básicas, em casa, era seguido por poucas pessoas. Suas fotos também tinham poucas curtidas. Não entendo como as pessoas conseguem ignorar um príncipe como aquele.

   Eu parecia durão, mas era muito manteiga derretida. Não podia ver outro casal se beijando que já ficava todo boiolinha. Adorava filmes românticos, adorava livros. Mas acima de tudo eu adorava sonhar no Bruninho me beijando. Aquela boquinha vermelha deveria ser suculenta.

   — Acho que só um milagre para nos unir —.

   Sem querer cometo um deslize grave, acabei apertando no ícone do seu Story, e acabei vendo.

   — Merda —. Falei, agora ficaria evidente que eu andava fuçando o seu perfil.

   — Droga Henrique, burro, burro —.

                      (Bruno)

   Lá estava eu largado no sofá, com um balde cheio de pipoca, vendo minhas séries. Aproveitei pra dar uma olhada no meu celular. Fui ver meu story, eu era tão obcecado com redes sociais, mesmo eu não tendo muitos seguidores.

  Quando abro para ver quem visualizou, tenho um susto.

   — Henrique? —. Custei acreditar, entrei no perfil, e vi que era mesmo ele. Eu sabia que era, já que eu dei algumas olhadinhas.

  — Parece que não sou só eu que ando espionando hein? —.

  Pensei em várias coisas, mas acabei achando aquilo tudo muito improvável, aquele garoto me odiava, e eu também. Mas eu tinha que admitir que ele era praticamente um deus de belo.

 

   Me lembro que um vez vi ele de cueca, e quase tive um treco. O seu corpo era definido, e até um daqueles adolescentes da Netflix. Se ele não fosse tão otário.

   — Esquece Bruno, no mínimo ele quer mostrar essa foto aos amigos dele, só pra rir de você —. Pensei. Eu era assim, criava mil realidades na minha cabeça, e destruía rapidamente.

                   (Henrique)

   Ele apagou, não entendi. Será que não queria que eu visse? Estava perdido.

   — Isso que dá se apaixonar —.

    Ainda na minha espionagem, acabei descobrindo que não era o único que o espionava. Tinha um um cara, um pouco mais novo que nós dois. Só que muito feio. Ele comentou: “Lindo Bebê”. Coitado dele se acha que tem chance com o Bruninho.

   — Mais feio e não era considerado humano —. Falei rindo. Joguei meu celular longe.

   Eu tinha que conseguir ficar perto do Bruno de qualquer jeito,  mas como? Pensei, pensei, repensei, e quase nada vinha a minha gente. Pensei em mandar flores, ou chamá-lo para ir ao cinema, mas acho que não daria muito certo. Ele teria de ser conquistado, e era um pouco difícil já que eu agia como um imbecil.

   — Já sei —. Exclamei, quando finalmente tenho uma idéia. Peguei meu celular rapidamente, liguei para o professor de Biologia. Ele tinha avisado que teria trabalho na semana passada. E como sempre em dupla, mas sempre o Bruninho ia com o Brian. Então pensei em pedir um favorzinho ao professor.

   — Henrique? —. Ele pergunta ao entender.

   — Professor, posso te pedir um favor? É vida ou morte —.

   — Claro, pode pedir se eu poder fazer —. Nos dávamos bem, na verdade éramos amigos, ele já tinha namorado a trouxa da minha irmã, e nas vezes que veio aqui em casa se tornamos amigos.

   — O senhor sabe que minha nota na sua matéria não é boa? Não sabe? —.

   — Hum, sei —.

   — Então, eu queria pedir que o senhor dessa vez fizesse que eu me juntasse com o Bruno. Ele tem as melhores notas da sala, mas sempre vai com o Brian —.

   — Eu pensei que você ia pedir pra eu aumentar sua nota — Ele parecia rir ao telefone — Não tem problema nenhum, acho inclusive uma bos ideia, vou formar as duplas amanhã pode deixar —.

   — Obrigado professor —. Desligo o telefone, e rio feito um bobo pensando que eu teria uma chance e foi tão fácil. Só espero dar tudo certo. Eu começo a maquinar um plano completo.na minha cabeça. Só espero que ele não pense que o que eu sinto é obsessão.

   — Você é um gênio Henrique —. Falo comigo mesmo.

                      (Bruno)

   — Turma — O professor se levanta — Como disse na última aula, vocês farão um trabalho, não é nada fácil. Mas espero dedicação. Será em dupla —.

   Levantei peguei minha mesa, e já ia pondo ao lado do Brian mas o professor me interrompe.

  — Calma Bruno, dessa vez eu vou formar as duplas —.

   — Professor isso não é justo —. Protesto, eu sempre fazia dupla com o Brian. Era muita sacanagem.

   — Na verdade é bem justo Bruno —.

   Me sentei irritado. Brian falou pra eu me acalmar, disse que estava tudo bem.

   — Você vai com você —. Ele começou a separar as duplas. E sempre se ouvia reclamações.

  — Brian você vai com a Sabrina —. Pelo menos o Brian tinha se dado bem. Ele tinha uma quedinha por ela.

   — Ninguém merece —. Ela soltou. Achei aquele desnecessário, Brian era até bonitinho, e fofo.

  — Bruno você vai com o Henrique —. Nesse momento meu mundo caiu. Olhei para o professor em choque. Olhei também para o Henrique. Ele me olhava tão surpreso quanto eu.

   — Não posso ir sozinho? —. Perguntei, eu não estava afim de aturar ele.

   — Não senhor, todo mundo vai em dupla, já pode levar sua cadeira até lá —.

   Não podia ficar pior, troquei de lugar com um cara, e sentei ao lado do Henrique. Ele me olhava com aquele seu sorrisinho cínico.

   — Rindo de quê? —.

   — De nada —. Falou.

                           •••

    — Olha só Henrique, só espero que você não se atrase, na minha casa às 13:00 —.

   — Não te como ser na minha casa? É que eu não me sinto bem na casa dos outros, além do mais lá em casa tem uma área boa pra fazer isso —. Ele explica. Henrique estava estranhamente educado, sem toda aquela futilidade de sempre.

   — Eu não sei onde é sua casa —.

   — Não tem problema, eu te mando o endereço —.

   O trabalho em si, era fazer um cartaz e uma apresentação sobre o sistema nervoso, não muita difícil, talvez para o Henrique já que é burro.

  CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.
  

  

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